Zenfone 3 Zoom: foco em câmera e bateria

Smartphone da Asus entrega fotos de alta qualidade com zoom óptico e tem bateria para durar o dia inteiro

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 10 meses

Os smartphones com duas câmeras são a nova tendência do mercado, depois que a Qualcomm desenvolveu uma tecnologia que torna mais simples o trabalho das fabricantes. A Asus está aproveitando a oportunidade com o Zenfone 3 Zoom, o segundo aparelho da taiwanesa capaz de tirar fotos com zoom óptico.

Diferente da primeira geração, que adotava um mecanismo complexo na objetiva para enxergar mais longe, o Zenfone 3 Zoom possui um sistema de duas lentes: uma normal e uma quase teleobjetiva, que permite zoom de 2,3x sem prejudicar a qualidade da imagem. Além disso, o aparelho conta com design renovado e uma bateria gigante. Será que ele é uma boa opção? Eu conto tudo nos próximos minutos.

Em vídeo

Design e tela

Você prefere alumínio ou vidro? Essa é basicamente a diferença entre o Zenfone 3 e o Zenfone 3 Zoom no design. O novo smartphone da Asus tem um corpo de metal com laterais arredondadas que lembra muito um certo smartphone da Apple, mas continua com as mesmas linhas da taiwanesa, com botões capacitivos sem retroiluminação na parte frontal e as linhas concêntricas nos comandos laterais.

É um aparelho relativamente leve (170 gramas) e fino (8 mm) quando se considera a capacidade da bateria que a Asus foi capaz de colocar dentro do aparelho, de 5.000 mAh. A pegada é a mesma do Zenfone 3, sendo um aparelho grandinho para utilizar com apenas uma mão, mas com a vantagem de não ser um ímã de impressões digitais e não escorregar como sabão em superfícies planas.

Os dois pontos negativos em potencial continuam presentes. O primeiro é a bandeja híbrida dos cartões SIM: você precisa escolher se quer colocar um microSD e um chip, ou dois chips e nenhum microSD. Isso pode ser um problema para quem tira fotos em RAW e filma em 4K, já que esses arquivos consomem muito espaço — particularmente, já lotei 160 GB de armazenamento no meu smartphone pessoal.

O outro é o leitor de impressões digitais na traseira, a pior posição existente. Meu argumento continua o mesmo: quando o aparelho está sobre uma mesa e você recebe uma notificação, é uma falha de design ter que levantá-lo só para colocar o dedo ali; eu sempre acabo digitando a senha em smartphones assim. E, ainda que essa posição seja “natural” para o dedo ao tirar o celular do bolso, o aparelho fica sobre uma superfície na maior parte do tempo, não dentro do bolso.

Apesar da posição ruim, vale uma observação: o leitor de impressões digitais do Zenfone 3 Zoom é um dos mais eficientes que eu já tive contato. Ele praticamente não falhou no reconhecimento do meu dedo durante as duas semanas de teste e sempre foi muito rápido para desbloquear a tela.

Houve uma mudança na tela de 5,5 polegadas, que passou de IPS LCD para AMOLED, algo que faz mais sentido quando pensamos em um smartphone voltado para fotografia, desde que o painel AMOLED seja de boa qualidade — e esse é o caso do Zenfone 3 Zoom. É uma tela com alto brilho, capaz de reproduzir corretamente os pretos das imagens, e com definição impecável.

Minha crítica fica por conta das cores, que são muito estouradas por padrão e fazem o mundo parecer um arco-íris. Tudo é vermelho demais e verde demais, lembrando o AMOLED de baixa qualidade que a Motorola colocava em seus aparelhos há dois ou três anos. Felizmente, basta trocar o modo de Super Cor para Padrão (que não é o padrão!) para que o display pare de exagerar na saturação.

Software

O software do Zenfone 3 Zoom é basicamente o mesmo do Zenfone 3, ou seja, é ruim.

A Asus corrigiu boa parte dos erros de português que denunciavam o desleixo no software, mas o Zenfone 3 Zoom ainda precisa terminar de ser alfabetizado, especialmente no gerenciador de notificações, que exibe na tela principal “diarimamente” e “diáriamente”, duas formas diferentes de escrever errado a mesma palavra.

A maior parte dos bloatwares, outro problema do software da Asus, também foi embora. Entre os joguinhos, ele vem apenas com Need for Speed: No Limits e SimCity, o que já é um bom avanço. Também são pré-instalados os aplicativos do Facebook (incluindo Messenger e Instagram), que você baixaria de qualquer forma, e as ferramentas de utilidade questionável da Asus, como um aplicativo de colagem de fotos, uma cópia do Instagram e uma régua que mede distâncias por meio do laser da câmera.

Mas a grande questão ainda não resolvida pela Asus é o atraso nas versões do Android — ele ainda roda o Marshmallow. Não há como perdoar um smartphone de 2017 que traz um Android de 2015. As principais concorrentes, incluindo Samsung, Lenovo e LG, já estão lançando aparelhos com Nougat de fábrica, em todas as faixas de preço.

A Asus promete liberar a atualização para o Android 7.0 Nougat até o final do segundo trimestre, quando todos estaremos aguardando o Android O. Como a fabricante taiwanesa se compromete publicamente com apenas uma atualização de “sabor” do Android, é melhor não criar expectativas para recebê-lo.

Câmera

Duas câmeras, sensor de 12 megapixels da Sony com foco por detecção de fase e tecnologia Dual Pixel, lente principal com abertura f/1,7 e uma segunda lente de 59 mm f/2,6. Isso é bonito na teoria. E continua sendo na prática. O Zenfone 3 Zoom tem uma das melhores câmeras que eu já testei em um smartphone.

As melhorias no conjunto óptico fizeram muito bem ao smartphone focado em câmera. Mesmo em condições de iluminação ruins, o aparelho da Asus consegue passar na prova, sem aumentar muito o nível de ruído, mantendo um bom nível de detalhes e apresentando boas cores. Uma das características do pós-processamento da Asus é privilegiar o contraste da imagem, e isso continua aqui.

Com bastante iluminação natural, o Zenfone 3 Zoom se mostra capaz de atingir um alcance dinâmico satisfatório, não estourando as cenas com tanta frequência como acontecia no Zenfone 3. Os resultados agradam, tanto na distância focal padrão quanto com zoom de 2,3x — que, se não é uma aproximação tão grande, pelo menos ajuda um pouquinho no enquadramento.

Em ambientes internos ou à noite, as fotos saem boas desde que você não aplique o zoom óptico. Por ter uma abertura menor, a lente da câmera secundária sofre um pouco para manter a velocidade do obturador sem aumentar tanto o ISO, o que por vezes acaba resultando em fotos com ruído excessivo ou tremidas, mesmo com a estabilização óptica do aparelho.

A adoção de uma lente com distância focal maior e abertura tão grande quanto a f/1,7 da lente principal resultaria, provavelmente, em um produto sensivelmente mais caro, então dá para relevar esse ponto se considerarmos que o aparelho parte de R$ 1.899. O zoom óptico de 2,3x é interessante e funciona bem na maioria das situações.

A câmera frontal, que curiosamente possui resolução maior que a traseira, com 13 megapixels, tira selfies bem definidas, embora sofra um pouco mais com pontos de iluminação; é comum haver regiões estouradas ou escuras demais. Uma curiosidade: o sensor frontal, um Sony IMX214, é o mesmo da traseira do Moto G de 3ª geração. É um bom exemplo de como componentes mais “simples” podem fazer bons trabalhos no futuro.

A crítica fica por conta do pós-processamento imprevisível da Asus. Ele faz um trabalho bom na maioria das vezes, mas é bem inconsistente nas cores: você nunca sabe exatamente como vai ser o resultado final. O Zenfone 3 Zoom chegou ao ponto de gerar cinco fotos com cinco tons de cores diferentes — todas as imagens eram da mesma cena e foram tiradas no mesmo minuto. Olha só:

Desconsiderando os detalhes mínimos, a câmera do Zenfone 3 Zoom é uma das melhores do mercado, não apenas em sua faixa de preço, mas entre todos os smartphones disponíveis no mercado brasileiro. Se o objetivo é fotografar, é pouco provável que você se arrependa.

Hardware e bateria

A versão do Zenfone 3 Zoom que testei foi a mais cara, de R$ 2.499, com 4 GB de RAM e 128 GB de armazenamento interno. São números que fazem sentido quando pensamos no foco do aparelho, que é a câmera. Não é preciso muito esforço para lotar a memória quando se pode tirar fotos em RAW e gravar vídeos em 4K. Ainda assim, há versões de R$ 1.899 (3 GB de RAM e 32 GB de armazenamento) e R$ 2.199 (4 GB de RAM e 64 GB de armazenamento).

Mesmo custando o preço de um topo de linha da geração passada, o Zenfone 3 Zoom é equipado com um processador octa-core Snapdragon 625, o mesmo que está dentro de aparelhos da faixa dos R$ 1,5 mil. Na prática, se você não roda jogos muito pesados com os gráficos no máximo, é um chip competente, que não deve apresentar sinais de gargalo durante um bom tempo. De qualquer forma, não dá para desconsiderar que, se o seu negócio é potência, o Zenfone 3 Zoom não é um aparelho para você.

Mas o ponto forte do Zenfone 3 Zoom é a duração da bateria. Nos meus testes, eu tirei o aparelho da tomada às 9 horas do primeiro dia, fiz streaming de música no 4G por 3h e naveguei na web por 4h, entre redes sociais, e-mails e páginas da web, também pela rede móvel. A tela ficou ligada por exatamente 4h32min, com brilho no automático. No segundo dia, às 22h46, ainda havia 20% de carga. É um resultado semelhante ao do Galaxy A9, que tinha uma bateria de mesma capacidade.

A bateria deve durar bastante sem uso intenso de dados móveis: depois de reproduzir O Poderoso Chefão: Parte II por streaming na Netflix, no Wi-Fi (são 3h22min de filme!), a bateria caiu de 100% para 84%, com o brilho da tela no máximo. Em média, os aparelhos chegam até o final desse teste com cerca de 70% de carga.

É uma autonomia tão boa que a Asus colocou um acessório para permitir o carregamento reverso. Por meio do adaptador USB-C macho para USB-A fêmea, incluso na caixa, você consegue recarregar outros smartphones com a bateria de 5.000 mAh do Zenfone 3 Zoom. Tudo bem, você precisa ficar carregando esse adaptador se quiser utilizar o recurso, mas é uma boa utilidade para uma bateria que acaba sobrando no dia a dia.

Aqui, vale notar que, em dois ciclos, por algum motivo desconhecido, o aplicativo de galeria de imagem ficou rodando em segundo plano e gastou mais bateria que o aceitável (mais de 600 mAh). Outros usuários relataram o mesmo problema. Nessas ocasiões, o Zenfone 3 Zoom chegou até o final do primeiro dia com carga entre 25% e 35%, insuficiente para um segundo dia completo. Trata-se de um bug de software, que não acontece sempre e deve ser corrigido pela fabricante.

Conclusão

O Zenfone 3 Zoom é um aparelho que foca em câmera e bateria, e se sai bem nesses dois pontos.

A câmera é uma das melhores do mercado, tirando fotos com boas cores e nível de detalhes em qualquer condição de iluminação. O novo projeto de zoom óptico do Zenfone 3 Zoom, com duas lentes fixas em vez do mecanismo complexo do Zenfone Zoom, fez muito bem ao aparelho — as fotos têm qualidade significativamente superior, a aplicação de zoom é instantânea e a captura é bem rápida. Nem parece que os dois produtos vêm da mesma empresa.

E a autonomia se mostrou muito boa, dentro do que espero para um smartphone com bateria gigante e processador Snapdragon 625. Baterias cada vez maiores nos smartphones são uma tendência, e é legal ver que a Asus conseguiu colocar uma com capacidade de 5.000 mAh em um aparelho relativamente fino e leve.

Ainda assim, o Zenfone 3 Zoom não é um aparelho livre de defeitos. O Android melhorou um pouquinho, mas continua no padrão Asus de qualidade. Tem erros primários, tem um bug que fica drenando a bateria em certas ocasiões e ainda traz muitos aplicativos desnecessários que não podem ser totalmente desinstalados. Sem contar que a Asus continua sendo a recordista em demorar para liberar atualizações.

Além disso, vale lembrar que o aparelho da Asus está em uma faixa de preço bastante complicada, já que ele sofre a concorrência de smartphones topo de linha, com hardware mais potente e câmeras tão boas quanto, que é o caso do Galaxy S7. Ele foi lançado por R$ 3.799, mas hoje pode ser encontrado facilmente com preços de R$ 1,9 mil a R$ 2,3 mil; não precisa esperar nenhuma promoção. Você perde no zoom óptico e na bateria, mas ganha em tela, ganha em software e ganha em desempenho.

Se você não faz questão do melhor hardware disponível no mercado, gosta de tirar fotos e não quer se preocupar em ter que ficar recarregando o aparelho no meio do dia, vale incluir o Zenfone 3 Zoom na sua lista de compras.

Especificações técnicas

  • Bateria: 5.000 mAh;
  • Câmera: 12 megapixels (traseira) e 13 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, GLONASS, Bluetooth 4.2, USB-C, rádio FM;
  • Dimensões: 154,3 x 77 x 8 mm;
  • GPU: Adreno 506;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 2 TB;
  • Memória interna: 32 GB, 64 GB ou 128 GB;
  • Memória RAM: 3 GB ou 4 GB;
  • Peso: 170 gramas;
  • Plataforma: Android 6.0 Marshmallow;
  • Processador: octa-core Snapdragon 625 de 2,0 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, sensor de impressões digitais;
  • Tela: IPS LCD de 5,5 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels e proteção Gorilla Glass 5.

Zenfone 3 Zoom

Prós

  • Bateria de longa duração
  • Câmeras de excelente qualidade e com zoom óptico
  • Tela AMOLED com alto brilho

Contras

  • Android da Asus ainda precisa se alfabetizar em português
  • Qual o problema de colocar NFC?
  • Sistema operacional de 2015 em smartphone de 2017
Nota Final 8.1
Bateria
9
Câmera
9
Conectividade
8
Desempenho
8
Design
8
Software
6
Tela
9

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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