Review Realme 8 5G: acessível, mas sem diferenciais
Realme 8 5G é o aparelho mais barato com suporte ao 5G, porém peca por não trazer outros diferenciais relevantes
Realme 8 5G é o aparelho mais barato com suporte ao 5G, porém peca por não trazer outros diferenciais relevantes
Ainda caminhando a passos de tartaruga no Brasil, a Realme segue apostando na tecnologia 5G e é uma empresa que gosta de fazer barulho no mercado sempre com o “celular 5G mais barato”. Assim é com esta variante do Realme 8, considerado o aparelho mais em conta com suporte à quinta geração das redes móveis. Mas ele não é só isso. Com preço sugerido de R$ 2.299, o smartphone entrega um sistema de câmera tripla, processador MediaTek Dimensity 700, tela com taxa de 90 Hz e um painel que… não é AMOLED.
Afinal, entregar 5G encarece o produto e a empresa sempre vai cortar algo devido ao suporte. Mas será que vale ter um Realme 8 5G ou é melhor encarar o 8 Pro que tem quatro câmeras com a principal de 108 megapixels, painel Super AMOLED e Snapdragon 720G? Eu usei esta variante como o meu celular principal e respondo essa e outras perguntas neste review.
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O Realme 8 5G foi fornecido pela Realme por empréstimo e será devolvido à empresa após os testes. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.
O Realme 8 5G tem um corpo dominantemente em plástico, porém o material é bonito e está claro aqui que a empresa se preocupou em entregar um acabamento bem feito. Diferentemente do 8 Pro, que trouxe aquela frase “Dare to Leap” na traseira, o 8 5G tem uma extremidade toda lisa com a identificação da marca e nada mais (ufa!). São duas cores disponíveis no mercado, azul e preto, que brilham ainda mais quando estão contra a luz do sol.
Talvez você nem se importe mais com isso, mas eu devo admitir que o aparelho pega marcas de dedos e engordura com muita facilidade. Ao menos o usuário não precisa sair correndo atrás de um acessório de proteção, pois a Realme já envia uma capa de silicone na caixa. Outra coisa interessante é a espessura de 8,5 mm: o dispositivo é fino, o que consequentemente deixa a pegada muito favorável. Com apenas uma mão, eu consegui navegar por todo o sistema sem dificuldades.
Nas laterais, o Realme 8 5G se mostra um smartphone completo. Ele tem leitor de impressões digitais, com uma boa resposta de desbloqueio, a gaveta de chip e cartão de memória suporta dois cartões nano-SIM e microSD de até 1 TB. Além disso, a chinesa não abandonou a entrada para fones de ouvido de 3,5 mm e ela segue firme e forte no telefone. Para fechar esse tópico de design, eu quero registrar que senti falta de uma proteção contra à água, que outros intermediários vêm entregando.
Assim como fez a Xiaomi com o Redmi Note 10 5G (global), que ganhou suporte ao 5G, mas perdeu tela AMOLED, o Realme 8 5G passou pela mesma situação, uma estratégia das marcas para não encarecer o produto. Por isso ele foi equipado com um painel IPS LCD de 6,5 polegadas com resolução Full HD+ (2400×1080 pixels). Apesar do queixo mais saliente, eu gostei que a Realme já matou o notch em forma de gota e deu preferência ao furo que, a meu ver, contribui para a imersão de conteúdos.
Se você acompanhou os meus reviews de outros Realmes com IPS LCD, então já sabe que eu gosto do painel da empresa pelo brilho forte, pela definição satisfatória e pelas cores vibrantes. E posso dizer que o Realme 8 5G me deixou ainda mais impressionado, porque longe dos 100%, a luminosidade já é intensa e as cores são realmente fortes, o que me fez até questionar: “poxa, isso aqui não é AMOLED, não?”. Eles estão de parabéns e a taxa de atualização de 90 Hz deixa tudo mais fluido.
O som não me surpreendeu como a tela por dois motivos. Primeiro: o telefone não tem alto-falantes estéreos como o Redmi Note 10. Segundo: o componente é muito estridente e quando você pensar em aumentar o volume de uma música, prepare-se para os ruídos elevados. E para a tristeza de muitos, a empresa não envia fone de ouvido na caixa.
Rodando o Android 11 acompanhado da Realme UI 2.0, esta variante tem a mesma interface de outros modelos da chinesa. A semelhança com o software da Xiaomi é uma coisa que logo me chama a atenção. Eu gosto dos ícones redondos, a tela de configurações é minimalista e bem organizada e a área da central de notificações traz atalhos para NFC, transmissão de tela, Realme Share, Modo Escuro, entre outros.
Também vale um destaque para a personalização que a marca preza muito em seus produtos. Alterar o formato dos ícones, a disposição, transições e widgets são tarefas fáceis e a empresa permite ao usuário fazer tudo isso sem muitas restrições. O que ainda me incomoda, porém, são os bloatwares em excesso. Na minha unidade de teste, por exemplo, vieram vários joguinhos, e-commerce e uma série de apps próprios do ecossistema Realme.
Eu critiquei no passado e volto a alertar neste review: a Realme precisa ser mais transparente quanto às grandes atualizações de software. Já sabemos que o 8 5G chega com o Android 11, mas ainda não temos respostas se o aparelho deve receber o já oficial Android 12, bem como o 13, 14 e outros.
Diferente do irmão Pro, este modelo não traz câmeras com resoluções absurdas como 108 megapixels. Ele tem um sistema triplo composto por uma lente principal de 48 megapixels com abertura f/1,8, uma lente macro de 2 megapixels com abertura f/2,4 e um sensor de profundidade também de 2 MP. Por sua vez, a câmera frontal tem 16 megapixels de resolução.
A qualidade da principal não é de fazer os olhos brilharem, tendo em vista que o alcance dinâmico se mostra limitado e o brilho é um pouco reduzido. Ainda assim, a nitidez é satisfatória e a exposição é bem controlada. Eu só acho que o pós-processamento da Realme poderia ter um controle maior nas sombras que, em algumas situações, acaba por sair muito intensa, principalmente em dias fechados.
Como era de se esperar, a lente macro dificilmente vai agradar o usuário, dado que a nitidez sai completamente prejudicada. Ou melhor, eu tenho que admitir que a definição não existe. O software até tenta dar uma valorizada nas cores para realçar todo o registro, mas esse reforço nem sempre dá certo. O sensor de profundidade deve apresentar uma pequena dificuldade para fazer recortes no sujeito, mas a qualidade me agradou, mais pelo desfoque com uma pegada “natural”.
O modo Noite do 8 5G me lembrou o sistema Night Vision, da Motorola. Eu tive essa impressão, pois ambos tentam ao máximo valorizar as iluminações artificiais na cena e trabalham para deixar o céu realçado. No caso da Realme, o aparelho me entregou fotografias com definição aceitável, os ruídos, claro, não são eliminados por completo e as luzes tendem a ficar estouradas, porém não estragam toda a imagem.
Falemos agora da frontal que me cativou, mas poderia ser ainda melhor se o software trabalhasse mais na coloração. Eu percebi que a câmera tenta priorizar o natural e deixa as selfies mais claras, destacando as cores frias. No mais, a nitidez é boa e a exposição é controlada.
O Dimensity 700 é um chip produzido pela MediaTek com a proposta de levar a tecnologia 5G para smartphones mais acessíveis. O Realme 8 5G está equipado com esse processador octa-core rodando a até 2,2 GHz; ele trabalha aliado a 8 GB de memória RAM LPDDR4X e 128 GB de armazenamento interno. Analisando a sua performance, eu devo salientar que o aparelho não é capaz de gerar dores de cabeça ao usuário e consegue rodar bem os principais aplicativos da Play Store. Aliás, essa linha Dimensity tem feito um bom trabalho.
É claro que não dá para esperar um desempenho de alto nível, mas eu consegui rodar Chrome, Facebook, Instagram, Twitter, YouTube e Asphalt 9 sem sinais de engasgos. Com exceção do Twitter e do Instagram, os demais aplicativos citados abrem com agilidade. Asphalt 9 com os detalhes no modo padrão rodou sem gargalos; em alta qualidade, eu senti a queda na taxa de frames por segundo, mas não é nada grave e a experiência não é prejudicada.
O Realme 8 5G tem uma bateria de 5.000 mAh, ou seja, maior que a do 8 Pro que tem 4.500 mAh. Por outro lado, esta versão aqui analisada perde no carregador que é de 18 watts, contra bizarros 65 watts do irmão Pro. Em um dia de teste, sempre com o brilho da tela no máximo, no modo seleção automática (entre 60 e 90 Hz) e conectado ao Wi-Fi de 5 GHz, eu passei 2 horas na Netflix, 1 hora no YouTube, 1 hora de redes sociais e 15 minutos de Asphalt 9. A porcentagem da bateria foi de 100% para 55%, resultado muito bom! O carregador enviado faz a célula chegar em sua carga total em 2h25min, que é um tempo aceitável.
O Realme 8 5G traz muitas coisas que já vimos em outros aparelhos intermediários da marca, criando aquela sensação “mais do mesmo”. Ele conta com alguns diferenciais aqui, a exemplo do suporte ao 5G, e downgrades dali, como tela IPS LCD em vez de AMOLED. De fato, não há atrativos que possam cativar o consumidor como faz o Redmi Note 10, por exemplo, que alia ficha técnica interessante com bom custo-benefício.
Dito isso, eu vejo que este Realme pode fazer sentido para quem o encontrar em boas promoções, porque pela ficha técnica ele não convence pela ausência de diferenciais. A empresa pede R$ 2.299 pelo 8 5G, enquanto isso, o Galaxy S20 FE, equipado com Snapdragon 865, pode ser encontrado por algo em torno de R$ 2.100. A experiência no device da Samsung pode ser mais vantajosa, tendo em vista que as câmeras do 8 5G são ponto fraco, não sabemos se as atualizações do Android estão garantidas e a tela aqui, novamente, não é AMOLED.
Apesar de alguns problemas pontuais, o Realme 8 5G pode ser um bom negócio durante a sua desvalorização no varejo. Isso porque, mesmo com uma configuração mais tímida, ele se mostrou um celular que consegue trabalhar sem muito sufoco. O Dimensity 700 roda bem os principais apps, a autonomia é excelente, enquanto a interface da chinesa é intuitiva e organizada.