Projeto de lei quer combater “efeito bolha” do Instagram, YouTube e mais

Redes sociais devem oferecer outras opções de algoritmo que não sejam baseadas em dados pessoais, segundo projeto de lei do Congresso dos EUA

Pedro Knoth
• Atualizado há 3 anos

Um projeto de lei protocolado por congressistas dos EUA quer exigir que redes como Facebook, Instagram, YouTube e Twitter permitam aos usuários escolher outra forma de organizar o feed que não seja baseada nos algoritmos. A proposta conta com apoio de democratas e republicanos, e quer que as plataformas deem a opções para evitar coleta de dados pessoais. Uma das sugestões da medida é uma linha do tempo cronológica.

Algoritmo do Facebook pode ser perigoso, dizem senadores

A lei que pode mudar a joia da coroa de grandes empresas de tecnologia — o algoritmo baseado em dados pessoais. A proposta recebeu apoio bipartidário: ela foi endossada por dois senadores democratas e dois republicanos.

Os congressistas americanos querem simplesmente oferecer uma escolha para que usuários fujam do feed organizado pelo algoritmo de redes como Facebook, Instagram e YouTube. Segundo os parlamentares, a receita que usa dados pessoais para personalizar a página inicial do usuário pode ser viciante e, por vezes, perigosa, como no caso da invasão do Capitólio.

“Consumidores deveriam ter a opção de interagir com plataformas de internet sem serem manipulados por algoritmos secretos e que usam dados particulares do usuário”, disse o senador republicano Ken Buck, um dos autores do projeto de lei.

Já o senador democrata e também autor da medida, David Cicilline, afirmou que as plataformas priorizam lucro em detrimento de todo o resto. O congressista destacou o Facebook, a maior rede social a ser afetada pela lei. Críticas semelhantes foram feitas por Frances Haugen, ex-gerente da empresa de Mark Zuckerberg que vazou documentos do Facebook Pappers.

Cicilline também disse à Axios:

“Devido ao poder de monopólio dessas plataformas, usuários estão presos às poucas alternativas deste modelo de negócio exploratório, seja o feed da rede social, com anúncios direcionados, ou em seus resultados de busca.”

Projeto de lei sugere linha do tempo cronológica

A lei não define um novo modelo de algoritmo que pode ser usado nos feeds do Facebook, YouTube e Twitter. Mas uma saída defendida por especialistas e pela própria Haugen é a hierarquia de posts em ordem cronológica.

Contudo, como a lei vale para qualquer aplicativo, site ou serviço que use algoritmos com base em dados pessoais, as consequências podem ser negativas para outras plataformas que não se encaixam nos moldes das redes sociais.

A Netflix, por exemplo, não poderia oferecer em sua página inicial os filmes e séries recomendados ao usuário com base no que ele já assistiu. Nesse caso, o streaming teria que mudar seu algoritmo com base em um catálogo por data – uma experiência que leva aos tempos da locadora.

O próprio Facebook já testou a opção de acabar com o feed de notícias comum. Em 2018, como apontam documentos divulgados por Haugen, um pesquisador detalhou que a rede social mudou o algoritmo de alguns usuários por duas semanas em uma organização cronológica.

O resultado é que a maioria dos usuários que participou do experimento navegou menos pelo feed de notícias, e usou menos o Facebook, de forma geral. Mas há um porém: a experiência transformou o feed em um mural de publicações de grupos e páginas. Posts de amigos e familiares quase sumiram da linha do tempo.

Com informações: Axios, Gizmodo

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.