Netflix cresce menos que o esperado e ações despencam
Netflix adicionou 5,15 milhões de assinantes em três meses, abaixo da previsão que ela mesma divulgou
Netflix adicionou 5,15 milhões de assinantes em três meses, abaixo da previsão que ela mesma divulgou
A Netflix vem aumentando sua base de assinantes em um ritmo acelerado, e precisa que isso continue. Ela esperava adicionar 6,2 milhões de clientes no segundo trimestre, porém o número real ficou abaixo disso — e suas ações caíram 15%.
Em três meses, a Netflix adicionou 5,15 milhões de assinantes, abaixo das previsões que ela mesma divulgou. O CEO Reed Hastings diz que o crescimento foi “forte, mas não estelar”.
Na divulgação de resultados, a empresa não comentou seus planos de adicionar um plano Ultra mais caro. Essa pode ser uma estratégia para compensar um crescimento mais fraco de sua base de usuários.
Este ano, a Netflix se tornou a companhia de mídia mais valiosa do planeta. Ela ultrapassou o valor de mercado da Disney e também da Comcast, maior operadora de TV a cabo no mundo. Suas ações dobraram de preço em poucos meses.
Isso é motivado pelo potencial de crescimento futuro. Os investidores apostam que a empresa continuará adicionando dezenas de milhões de assinantes ao redor do mundo. Quando surge um possível obstáculo nesse plano — como um trimestre fraco — isso pode ser um problema.
Hastings diz: “nossos fundamentos nunca estiveram tão fortes. O número de horas assistidas está atingindo recordes se comparado ao ano anterior”. Mas, para o terceiro trimestre, ele espera atrair 5 milhões de clientes — ritmo mais lento que no mesmo período do ano passado.
O que está acontecendo? A Bloomberg nota que, nos últimos meses, a Netflix adicionou menos conteúdo original de sucesso. Não tivemos uma nova temporada de Stranger Things ou House of Cards, por exemplo, e nenhum título do catálogo se tornou um fenômeno recentemente.
A Netflix terá 700 séries e filmes originais em seu catálogo em 2018. Só este ano, ela vai investir US$ 8 bilhões produzindo novos títulos.
Há quem critique a qualidade das séries originais, mas a Netflix superou a HBO em indicações ao Emmy pela primeira vez — o canal pago esteve em primeiro lugar nos últimos 17 anos. O destaque fica para The Crown, Godless, Ozark, Stranger Things e Glow.
A despesa com marketing para atrair novos clientes também está crescendo: a empresa gastou US$ 1 bilhão no primeiro semestre, contra US$ 546 milhões no mesmo período do ano passado.
Sim, a concorrência está ficando mais acirrada. Além do Amazon Prime Video, temos a Disney, que planeja um serviço de streaming com conteúdo da Marvel, Lucasfilm e Pixar até o final de 2019. E ela está muito próxima de adquirir a Fox.
Ted Sarandos, diretor de conteúdo da Netflix, diz que não está preocupado porque “existe espaço para vários serviços”. Além disso, a porcentagem de horas assistidas para conteúdo da Disney e Fox “vem caindo nos últimos anos” em seu catálogo.
A Netflix tem 130 milhões de assinantes no mundo. Sua receita no segundo trimestre foi de US$ 3,91 bilhões; pela primeira vez, o faturamento vindo de fora dos EUA foi maior que dentro do país. O lucro líquido foi de US$ 384 milhões.
Com informações: Netflix, Bloomberg, Wall Street Journal.