Microsoft quebra botão do Chrome para configurar navegador padrão

No Windows para clientes corporativos, página para trocar apps padrão abria toda vez que o navegador do Google era iniciado

Giovanni Santa Rosa
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Google Chrome (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Google Chrome (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Se você tem um computador com Windows, já notou que a Microsoft quer muito que você use o Edge, navegador desenvolvido pela própria empresa. Só que isso pode estar passando um pouco do ponto: uma atualização do sistema operacional atrapalhou a vida de quem usa o Google Chrome, seu principal concorrente.

Uma investigação do Gizmodo mostrou que a atualização KB5025221 do Windows 10, liberada em abril, trouxe um comportamento estranho para sistemas corporativos. O mesmo acontecia com as compilações KB5026039, do Windows 11 22H2, e KB5025224, do Windows 11 21H2.

O Windows passou a abrir a página de aplicativos padrão toda vez que o usuário executa o Chrome. Isso só acontece, porém, se o navegador do Google está configurado com o padrão.

Curiosamente, o problema só acontece com o Chrome — no Firefox, por exemplo, a janela de aplicativo padrão não aparece. Outro ponto interessante é que, para contornar o problema, basta renomear o Chrome.

Ou seja: parece que o comportamento estranho do Windows é realmente direcionado ao navegador do Google.

Para usuários domésticos, a questão é menos grave. O Chrome tem um botão para que o usuário o escolha como navegador padrão. Ele parou de funcionar com este update do Windows.

Novamente, é só com o Chrome — o botão de navegador padrão do Firefox continua funcionando normalmente.

O Gizmodo procurou a Microsoft. A empresa não respondeu às perguntas enviadas, apenas enviou um link para o post em que explica as novas políticas para fixar apps na barra de tarefas e mudar programas padrão.

Ironicamente, o anúncio prometia facilitar a vida de desenvolvedores, com um novo esquema para direcionar os usuários para a página certa das configurações.

O Google confirmou o problema à reportagem, mas se recusou a fazer comentários adicionais. A empresa removeu o botão que permitia definir o Chrome como navegador padrão, e isso resolveu o defeito.

Também em abril, um problema nas ferramentas de segurança do Windows fez navegadores como Chrome e Firefox terem dificuldades de navegação e acusarem lentidão no DNS. O Edge, por outro lado, funcionava normalmente.

Microsoft já tentou combater Chrome e empurrar Edge de várias formas

Não é a primeira que a Microsoft parece forçar a barra para que os usuários adotem o Edge. A lista de políticas para promover seu próprio navegador, aliás, é bem longa.

Nos primeiros previews do Windows 11, se o usuário quisesse usar outro navegador como padrão, era preciso mudar todas as extensões de arquivo e protocolos associados.

A lista era longa, com HTM, HTML, PDF, SVG, WEBP, HTTP e HTTPS, entre muitos outros.

Felizmente, após muitas críticas, a Microsoft recuou. Agora, dá para configurar um programa como padrão no Windows 11 com um só clique.

Mas não é só isso. Ao buscar o Chrome no Windows 10, os resultados incluíam o Edge como app recomendado. Neste caso, a questão não era tão direcionada ao produto do Google: buscas como “opera”, “firefox”, “safari” e “internet” mostravam o navegador da Microsoft.

O Windows 10 também exibia um pop-up quando o usuário tentava baixar o Chrome ou o Firefox, dizendo que o computador já tinha o Edge, que era um navegador mais seguro e mais rápido.

Por fim, em uma versão preview do Edge, a Microsoft injetou uma propaganda do navegador na página de download do Chrome.

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Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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