Samsung Omnia W, o Windows Phone mais barato do mercado

Rafael Silva
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• Atualizado há 11 meses

Lançado no país pouco depois do HTC Ultimate, o Omnia W é a primeira aposta da Samsung com o Windows Phone no Brasil. Ele vem com um processador de 1,4 GHz, tela de 3,7 e Super AMOLED, 8 GB de armazenamento interno e já sai da caixa com a versão 7.5 do sistema.

Aqui no Brasil ele apareceu custando R$ 1,3 mil, caindo para atuais R$ 1,2 mil em certas lojas. Em um país em que os celulares high-end miram em cifras na casa dos R$ 2 mil, como um celular que custa 3/5 desse valor consegue se sobressair dos demais? Ou ele não consegue? Passei duas semanas testando o Omnia W e você confere o que achei logo abaixo.

Design

Na lateral esquerda estão o controle de volume (que também aciona os controles de música caso alguma esteja tocando), na lateral direita estão o botão de ligar/desligar a tela e o da câmera e no topo e na parte de baixo ficam, respectivamente, os encaixes para fones de ouvido e miniUSB. A tela acompanha uma câmera VGA na parte superior e os botões de voltar, Home (o único botão físico na frente) e pesquisar na parte de baixo.

Como celular em barra, o Omnia W não oferece algo muito diferente do que já estamos acostumados a ver. Ele tem um desenho com laterais curvadas que são de um plástico um pouco escorregadio, o que forçou uma empunhadura mais firme para mim. Na traseira, além da câmera, do alto-falante e do flash, há uma parte metálica na tampa de bateria que deduzi ser para NFC, já que ela se conecta a um pino no aparelho. Mas não há aplicativo que tire proveito dele ainda.

NFC: presente, mas não suportado? | Clique para ampliar

O Omnia W tem uma construção que passa a impressão de ser barata, algo que eu esperava por causa do preço, mas ele se mostrou até bem resistente: mesmo com alguns esbarrões em quinas pontiagudas, não notei arranhões.

Tela e interface

Com 3,7 polegadas de tela AMOLED, o Omnia W não é menos do que excepcional nesse aspecto. Mesmo com o brilho de tela na metade ela se destaca por exibir cores vívidas e uma nitidez respeitável pelo preço que ele custa. Contra o sol ela também se saiu razoavelmente bem, sem ser muito refletiva. E lado a lado com o iPhone 4S, ambos com o brilho de tela no máximo, não há muita diferença.

Comparação de telas | Clique para ampliar

A interface, extraída diretamente do Zune, é algo que pode ser ao mesmo tempo intuitivo e complicado de se navegar. Explico: para quem está acostumado com as interfaces do Android e iOS, há uma certa curva de aprendizado para lidar com a diferença de interface do Windows Phone. Mas para quem nunca usou um smartphone na vida, ela não parece que vai ser complicada assim.

As chamadas tiles, ou blocos (que é como a Microsoft chama aqui no Brasil) aparecem na tela inicial e se alongam até o limite permitido. Os demais aplicativos são acessados por uma seta no canto superior direito ou arrastando-se a tela para a esquerda. Ela pode ser diferente e interessante, mas há um excesso de animações nas live tiles que me incomoda depois de um tempo, principalmente no bloco de contatos.

Mesmo com uma tela um pouco maior do que a do iPhone, achei o teclado um pouco apertado para digitar. A correção automática tratou a maioria dos erros provocados pelo seu tamanho diminuto, felizmente. Senti falta da opção de feedback tátil já que o sonoro não serviu muito para indicar que eu estava digitando algo.

Multimídia e qualidade de chamada

Por ser derivado do Zune o Windows Phone oferece um bom nível de suporte multimídia. O aplicativo responsável por ele é simples e bem fácil de usar, com botões de controle da música disponíveis na home, mesmo com a tela bloqueada, e também quando os controles de volume são acionados.

Por algum motivo nem todas as ID3 Tags dos arquivos de música foram identificadas corretamente. Também não há a opção de exibir letras, algo que a Motorola já corrigiu no RAZR. Fora isso, o player de música é aquilo que você espera: opções de tocar músicas aleatórias, exibir listas e tudo mais. Os fones que vêm com o aparelho decepcionam um pouco na qualidade, mas para fones de celular estão bons o bastante. E o alto-falante traseiro acompanham os fones.

Já o suporte a vídeo foi um pouco decepcionante. Todos os vídeos, se não já estiverem no codec e extensão certa, precisam passar por conversão do programa de sincronização Zune, que falo um pouco mais adiante. Essa conversão demora dependendo do processador do computador, mas ainda assim é uma vantagem sobre a Apple que sequer oferece essa opção com o iTunes. Já fabricantes de Android também passaram a atentar para esse detalhe.

A qualidade de chamada por sua vez foi razoável, nada excepcional. Ele não conta com um redutor de ruído, então um ambiente meio tumultuado pode causar o acontecimento de “o quê você disse?” a quem estiver do outro lado. Não esperava um alto-falante traseiro muito bom, mas para casos em que um viva voz é necessário ele é mais do que decente. Os fones de ouvido também não têm uma qualidade de construção muito boa, mas dão conta do recado nas chamadas também.

Câmera

Com 5 megapixels, a câmera é boa e para por aí. O sensor usado no Omnia W consegue capturar uma boa imagem em dias claros, mas em fotos noturnas nem sempre isso é possível, mesmo com o flash ativado. Ele compensa essa falha com um excelente modo de foco macro, que permite tirar fotos bem de objetos bem perto. Como um todo, a câmera consegue se equiparar a Androids topo de linha sem muita dificuldade, mas fica um pouco atrás dos dois últimos modelos de iPhone.

O sensor do Omnia W suporta também gravação de vídeo em até 720p que tem uma boa qualidade para exibição no celular. Aumente um pouco a tela e você vai passar a ver uma granulação característica desse tipo de sensor. Mas ei, é melhor do que nada, certo? O vídeo que gravei com ele está sendo enviado ao YouTube e esse review será atualizado com ele assim terminar de ser processado.

Como é requisitado pelas especificações da Microsoft, o Omnia W também conta com um botão dedicado à câmera, que permite que ela seja ativada quando a tela está bloqueada. O botão é de dois pontos, mas é um pouco sensível demais: basta um leve toque para que a câmera seja disparada. Essa câmera, aliás, é capaz de ler QR codes automaticamente, basta abrir a busca do Bing.

Aplicativos e navegação

O Windows Phone que vem no Omnia W é o Mango 7.5 e com ele a Samsung trouxe alguns programas únicos, como um editor de imagem, uma versão sua do Photobooth, um leitor de RSS e o AllShare, o programa que serve para compartilhar conteúdos multimídia em dispositivos… com suporte ao AllShare.

Além disso o sistema vem com uma já conhecida forte integração social. Se você faz login na sua conta do Twitter ele automaticamente preenche o aplicativo de contatos com os nomes, avatares e as últimas atualizações. Ao logar no Facebook, além disso, ele também detecta eventos para o qual você foi convidado e os integra no calendário.

Os demais aplicativos incluídos no Windows Phone também entregam funcionalidade que estão lado a lado com os seus concorrentes, como o aplicativo de mapas que carregou o sinal do GPS bem rápido, o aplicativo de mensagens, que centraliza o bate-papo do Facebook com do Windows Live Messenger e SMS, e o de e-mail, que se integra de forma assustadoramente descomplicada a serviços como o Gmail, Hotmail, Yahoo ou qualquer outro com acesso POP ou IMAP.

A loja de aplicativos, Windows Phone Marketplace, me ofereceu mais problemas do que soluções. Testei dois cartões de crédito diferentes e nenhum deles foi aceito, então comprar programas não foi uma das graças com a qual meu aparelho foi abençoado. E ainda assim, mesmo que eu quisesse, a quantidade de aplicativos disponível não é das maiores – ela parece estar incompleta ainda, na mesma fase inicial da AppStore: cheia de apps de flatulência e teste.

Sim, existem vários grandes títulos do setor de jogos que já foram portados. Angry Birds, Fruit Ninja e centenas de outros que já fazem sucesso em plataformas concorrentes já ganharam uma versão para o Windows Phone. Mas a falta de variedade ainda é algo possível de perceber quando você faz uma busca.

A navegação no Omnia W fica por conta do Internet Explorer. E antes que você faça uma cara de quem acabou de tomar um suco de limão azedo, permita-me dizer que ele é até um navegador decente no aparelho. O IE dá a opção de exibir ou não a versão mobile de determinados sites e vem com suporte a abas (no caso, guias). Só faltou mesmo o suporte a navegação privativa.

Para quem necessita de Flash, uma decepção: não há suporte nele. Mas pelo menos você economiza em vida de bateria.

Sincronização

O mesmo aplicativo que a Microsoft usa com o Zune é aproveitado com seus Windows Phone. Ele oferece uma leva de opções que competem com os demais programas do tipo, embora o tamanho do download e o tempo de instalação estejam alinhados com o resto deles. Suporte a sincronização de imagens, vídeos, músicas e podcasts estão incluídos no programa, além de acesso ao Windows Phone Marketplace.

A conversão de vídeos é algo necessário para que ele seja tocado no aparelho. Basta arrastar para o programa e sincronizar ao final dele. O Zune oferece a opção de alterar a qualidade de conversão de músicas, mas faltou o mesmo para vídeos. Notei que a qualidade diminuiu bastante quando toquei um vídeo convertido de AVI no celular.

Como todos, ele é bom mas não é perfeito. O download de aplicativos no programa não funcionou sempre e o fato de ter que arrastar conteúdos para o celular no lugar de usar playlists é um pouco irritante. Mas um bom destaque vai para a sincronização via WiFi, que pode ser lenta em alguns casos, mas funciona sem problemas – e estava disponível antes mesmo da Apple pensar nessa possibilidade. Também senti falta no programa de algum indicador de carga da bateria no celular.

Bateria

Em duas semanas de uso, a bateria foi um dos itens mais consistentes. Com uso extremo, incluindo playback de vídeos e música, envio de SMS e ligações constantes, navegação web e redes sociais, uso da câmera para fotos e vídeos, a bateria se esgotou em 8 horas e 40 minutos. Já o uso razoável, com poucas ligações, uso moderado do 3G e WiFi e apenas usando o playback de música dentre as funções multimídia, o tempo de bateria ficou em 12 horas e 30 minutos. Fiz o teste várias vezes e todos com o brilho no médio e regulação automática.

É possível dizer que em um dia mediano de uso dificilmente o Omnia W vai deixar o usuário na mão. Ele tem uma bateria capaz de durar o dia inteiro, desde que seu dono não seja exagerado. Mesmo assim, ele é um daqueles celulares que você vai precisar plugar na tomada de noite para não ter problemas com falta de energia no dia seguinte. Como a maioria atual, aliás.

Há também a opção de economizar a bateria embutida no Windows Phone, o que deve ajudar a carga a ser estendida ainda mais e não acabar tão cedo quando está nas últimas.

Pontos negativos

  • Pouco espaço de armazenamento;
  • Design de plástico barato.

Pontos positivos

  • Preço em conta;
  • Tela de SuperAMOLED;
  • Bateria duradoura.

Conclusão

O que o Omnia W oferece por R$ 1,2 mil está alinhado ao que alguns Androids mais caros já oferecem também chega a competir com o iPhone em certos aspectos, como a boa duração da bateria. Ele é um celular com um sistema e funcionalidades high-end e com um preço de mid-end.

Ainda assim, existem várias arestas a serem aparadas. O Windows Phone ainda parece ser um sistema incompleto pra mim, principalmente em termos de aplicativos. A tela excelente e a câmera com 5 megapixels de resolução são itens bons, mas vê-se que a Samsung cortou outros itens para economizar, como demonstrado no acabamento externo e na falta de suporte a cartões microSD.

Omnia W: para 1,3 mil reais, ele é muito bom. | Clique para ampliar

Creio que os que devem comprar o Omina W são aqueles que não tem medo de se aventurar em um sistema bem diferente do que estamos acostumados ou aqueles que nunca tiveram um smartphone. Esses dois grupos vão ficar satisfeitos com o que ele oferece pelo preço que ele é vendido. Há uma curva de aprendizado para entender a interface e tirar todo o potencial dela, mas não é muito difícil.

O Omnia W, então, prova duas coisas: não é necessário que um smartphone custe 2 mil reais para ser bom e nem sempre os que custam menos de 2 mil reais vão ser ruins. Basta ter um sistema com boas funcionalidades em um hardware decente. E é essa a combinação que o Omnia W oferece.

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Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

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