Review Notebook Samsung Galaxy Book S: finíssimo e com chip híbrido
Samsung Galaxy Book S pesa menos de 1 kg e promete bateria de longa duração, mas só serve para quem precisa de mobilidade
Samsung Galaxy Book S pesa menos de 1 kg e promete bateria de longa duração, mas só serve para quem precisa de mobilidade
Bateria de longa duração, tela com bom aproveitamento do espaço frontal, tamanho compacto e pouco peso. Essa poderia ser a descrição de um smartphone, mas são as características do Galaxy Book S, um notebook ultrafino da Samsung que vem com um processador híbrido: o Intel Core i5-L16G7.
Esse chip faz parte da família Intel Lakefield, que combina um núcleo de alta potência com núcleos econômicos no consumo de recursos. Essa abordagem faz o Galaxy Book S não precisar de cooler. É por isso que ele é tão fino: fechado, o laptop tem espessura de apenas 11,8 mm.
Mas, como é o desempenho de um laptop com esse tipo de processador? A Samsung fala em bateria com duração de até 17 horas. Será que é isso mesmo? E como lidar com o fato de o Book S oferecer apenas duas portas USB-C? É o que você vai descobrir nos próximos instantes.
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O Galaxy Book S foi fornecido pela Samsung por empréstimo e será devolvido à empresa após os testes. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.
Não é exagero afirmar que o Galaxy Book S é um dos notebooks mais finos do mercado. Sobre a mesa, ele pode ser passar por uma pasta fechada pelo olhar mais desatento ou até ser misturado facilmente a revistas. Como já dito, quando fechado, o laptop tem espessura de apenas 11,8 mm. O atual MacBook Air, referência nesse quesito, possui espessura de 16,1 mm, só para você ter ideia.
As dimensões compactas, quando aliadas ao peso de apenas 950 g, fazem do Galaxy Book S um laptop excelente para ser levado para lá e para cá. Você nem precisa de uma mochila específica para isso: ele cabe muito bem em bolsas ou pastas de tamanho médio.
Não pense que a leveza implica em fragilidade: o Book S tem um corpo predominantemente de alumínio que, muito mais do que o ar de sofisticação, cumpre a missão de dar a ele um aspecto de produto robusto e bem construído.
Você já deve ter percebido, porém, que toda essa finura tem um efeito colateral: o laptop não possui espaço para portas USB ou HDMI convencionais. Na verdade, o equipamento só vem com duas portas USB-C, uma conexão para fones de ouvido e microfone, além de um slot para microSD na parte inferior.
Se você quiser conectar ao Galaxy Book S um mouse ou pendrive, por exemplo, vai ter que recorrer ao adaptador que acompanha o modelo.
De todo modo, esse notebook foi projetado para quem precisa de muita mobilidade. Pessoas que têm esse perfil de uso frequentemente não carregam muitos acessórios, portanto, não vão ter muitos problemas com a quantidade reduzida de portas que encontramos aqui.
Garantir a conectividade sem fio talvez seja mais importante. Nesse quesito, o Galaxy Book S não faz feio: ele conta com Wi-Fi 6 (802.11ax 2×2) e Bluetooth 5.0. Ambos os tipos funcionaram a contento durante os testes.
Ah, percebeu que não existe saídas de ventilação aqui? O processador do laptop, a ser abordado mais à frente, não exige cooler. Faz falta? Não, mas o laptop esquenta um bocado com aplicações pesadas.
Você também pode ter notado que não existe slots para upgrade aqui. O Book S tem memória RAM soldada. Você pode tentar a troca do SSD, mas, obviamente, vai ter que abrir o equipamento para isso.
A tela do modelo é um painel TFT LCD de 13,3 polegadas e resolução de 1920×1080 pixels. Não se preocupe: esse não é um daqueles visores medianos que são comuns em notebooks vendidos no Brasil. Aqui, o painel exibe coloração vívida e brilho intenso, que pode chegar a 350 nits.
Isso no modo normal. No modo externo, que pode ser ativado na ferramenta Samsung Settings ou com as teclas Fn + O, o brilho chega a 600 nits. Isso permite que o Galaxy Book S seja usado com relativa facilidade se você estiver no quintal da sua casa durante um dia ensolarado, por exemplo.
Que conste que a tela gera algum reflexo, mas não a ponto de estragar a experiência ou de afetar a visualização sob ângulos variados que, aliás, é bastante agradável aqui.
Um detalhe da tela que a Samsung faz questão de destacar é a sensibilidade a toques. Essa é uma característica que, para ser franco, eu dispensaria facilmente. Como o Book S não possui um modo tablet, esse recurso acaba tendo utilidade para pouca gente — no meu caso, só serve para me deixar incomodado com as marcas de dedo.
Por outro lado, o aproveitamento do espaço frontal convence. Nas laterais esquerda e direita, a espessura das bordas não chega a meio centímetro.
Já a borda superior tem espessura um pouco maior, mas esse detalhe permite que a webcam caiba ali. O componente faz um bom trabalho: as cores não são desbotadas, como em muitas câmeras do tipo, e a resolução de 720p dá conta de reuniões no Zoom ou afins, como tem que ser.
Deixar de abordar o áudio seria uma injustiça. Para um notebook ultrafino, o Galaxy Book S tem áudio surpreendentemente envolvente. Estamos falando de dois pares de 1,2 W cada que, apesar de praticamente não reproduzirem graves, oferecem volume alto e um som claro que quase não distorce.
Como estamos diante de um notebook para ser levado para cima e para baixo, a combinação de teclado e touchpad precisa funcionar muito bem, certo? E funciona. Comecemos por este último: o touchpad tem uma superfície mais lisa que a do restante do laptop e isso faz os dedos deslizarem com facilidade aqui.
Além disso, a resposta é rápida e precisa. De um movimento de arrasto mais intenso a um toque bem suave, tudo é detectado com a intensidade certa. Então, para quando você não puder usar um mouse, o touchpad conseguirá mostrar serviço.
O teclado é bem confortável. Ele tem teclas amplas, a despeito do tamanho compacto do Galaxy Book S, e clique suave, mas que, ao mesmo tempo, não é mole demais.
Além disso, o teclado vem no padrão ABNT2 (tem tecla para ‘ç’), tem uma tecla Fn que, assim o Caps Lock, pode ser travada (em ambas, um LED acende quando isso acontece) e vem com leitor de impressões digitais integrado ao botão de liga / desliga, no topo superior direito — o componente é rápido e funciona muito bem com o Windows Hello no desbloqueio do sistema operacional.
Sim, o teclado tem retroiluminação LED, mas em verde claro em vez do tradicional branco. Abaixo da tela, no lado direito, a Samsung implementou um sensor de luminosidade que não só ajusta o brilho do visor como também ativa os LEDs. O brilho máximo não é dos mais intensos. Eu diria, na verdade, que a intensidade da luz vem na medida certa para não incomodar os olhos.
Se o teclado ficar ocioso — quando você assiste a um vídeo, por exemplo —, a retroiluminação será desativada automaticamente para poupar energia. Dá para configurar o tempo de ativação desse recurso ou desativá-lo no Samsung Settings.
Para falarmos do desempenho do Galaxy Book S precisamos colocar o chip Core i5-L16G7 em perspectiva. Esse é um processador que consiste, essencialmente, em uma tentativa da Intel de misturar núcleos potentes com núcleos econômicos para otimizar o consumo de recursos e, com isso, diminuir o consumo de energia.
Trata-se de uma abordagem que lembra a tecnologia big.LITTLE existente em chips ARM disponíveis para celulares. Aliás, a primeira versão do Book S foi lançada com um processador de tecnologia ARM, o Snapdragon 8cx. Porém, até o fechamento deste review, a Samsung não tinha planos de lançar essa versão no Brasil.
No caso do Core i5-L16G7, um único núcleo Sunny Cove de 10 nanômetros responde por cargas de trabalho mais pesadas enquanto quatro núcleos Tremont de baixo consumo, também de 10 nanômetros, cuidam das tarefas menos exigentes. Não há suporte a hyperthreading.
Esse esquema faz o Galaxy Book S dar conta das aplicações que são mais comuns no dia a dia da maioria dos usuários. Word, PowerPoint, Chrome com umas cinco abas abertas, Spotify e Netflix foram exemplos de softwares que rodaram sem dificuldades no testes.
Mas há limitações. Você pode notar certa demora no carregamento de planilhas com muitos dados ou travadinhas em softwares ou jogos que exigem um pouco mais da GPU (Intel UHD Graphics). Foi o que aconteceu no game Asphalt 9: Legends.
Na verdade, até a abertura de aplicativos pode ser um pouco demorada às vezes, embora eles funcionem bem quando carregados.
Não notei problemas com multitarefa, até porque o laptop conta com 8 GB de RAM e um SSD de 256 GB (existe uma versão com 512 GB). As capacidades dos dois componentes são suficientes para a proposta do Book S: dar conta das tarefas mais comuns, para produtividade.
Sim, porque, como já deve ter ficado claro para você, o modelo não é uma opção indicada para quem quer rodar jogos ou aplicativos pesados. O Lakefield não é um processador focado em alto desempenho, mas em autonomia.
Falando nisso, a Samsung diz que a bateria do Galaxy Book S, com 42 Wh, alcança até 17 horas de duração, mas isso em reprodução de vídeo e em condições de uso muito específicas. Na prática, a bateria dura muito menos, mas, mesmo assim, consegue apresentar uma autonomia interessante.
Para o teste, rodei dois filmes na Netflix que somaram quase cincos de reprodução com brilho máximo na tela (mas não no modo externo), usei Chrome por uma hora e ouvi música via Spotify e alto-falantes também por uma hora. Esses testes fizeram a carga cair de 100% para cerca de 20%.
Dá para dizer então que a bateria pode ter algo entre oito e nove horas de autonomia com uso moderado. É uma média muito boa. Se a situação apertar, é possível acionar o modo Bateria Plus pressionando Fn + Z. Esse recurso estica a duração da bateria para algo em torno de 12 horas, mas faz o desempenho cair muito, então só serve para emergências mesmo.
O tempo de recarga de 1% para 100% com o laptop desligado foi de três horas. O carregador é pequeno e lembra os modelos usados para recarga de celular. O procedimento pode ser feito por qualquer uma das portas USB-C do equipamento.
No quesito software, o notebook roda o Windows 10 Home com algumas ferramentas da Samsung, como o Notes, o Dex (integra o laptop a determinados smartphones da marca) e os Settings, que é muito importante para configurações. Sim, o notebook vem com um trial de antivírus, mas é possível removê-lo.
Os preços sugeridos pela Samsung para o Galaxy Book S são de R$ 7.199 para a versão de 256 GB e R$ 7.499 para a opção com 512 GB. Com esses valores, você pode comprar um notebook gamer que, como tal, tem muito mais poder de processamento.
Não que o chip Lakefield seja ruim. Ele tenta cumprir um propósito que é típico de processadores ARM para celulares ou tablets: oferecer desempenho suficiente para o dia a dia e, tanto quanto possível, poupar a bateria. Performance elevada não é a prioridade aqui.
É por isso que o Galaxy Book S vale a pena, sim, mas para um público bem específico: pessoas que estão em constante movimento, ou seja, ficam fora de casa ou do escritório com frequência.
Para elas, o acabamento robusto, a qualidade do painel LCD, o teclado confortável, o touchpad preciso e até o leitor de impressões digitais somam pontos, mas as dimensões reduzidas, a leveza e a longa autonomia da bateria é que são fatores decisivos, pois esses atributos facilitam o transporte e diminuem a necessidade de tomadas por perto.
Agora, se mobilidade não é prioridade para você, provavelmente, o Galaxy Book S não vai passar de mera curiosidade.
Em um cenário sem pandemia, esse notebook seria muito útil para mim em coletivas de imprensa, por exemplo, eventos em que tudo é muito corrido e raramente há tomadas disponíveis. Mas, para uso em casa ou no escritório, eu optaria por um modelo com mais portas e processador mais potente.