Review Galaxy A9: quatro câmeras para te ver melhor (ou não)

Galaxy A9 é um intermediário premium com quatro câmeras na traseira, mas elas não impressionam

Emerson Alecrim
• Atualizado há 5 meses
Samsung Galaxy A9

Não são duas, não são três. São quatro câmeras na traseira. Exagero ou não, essa é a característica mais marcante do Samsung Galaxy A9, intermediário premium que foi anunciado lá fora em outubro de 2018, mas deu as caras no Brasil no começo de 2019.

Além da quantidade de olhos, o smartphone tem entre os seus atributos uma tela full HD+ de 6,3 polegadas, processador Snapdragon 660, 6 GB de RAM e 128 GB para armazenamento interno de dados.

Por tudo isso e mais um pouco a Samsung sugere surreais R$ 3.199. Mas já dá para encontrar o aparelho por preços próximos a R$ 2.000. Nessas condições, vale a pena? Eu usei o Galaxy A9 (2018) por alguns dias e conto tudo o que descobri sobre ele a partir de agora.

Em vídeo

Design

Logo na primeira olhada, o Galaxy A9 me lembrou o Galaxy A7. Ambos são mesmo parecidos no design, mas há diferenças notáveis. Um exemplo: em vez da lateral direita, o A9 traz o sensor de digitais na traseira.

Prefiro assim, mas acho que o leitor podia ficar um pouco mais para baixo para facilitar o alcance, afinal, o smartphone é grandalhão. Ao menos o sensor é rápido e, nos meus testes, funcionou sem erros.

Samsung Galaxy A9

Outro diferencial em relação ao Galaxy A7 é o botão no lado esquerdo que ativa a Bixby. Não é nada muito útil, na verdade, até porque ela ainda não fala português, mas você pode configurar a tecla para, paralelamente à assistente, abrir um aplicativo com um toque ou dois.

Samsung Galaxy A9

Os controles de volume e o liga / desliga estão no lado direito, enquanto a gaveta para chips — com espaço para dois SIM cards mais um microSD — foi posicionada na parte superior. Lá embaixo estão a conexão para fones de ouvido, o alto-falante externo e a porta USB-C — diferente do A7, que vem com micro-USB.

Por sua vez, o acabamento é robusto, pelo menos em parte: o aparelho tem corpo de metal, mas a traseira é um vidro que, apesar de dar uma boa incrementada no visual, provavelmente vai se estraçalhar com vontade na menor das quedas. Uso de capinha é praticamente uma obrigação aqui.

Samsung Galaxy A9

Tela e som

O Galaxy A9 vem com uma tela Super AMOLED de 6,3 polegadas, resolução de 2220×1080 pixels (full HD+) e formato 18,5:9. Não existe notch aqui e as bordas são um tantinho generosas, mesmo assim, o painel agrada por ser amplo.

As impressões positivas são reforçadas pela vivacidade de cores típica do AMOLED, pela pouca perda de tonalidade na visualização sob ângulos variados e pelo brilho máximo intenso o suficiente para uso confortável do celular em condições de muita claridade — neste ponto, devo destacar que o ajuste automático de brilho é rápido e preciso.

Samsung Galaxy A9

É difícil errar com tela Super AMOLED. Mas é fácil errar com o som. Felizmente, não é o caso aqui: o alto-falante do Galaxy A9 não é espetacular, mas tem bom volume e áudio claro, embora você possa notar alguma distorção no nível máximo.

Se você usar fones de ouvido, poderá ativar o Dolby Atmos na área de notificações para ter uma sensação de tridimensionalidade — não faz grande diferença, mas funciona.

Software

O Galaxy A9 foi lançado com o Android 8.0 Oreo, mas assim que configurei o aparelho surgiu uma notificação: a atualização para o Android 9 Pie já estava disponível. Esse detalhe soma pontos. O mesmo vale para a interface One UI, criada especialmente para essa versão do Android. Ela é bastante otimizada para telas grandes, de modo que você tenha menos dificuldades para usar o dispositivo com apenas uma mão.

Um exemplo de como a combinação do Android 9 com a One UI é prática: se você tocar no botão de multitarefa, o A9 vai exibir os últimos cinco apps abertos na parte inferior da tela. Já se você puxar a área de notificações, ele também vai chegar até o fim da tela. Também vale mencionar que, em várias ferramentas — o menu de configurações, por exemplo — as opções aparecem do meio da tela para baixo.

Samsung Galaxy A9 - One UI

A One UI também vem com um visual mais limpo e organizado, e alguns ícones mudaram. Nas funcionalidades, merece destaque a possibilidade de ativar o modo noturno do Android 9 nas notificações, bem como desabilitar a barra navegação e, assim, substituir os botões do Android por gestos — é estranho no começo, mas rapidinho você pega o jeito.

Entre os recursos próprios da Samsung está o bom e velho Pasta Segura (protege apps e arquivos importantes com criptografia), o Dual Messenger (possibilita o uso de duas contas do WhatsApp ou outro mensageiro no aparelho), o Samsung Pay e o Espaço Infantil, que permite que você crie uma área com aplicativos próprios para crianças.

Samsung Galaxy A9 - One UI

Câmeras (e bota câmeras nisso)

O Galaxy A9 traz quatro câmeras na traseira. Qual a necessidade disso? Uma das razões dadas pela Samsung é que elas vão permitir ao usuário — principalmente o público jovem — fazer uma grande variedade de fotos para as redes sociais. Mas é bom não ter grandes expectativas.

Samsung Galaxy A9

A câmera principal é a terceira de cima para baixo. Ela traz 24 megapixels e abertura f/1,7. Sozinha, no modo automático, ela gera fotos que são, no máximo, ok. Frequentemente, dá para notar inconsistências no balanço de branco e uma definição que deixa impressão de que poderia ser mais caprichada.

Se você ativar a opção Foco Dinâmico no app de fotos, o sensor principal vai trabalhar com a quarta câmera para registrar imagens com fundo desfocado. Essa câmera tem 5 megapixels e abertura f/2,2.

Os resultados são interessantes e é difícil encontrar falhas na desfocagem. Além disso, você pode ajustar o nível de desfoque depois de a foto ter sido tirada. Só o tempo de disparo que podia ser um pouco menor.

Na minha opinião, a câmera do topo é a que tem a proposta mais legal. Ela vem com 8 megapixels e abertura f/2,4. Gosto dela por conta da lente grande angular de 120 graus, que permite o registro de fotos com efeito curvado nas bordas ou, principalmente, que cobrem uma área maior.

Mas é preciso ter em mente que, por conta da abertura menor, as imagens registradas com ela tendem a ficar mais escuras. Em cenários claros, esse aspecto não costuma ser um problema. Mas em ambientes fechados ou com áreas de sombra, por exemplo, detalhes podem ser perder.

Resta agora a última câmera, a segunda de cima para baixo. Ela vem com 10 megapixels, abertura f/2,4 e zoom óptico de até 2x. Pois bem, o zoom em si realmente funciona, mas a definição nem sempre é das melhores, principalmente no que diz respeito a objetos mais distantes.

Além disso, às vezes o A9 tenta clarear a imagem para compensar a abertura menor, mas acaba exagerando. Aí você precisa tentar de novo, só que ajustando a luminosidade manualmente no app de câmera. Paciência.

À noite, não tem milagre: os ruídos ficam muito evidentes e o pós-processamento afeta bastante a definição:

Um comparativo entre a câmera principal, a de zoom e a grande angular:

No fim das contas, a câmera frontal é que a me agradou mais. Com seus 24 megapixels e abertura f/2,0, ele registra selfies com boa coloração e nitidez. Só é preciso tomar cuidado com os efeitos de suavização, pois eles são meio exagerados. E, sim, existe um modo retrato aqui, auxiliado por software, mas existe. Não é perfeito, mas quebra um galho.

Hardware e bateria

No hardware básico, duas características chamam atenção no Galaxy A9: os 6 GB de RAM e os 128 GB de armazenamento. É uma maravilha não ter que se preocupar com o risco de lotar o aparelho e, se esse dia chegar, dá para amenizar o problema com um microSD de até 512 GB.

Já o processador é o octa-core Snapdragon 660 acompanhado da GPU Adreno 512. É um chip que deu conta de absolutamente todas as tarefas que eu executei, sem travamentos ou lentidões. O multitarefa funciona bem, permitindo que você alterne entre aplicativos abertos rapidamente ou deixe apps rodando em segundo plano sem apresentar gargalos.

Porém, o Snapdragon 660 perde um pouco de fôlego na parte gráfica. Em jogos como Asphalt 9 e Unkilled, deu para notar uma queda na taxa de frames que, apesar de não prejudicar a experiência, vai incomodar os mais perfeccionistas. Nos games, é melhor deixar as configurações gráficas no automático.

Desempenho no AnTuTu 7.1.7, 3DMark 2.0 e Geekbench 4.3.2
Desempenho no AnTuTu 7.1.7, 3DMark 2.0 e Geekbench 4.3.2

Agora, a bateria. Para testá-la, rodei um vídeo de duas horas na Netflix e meia hora de YouTube, ambos com brilho máximo na tela, joguei Asphalt 9 por 20 minutos e Unkilled por outros 20, executei o Spotify por uma hora e meia via alto-falante, fiquei outra hora e meia usando sociais e Chrome, e conclui com uma chamada de dez minutos.

Comecei pela manhã com 100% de bateria e fiz os testes ao longo do dia. Por volta das 22:00, ainda havia cerca de 40% de carga. Nada ruim para uma bateria de 3.800 mAh. Dá para passar um dia inteiro com o smartphone longe da tomada ou, ativando o modo de economia de energia, chegar ao fim do segundo dia com pelo menos uns 10% de carga.

O tempo de recarga de 15% para 100% com o carregador rápido que acompanha o Galaxy A9 foi de aproximadamente 1h30min.

Conclusão

O Galaxy A9 (2018) é um ótimo smartphone. O chip Snapdragon 660 não é dos mais potentes, mas dá conta do recado, o aparelho tem memória RAM de sobra, os 128 GB de capacidade vão exigir que você se esforce muito para lotar o armazenamento e a tela, ampla que é, oferece ótima experiência de uso.

Mas as câmeras ficam aquém do esperado. É irônico dizer isso justamente de um celular que traz quatro delas câmeras na traseira, mas a verdade é que elas não impressionam. Que fique claro que as fotos feitas com o A9 não são ruins, mas, para um aparelho tão focado em fotografia, faltou mais cuidado com parâmetros como coloração e definição.

Samsung Galaxy A9

Se você estiver procurando um smartphone intermediário, tecnicamente, o Galaxy A9 é uma ótima pedida. Agora, se você busca um celular que capricha nas fotos, continua valendo mais a pena recorrer a um topo de linha — talvez uma Galaxy S9, que já está custando mais ou menos o valor de um A9.

Para o primeiro caso, só feche negócio se o preço for convidativo. É óbvio que o A9 não vale R$ 3.199, tanto que a Samsung já baixou o preço oficial dele para R$ 2.799. Ainda está caro, mas já dá para encontrá-lo por volta de R$ 2.000 no varejo. Eu diria que o ideal é não pagar mais do que R$ 1.800 por ele.

Leia | Como limpar a galeria de fotos inúteis no Android

Especificações técnicas

  • Processador: octa-core Snapdragon 660 de 2,2 GHz
  • GPU: Adreno 512
  • RAM: 6 GB
  • Memória interna: 128 GB (109 GB livres);
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 512 GB
  • Bateria: 3.800 mAh
  • Câmeras traseiras:
    • principal de 24 megapixels e abertura f/1,7
    • grande angular de 8 megapixels e abertura f/2,4
    • teleobjetiva (zoom de 2x) de 10 megapixels e abertura f/2,4
    • profundidade de 5 megapixels e abertura f/2,2
    • acabou, ufa!
  • Câmera frontal: 24 megapixels com abertura f/2,0
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11ac, GPS, GLONASS, Bluetooth 5.0, NFC, rádio FM, USB-C
  • Dimensões: 162,5 x 77 x 7,8 mm
  • Peso: 183 gramas
  • Plataforma: Android 8.0 Oreo com update para o Android 9 Pie
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, luminosidade, bússola, impressões digitais
  • Tela: Super AMOLED de 6,3 polegadas, resolução de 2220×1080 pixels (411 PPI) e formato 18,5:9

Review Galaxy A9

Prós

  • Tela interessante
  • Bateria com boa autonomia
  • A interface One UI é bem legal

Contras

  • Nem sempre mais é melhor (câmeras)
  • Esse preço aí...
Nota Final 8.9
Bateria
9
Câmera
8
Conectividade
10
Desempenho
9
Design
8
Software
9
Tela
9

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.