Claro, Oi e TIM fazem diversas campanhas sobre seus planos com ligações ilimitadas para qualquer operadora, e isso não parece incomodar muito a Vivo. Em uma entrevista durante a Futurecom, Eduardo Navarro — presidente da Telefônica Vivo — sugeriu que a operadora não tem intenção de lançar uma oferta similar.

Sua justificativa é simples: “não estamos no mundo da voz, estamos no mundo dos dados”, respondendo a uma pergunta feita pelo Convergência Digital. Navarro diz que a preferência do cliente atual é pela internet, que pode servir para muitas coisas — inclusive para ligações através de aplicativos como WhatsApp.

Navarro acredita que as inovações precisam ser feitas na oferta de dados, e destaca que a operadora permite ao cliente transferir seus dados não-utilizados para outras pessoas. Seria ótimo se o recurso estivesse disponível para além dos planos pré e controle, e também com uma validade maior que dois dias.

Atualmente, a Vivo tem as maiores restrições em chamadas para outras operadoras: enquanto um plano pré-pago da Claro ou TIM oferece 100 minutos por semana para outras operadora, a oferta similar da Vivo inclui ligações apenas para seus clientes.

Na categoria controle, onde a voz ilimitada já está presente desde os planos intermediários, a Vivo oferece entre 60 e 80 minutos locais. A operadora até possui dois planos com ligações ilimitadas no seu pós-pago, mas o custo mensal é superior a R$ 500.

No entanto, ela não descarta que possa aderir à tendência caso fique para trás: “toda a nossa estratégia comercial é direcionada para dados. Estamos observando. Se percebermos que estamos perdendo clientes e market share e esse é um movimento necessário, nós não vamos ficar parados”, conclui Navarro.

A Vivo está bem confortável: dados da Anatel mostram que a operadora fechou o mês de agosto sendo líder com 30,79% de participação de mercado. Em segundo lugar está a Claro, com 24,92%, que retirou a vice-liderança da TIM por apenas 0,04% desde o mês anterior.

Concluo com o que escrevi quando a Claro reformulou suas ofertas: oferecer minutos ilimitados faz boa vista em termos de marketing, e não necessariamente implica que o tráfego de ligações aumente de forma significativa a ponto de se tornar um modelo de negócio insustentável. É claro que existem pessoas que realmente falam mais de mil minutos por mês, mas é uma parcela muito pequena de clientes.

Será que a Vivo não ganharia mais clientes com planos ilimitados?

Atualizado em 05/10

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Escrito por

Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.