Meta quer que IA crie perfis e interaja com pessoas no Facebook e Instagram

Executivo diz que personas de inteligência artificial são a aposta da empresa para aumentar engajamento e interatividade de apps

Giovanni Santa Rosa
• Atualizado ontem às 19:48
Resumo
  • A Meta planeja criar “personagens” de IA com perfis completos e capacidade de gerar conteúdo em redes como Facebook e Instagram para aumentar engajamento.
  • Segundo o vice-presidente Connor Hayes, a Meta priorizará interações sociais com IA nos próximos dois anos, com foco em entretenimento e engajamento.
  • A inclusão de IAs interativas pode gerar problemas, como evidenciado por casos envolvendo conteúdo inadequado em plataformas como Character.AI.

A Meta quer que suas redes tenham “personagens” de inteligência artificial, que têm perfis completos e geram conteúdos mesmo sem ser humanos. Para a empresa, esta seria uma forma de aumentar o engajamento em plataformas como Facebook e Instagram.

“Esperamos que estas IAs, com o tempo, passem a existir nas nossas plataformas, da mesma maneira que as contas existem”, disse Connor Hayes, vice-presidente de produto de IA generativa da Meta, ao jornal Financial Times. “Eles terão biografias, fotos de perfil e serão capazes de gerar e compartilhar conteúdo na plataforma, usando IA… acreditamos que este é o caminho”, acrescentou.

O executivo explica que a prioridade da Meta nos próximos dois anos é deixar seus aplicativos mais atraentes, no sentido de entretenimento e engajamento. Para isso, a empresa quer tornar mais sociais as interações com a IA.

Atualmente, nos Estados Unidos, a gigante das redes sociais já oferece um recurso para criar personagens usando inteligência artificial. Segundo Hayes, centenas de milhares de personas já foram criadas com a ferramenta. No entanto, a maioria dos usuários mantém estes “robôs” fechados.

Capturas de tela do canal de Mark Zuckerberg no Instagram. São duas imagens: na primeira, mostra um diálogo com Don Allen Stevenson III sugerindo jogos para o Quest 3; na segunda, mostra um chat com o perfil de memes Wasted, que responde o pedido de piadas ruins.
IA responde seguidores de influencers de forma automática (Imagem: Reprodução/Instagram)

Interações com IA podem gerar problemas

Pensar em IAs como usuários independentes não é uma ideia inédita. O CEO do Zoom, Eric Yuan, já declarou acreditar que, no futuro, cada pessoa terá várias IAs baseadas nela mesma, podendo enviá-las para reuniões com as IAs de outras pessoas.

Colocar estes robôs na internet para interagir com usuários pode criar problemas, no entanto. Nos EUA, duas famílias estão processando a Character.AI, acusando as IAs hospedadas no site da empresa de terem exposto crianças a conteúdo sexual e violento. Um dos bots teria dito, inclusive, que era “ok” a criança assassinar seus próprios pais.

A Character.AI permite que usuários criem e publiquem chatbots baseados em personas, que podem ser tanto personagens famosos da ficção (como Edward Cullen, de Crepúsculo) ou genéricos. A CNN encontrou um robô chamado “padrasto”, que trazia a descrição “agressivo, abusivo, ex-militar, chefe da máfia”.

Com informações: Financial Times

Relacionados

Escrito por

Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.