Samsung desiste de criar núcleos para processadores Exynos e demite 290 pessoas

Samsung demitiu funcionários em dois centros de pesquisa nos EUA; empresa deixará de fazer núcleos personalizados de CPU

Felipe Ventura
• Atualizado há 2 anos e 11 meses
Samsung Exynos

A Samsung deixou de fazer núcleos personalizados para processadores Exynos, encerrando o projeto Central Processing Unit e demitindo 290 funcionários nos EUA. Rumores dizem que a coreana vai adotar o design da ARM sem muitas modificações em suas próximas CPUs; no entanto, ela continuará desenvolvendo chips gráficos e de inteligência artificial para celulares.

“Com base em uma avaliação completa de nossos negócios de System LSI [integração de sistemas em larga escala] e na necessidade de permanecer competitiva no mercado global, a Samsung decidiu fazer a transição de parte de nossas equipes de pesquisa e desenvolvimento nos EUA em Austin e San Jose”, diz a empresa em comunicado ao Android Authority.

As demissões ocorreram no Samsung Austin Research Center em Austin, Texas; e no Advanced Computer Lab em San Jose, Califórnia. Os 290 funcionários ficarão no cargo até 31 de dezembro.

Os dois centros de pesquisa continuarão funcionando: ainda há equipes trabalhando em chips de inteligência artificial, chips gráficos e sistemas-em-um-chip. Inclusive, vale lembrar que Samsung e AMD estão colaborando em futuras GPUs para a linha Exynos.

Samsung Exynos não conseguiu superar tecnologia da ARM

ARM Cortex A75 e A55

Em se tratando de CPUs, algumas empresas licenciam os designs da ARM e fazem poucas modificações, como a Huawei e a MediaTek. Outras fabricantes preferem personalizar os núcleos para atingir maior desempenho ou menor consumo de energia; é o caso da Qualcomm e sua linha Snapdragon 800 (incluindo o 855).

A Samsung se encaixava na segunda categoria: alguns processadores Exynos usam núcleos “Mongoose” com um design personalizado. Isso começou no Exynos 8890, presente no Galaxy S7, e continuou nas gerações seguintes, indo até o novo Exynos 990 — que deve aparecer em celulares high-end de 2020.

No entanto, os processadores da Samsung vêm perdendo em desempenho para a Qualcomm há algum tempo. O Galaxy S9 com Snapdragon 845 é mais rápido que o modelo com Exynos 9810; e o Galaxy S10+ com Snapdragon 855 supera a versão com Exynos 9820 em benchmarks de uso real.

Pior: os processadores Exynos têm performance inferior a processadores que seguem os designs da ARM, como a linha HiSilicon Kirin da Huawei. O consumo de energia também é maior. Ou seja, a Samsung não conseguiu se diferenciar ao personalizar os núcleos do chip, e decidiu jogar a toalha.

Há alguns anos, a Samsung disse ao AnandTech que criar núcleos personalizados é significativamente mais caro do que licenciar os designs da ARM. Afinal, é necessário fazer investimentos para alcançar e para superar o que a ARM oferece.

Analistas de mercado acreditam que, com as demissões em Austin, a Samsung vai adotar totalmente os designs de referência ARM para seus futuros processadores, em vez de personalizá-los. Isso já é feito há algum tempo nas CPUs de celulares intermediários, incluindo o futuro Exynos 980.

Com informações: AnandTech, Android Police.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.