Review Moto Tab G70: o competente Lenovo Tab P11 Plus com outro nome
Motorola volta aos tablets com o Moto Tab G70; lançado primeiro pela Lenovo, modelo traz tela de 11" e hardware intermediário
Motorola volta aos tablets com o Moto Tab G70; lançado primeiro pela Lenovo, modelo traz tela de 11" e hardware intermediário
Na comparação com smartphones, há poucas opções de tablets Android por aí, principalmente no Brasil. Mas, neste começo de 2022, a situação ficou um pouco menos desequilibrada por aqui: a Motorola lançou o Moto Tab G70 no mercado brasileiro, um modelo com tela de 11 polegadas e preço oficial (sem descontos) de R$ 2.399.
Na verdade, esse dispositivo não é exatamente uma novidade. Ele é igual ao Tab P11 Plus, tablet que a Lenovo lançou no Brasil no final de 2021. De um para o outro, só o nome e a cor mudam, basicamente. Mas isso não é ruim, afinal, Lenovo e Motorola são parte do mesmo grupo. Além disso, o P11 Plus chamou a atenção quando foi anunciado por aqui.
Se o Moto Tab G70 vale a pena? Eu testei o produto por três semanas e conto o que descobri sobre ele nos próximos instantes.
O Tecnoblog é um veículo jornalístico independente que ajuda as pessoas a tomarem sua próxima decisão de compra desde 2005. Nossas análises não têm intenção publicitária, por isso ressaltam os pontos positivos e negativos de cada produto. Nenhuma empresa pagou, revisou ou teve acesso antecipado a este conteúdo.
O Moto Tab G70 foi fornecido pela Motorola por empréstimo e será devolvido à empresa após os testes. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.
Se de um lado o Moto Tab G70 tem um design simples e sóbrio, do outro, chama a atenção por vir com uma traseira metálica na cor verde. Mas é um verde que pende para o azul ou para o cinza, tudo depende das condições de luz.
O efeito é interessante, de todo modo. E essa boa impressão é reforçada por uma área fosca, ainda na traseira, que tem um verde um pouco mais forte e lembra borracha ao toque.
Olhando para as laterais, nos deparamos com os controles de volume na parte direita, junto com uma gaveta para microSD. Note que esse é o modelo que traz apenas Wi-Fi. Existe uma versão com LTE que, por conta disso, faz a gaveta abrigar um SIM card.
E o botão de liga / desliga? Acho que todo mundo que pega o Tab G70 pela primeira vez gira o tablet por todos os lados até encontrar o bendito botão ali na parte superior, ao lado das saídas de áudio. Eu não diria que é uma posição ruim, mas pode levar algum tempo para você se acostumar com ela.
Na lateral esquerda, encontramos os conectores que permitem a conexão ao tablet de um teclado acoplável. Neste ponto, vale destacar que o Moto Tab G70 vem acompanhado de uma película protetora para a tela e uma capa com abas dobráveis que, como tal, pode ser usada como suporte de mesa.
É na parte frontal que encontramos o ponto forte do Moto Tab G70: a tela. O painel tem 11 polegadas, resolução de 2000×1200 pixels e brilho de 400 nits, números interessantes para um tablet com hardware intermediário.
Não temos preto profundo aqui, afinal, a tela é do tipo IPS LCD. Mas é um LCD dos bons: as cores são exibidas com vivacidade e a visualização sob ângulos variados convence. Dá para ler, jogar ou assistir a vídeos com muito conforto visual aqui, detalhe que é importante destacar porque, provavelmente, essas são as tarefas mais comuns em um tablet.
Leve em conta ainda que as bordas têm aproximadamente 8 mm, uma medida que favorece o aproveitamento do espaço frontal e, ao mesmo tempo, ajuda a evitar que você toque acidentalmente na tela.
Pelo menos para alguns usuários, o único ponto negativo do painel fica para a taxa de atualização, que segue o padrão de 60 Hz. Ah, me pareceu que o brilho automático não é muito preciso. Às vezes esse parâmetro era ajustado sem que houvesse mudança de luz no ambiente.
Outro ponto forte do Moto Tab G70 é o áudio. O tablet vem com Dolby Atmos e quatro alto-falantes, dois em cada extremidade. Juntos, eles proporcionam um som imersivo e bastante claro, embora você possa notar alguma distorção quando o volume está no máximo.
O tablet sai de fábrica com o Android 11 e uma interface que traz poucas modificações. Entre elas está a disponibilização de duas funções que visam melhorar a sua experiência com o dispositivo.
A primeira, acessível por um ícone lateral na página inicial, é o Google Entertainment Space. Trata-se de uma área que concentra recursos de entretenimento, ou seja, dá acesso rápido a jogos, vídeos, músicas e livros. É algo que vai mudar a sua vida? Não é. Mas é uma maneira diferente de receber sugestões de conteúdo.
Já a segunda função é útil para quem tem filhos. Trata-se do Google Kids Space, uma área que restringe o tablet a aplicativos e conteúdos próprios para criança e que, além disso, pode ser monitorada pelos pais.
Mas, no quesito software, talvez você tenha ficado incomodado com um detalhe: o tablet não vem com a última versão do Android. Felizmente, há uma luz no fim do túnel: a Motorola promete fornece pelo menos dois anos de updates de segurança e liberar uma atualização para o Android 12, embora sem informar quando. Já é alguma coisa.
O Tab G70 conta com uma única câmera de 13 megapixels na traseira e outra de 8 megapixels na parte frontal. As fotos feitas com a primeira têm níveis decentes de saturação e bom controle de ruído, mas a definição é apenas ok. Dá para dizer o mesmo dos vídeos feitos com ela, até porque o tablet trabalha com resolução máxima de 1080p para filmagens.
A câmera frontal também faz fotos decentes, mas, de novo, sem impressionar. De todo modo, é provável que você a use apenas para desbloquear o dispositivo, pois não existe sensor de impressões digitais aqui.
O desbloqueio por reconhecimento facial funciona tanto com o tablet na vertical quanto na horizontal. Mas você precisa de algum um tempo para aprender a posicionar corretamente a câmera de frente para o seu rosto. E não espere contar com esse recurso em ambientes escuros, pois ele falha nessas circunstãncias. Nesses momentos, eu sentia falta de um leitor de digitais.
Para um tablet, essas duas câmeras estão de bom tamanho. Isso é o que importa.
Provavelmente, a característica do Moto Tab G70 que mais causa desconfiança é o seu processador: o MediaTek Helio G90T. Será que esse chip dá conta do recado? Olha, os testes indicam que sim.
O chip é composto por dois núcleos Cortex-A76 para tarefas exigentes e seis núcleos Cortex-A55 para atividades básicas, além de uma GPU Mali-G76.
Acompanhado de 4 GB de RAM, o Helio G90T fez o tablet executar todas as tarefas com alguma desenvoltura. Chrome, Netflix, Twitter e Spotify são exemplos de aplicativos que rodaram bem — com eles, não notei demora na abertura, travamentos ou fechamentos inesperados.
Agora, se você partir para algo mais pesado, vai notar que esse é realmente um chip intermediário. Em Asphalt 9: Legends, por exemplo, pude notar uma ligeira queda na taxa de frames, mesmo com as configurações gráficas em nível padrão.
Em termos de desempenho, podemos colocar o Helio G90T como um chip próximo ao Snapdragon 720G ou, talvez, ao 730G, detalhe que reforça o posicionamento do Tab G70 como um tablet intermediário.
Eu só não digo que o hardware é bem equilibrado porque o armazenamento é de apenas 64 GB. Pelo menos o equipamento suporta microSD, como você já sabe.
Sobre o a bateria, nada a reclamar. Mas eu admito que esperava um pouquinho mais dela. O componente tem 7.700 mAh e foi testado com as seguintes tarefas: um filme de duas horas na Netflix com brilho máximo na tela, uma hora de YouTube em tela cheia e brilho máximo, uma hora de Spotify via alto-falantes, uma hora de Chrome e meia-hora de Asphalt 9: Legends e Breakneck somados.
Comecei os testes pela manhã com 100% de carga. Por volta das 22:00, a bateria tinha cerca de 40%. Não é um nível ruim, mas eu esperava algo em torno de 50%.
Já o tempo de recarga de 10% para 100% com o carregador de 20 W que acompanha o produto foi de 2h40min.
É provável que a maioria das pessoas precise de um tablet somente para tarefas simples, como assistir a vídeos, ler livros e jogar alguma coisa de vez em quando. Mas, quando elas pesquisam, acabam encontrando opções muito caras ou básicas demais.
O Moto Tab G70 é uma opção interessante por ficar ali no meio. Ele pode não ter um hardware adequado para quem faz edição de vídeos, por exemplo, mas, para tarefas menos exigentes, ele se sai muito bem.
A tela, com as sua 11 polegadas e resolução 2K, é ótima para consumo de conteúdo. O acabamento é sóbrio e robusto, a bateria tem autonomia decente e o hardware básico faz o seu trabalho de modo consistente.
De modo geral, é bom ver que, entre as grandes marcas, a Samsung não está mais sozinha em tablets no Brasil. Falando na marca coreana, que fique claro que o Moto Tab G70 briga diretamente com o Galaxy Tab S6 Lite.
É verdade que o preço oficial de R$ 2.399 — ou R$ 2.599 para a versão com LTE — é um tanto alto para a configuração que a gente encontra aqui. Mas, você sabe, tudo está muito caro no Brasil. Como sempre, esperar o preço baixar ou uma promoção aparecer é o melhor caminho para quem quer economizar.
Se nessa busca você se deparar com o P11 Plus, vá em frente. Só para reforçar o que eu disse no início do review, o tablet da Lenovo é igual ao Tab G70. Então, tudo o que foi dito nesta análise vale para ele também.