TikTok remove conteúdo sobre criptomoedas e é criticado por influenciadores
Influenciadores de criptomoedas no TikTok relatam ter vídeos removidos e contas banidas indevidamente após plataforma proibir a promoção de produtos e serviços financeiros
Influenciadores de criptomoedas no TikTok relatam ter vídeos removidos e contas banidas indevidamente após plataforma proibir a promoção de produtos e serviços financeiros
O TikTok atualizou suas políticas em julho, proibindo a promoção de produtos e serviços financeiros, incluindo criptomoedas, na plataforma. A ideia seria impedir que golpistas divulgassem esquemas ou que criadores patrocinados, mesmo sem saber, acabassem levando usuários a fraudes. Porém, segundo múltiplos influenciadores que fazem vídeos educativos sobre moedas digitais, a rede social está cegamente banindo todo e qualquer conteúdo que toque no assunto.
A CNBC conversou com onze influenciadores que usam o TikTok para produzir e divulgar vídeos sobre criptomoedas, em sua maioria sem receber patrocínio algum e com o intuito de informar e educar as pessoas sobre esse universo. Teoricamente, eles não estariam quebrando as novas diretrizes da plataforma, mas mesmo assim recebem banimentos, têm seu conteúdo excluído constantemente e até mesmo são expulsos da rede social, com praticamente nenhuma explicação do porquê disso tudo.
Lucas Dimos é um desses criadores. Ele disse à CNBC que se tiver mais um único vídeo removido, teme que será permanentemente banido da plataforma. No último mês, desde que a nova política entrou em vigor, ele afirma que pelo menos dez postagens suas foram excluídas por “promover atividades ilegais e bens regulamentados” no TikTok. Contudo, o dono da conta chamada “theblockchainboy” diz que não fez nada de errado. “Tentamos construir uma comunidade e guiar todo esse movimento na direção certa”.
“Foi quase como uma reação automática do TikTok contra todos esses golpes que estavam acontecendo”, disse Dimos, que tem mais de 314 mil seguidores na plataforma. “Embora eles possam estar bloqueado as postagens de esquemas e fraudes, todos nós, criadores de conteúdo cripto, não podemos postar nenhum de nossos vídeos.”
Dimos e os outros influenciadores que tratam de criptomoedas na plataforma afirmam que estão apenas tentando educar os consumidores sobre esse mercado emergente, mas foram duramente atingidos pelas rápidas mudanças nas regras da empresa.
Em julho, o TikTok implementou um sistema que pode bloquear automaticamente vídeos que violam suas políticas. Além disso, a promoção de criptomoedas e serviços financeiros só poderia ser realizada se os criadores divulgassem seus vídeos através da opção de conteúdo de marca do aplicativo, que acompanha um aviso de “patrocinado”.
Porém, esses influenciadores ouvidos pela CNBC, na vasta maioria de seus vídeos, não ganharam absolutamente nada por eles, portanto não estariam promovendo efetivamente nenhum produto ou serviço. Além disso, a maioria deles também afirma que perdeu seguidores e que suas visualizações caíram consideravelmente em julho.
Eles acreditam que o algorítimo de detecção de conteúdo que viola as regras da plataforma está exageradamente abrangendo termos, nomes e palavras que fazem automaticamente seus vídeos serem excluídos, sem qualquer análise mais profunda.
A CNBC tentou entrar em contato com o TikTok, que se recusou a comentar os relatos dos criadores. Em vez disso, um porta-voz apenas direcionou os jornalistas à página de diretrizes da comunidade da empresa e não especificou quais delas os criadores de conteúdo cripto estariam violando.
“O verdadeiro problema não são os anúncios”, disse a influenciadora de criptomoedas conhecida por Wendy O. “É o fato de que TikTok está banindo e censurando criadores de conteúdo cripto e muitos de nós estamos apenas postando ótimos vídeos educacionais.” Alguns deles afirmam que estão considerando seriamente mudar para plataformas como o YouTube, Twitter, Facebook e o aplicativo de bate-papo Discord, onde dizem que têm mais liberdade para compartilhar conteúdo.
Ao longo das últimas semanas, esses criadores afirmaram que não podem usar determinadas palavras em seus vídeos, como “Binance” ou “finanças descentralizadas” (DeFi). Mencionar especificamente alguma criptomoeda também á passível de censura, como bitcoin (BTC), ether (ETH) ou dogecoin (DOGE). Aparentemente, todos esses termos ativam o algorítimo de detecção de conteúdo ilícito na plataforma.
Como afirmou Timothy, que atende por cryptoweatherman no TikTok, as diretrizes da rede social determinam que será removido conteúdo, “incluindo vídeo, áudio, transmissão ao vivo, imagens, comentários e texto”, que viole as regras. Além disso, o app diz usar uma “combinação de tecnologia e moderação humana” para aplicar suas políticas antes que uma medida seja tomada contra determinada postagem.
Se um vídeo for removido, o usuário normalmente é notificado de que a postagem viola uma diretriz ou está relacionada a “atividades ilegais e bens regulamentados”. Mas a mensagem não fornece mais detalhes, disseram os criadores. Se dois vídeos forem removidos, eles serão proibidos de postar conteúdo por pelo menos 24 horas. As proibições podem durar de um dia a uma semana, disseram.
Teoricamente, é possível apelar sobre algum banimento ou exclusão que o criador acredite estar errada. Mas quando os criadores entram em contato com o TikTok sobre um vídeo retirado, por exemplo, muitos dizem que foram ignorados ou que receberam apenas uma resposta automática. Não há um número de telefone para ligar e nenhum representante para enviar e-mail. Em alguns casos, a apelação resulta na restauração da postagem excluída.
O consenso entre os onze influenciadores ouvidos pela reportagem da CNBC é que eles querem e pretendem cumprir com todas as diretrizes da plataforma, mas que elas precisam ser devidamente esclarecidas. Ainda é incerto o que o TikTok considera “promoção de criptomoedas” e o que pode ou não marcar determinado vídeo como “atividade ilegal”. Por fim, eles pedem que um canal mais direto seja aberto com a empresa para tratar sobre o assunto, respondendo perguntas e explicando os banimentos e remoções.
Com informações: CNBC