TSE confirma ataque DDoS e diz que “vazamento” tem dados antigos
TSE sinaliza que ataque e vazamento não comprometeram votação das eleições municipais 2020 realizadas no domingo (15)
TSE sinaliza que ataque e vazamento não comprometeram votação das eleições municipais 2020 realizadas no domingo (15)
Enquanto o Brasil realizava o primeiro turno das eleições municipais de 2020, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lidava com alguns incidentes, entre eles, um ataque DDoS realizado na manhã de domingo (15). O órgão também confirmou um vazamento de dados no mesmo dia, mas tranquilizou: as informações vazadas são antigas e não comprometem as eleições.
De acordo com a SaferNet, entidade que trabalha em conjunto com o Ministério Público Federal no monitoramento de fraudes eleitorais pela internet, os ataques tiveram o objetivo de desacreditar a Justiça Eleitoral e, eventualmente, servir de base para alegações de adulteração de resultados na votação.
Isso explica o vazamento em uma data crítica: às 9:25 do domingo, dados internos do TSE foram liberados na internet. No entanto, uma investigação da Polícia Federal aponta que o ataque que deu origem ao vazamento ocorreu em 23 de outubro deste ano. A liberação teria ocorrido durante o período de votação para sugerir que os sistemas da Justiça Eleitoral estão comprometidos.
O TSE destacou que o incidente envolveu apenas dados administrativos referentes ao período entre 2001 e 2010. O vazamento continha informações de ex-servidores e ministros aposentados. As investigações também apontam que o ataque foi realizado com endereços IP oriundos de Portugal.
Luís Roberto Barroso, ministro e presidente do TSE, explicou que o vazamento não teve consequências para a votação. “As urnas não estão em rede, portanto não são vulneráveis a esse tipo de ataque. Não há nada sobre isso que possa interferir no processo eleitoral”, pontuou.
Mas também houve o ataque DDoS. Thiago Tavares, presidente da SaferNet, aponta que um ataque de negação de serviço teve início às 10:41 de domingo com o objetivo de deixar o site e serviços do TSE indisponíveis. A ação teria sido realizada a partir de computadores oriundos do Brasil, Estados Unidos e Nova Zelândia.
“Sofrer ataques não é privilégio de nenhuma instituição. O que tem significado é quando eles surtem algum resultado”, declarou Barroso. Porém, segundo o próprio ministro, o ataque não derrubou os sistemas do TSE.
Os ataques podem não ter afetado os sistemas do TSE, mas o fato é que, durante o fim de semana, nem tudo funcional a contento: eleitores de todo o Brasil tiveram dificuldade para acessar o sistema do e-Título no período.
Barroso admitiu o problema, mas argumentou que a instabilidade foi consequência da sobrecarga que o sistema sofreu em função do grande volume de acessos: só no domingo, cerca de 3 milhões de eleitores baixaram o aplicativo do e-Título para justificar voto, revela o TSE.
A apuração dos votos também teve instabilidade, mas o órgão sinalizou, novamente, que o incidente não foi efeito de um ataque, mas de um problema em um dos processadores do supercomputador que executa a contagem. Ainda de acordo com o TSE, houve atrasos na divulgação dos resultados, mas os votos não foram comprometidos.
Como esperado, os incidentes foram usados como base de argumentação por políticos que defendem o retorno ao voto impresso, a exemplo de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). No Twitter, o deputado federal declarou:
Noticiam que TSE foi atacado por hackers. TSE nega. Então são expostos bancos de dados do TSE. Isso traz um clima de insegurança, que faz as pessoas desconfiarem que o atraso na divulgação possa ser um novo ataque hacker ou manipulação já que não há transparência.
Barroso rebateu as críticas à urna eletrônica dizendo que o retorno ao voto impresso não atende ao melhor interesse público e lembrou que, nos últimos 24 anos, o Brasil elegeu presidentes com o sistema sem nenhuma fraude ter sido comprovada.
Com informações: Folha de S.Paulo, TSE.