Review Galaxy J5 Prime: bonito por fora
Por R$ 999, novo intermediário da Samsung traz avanços importantes para a linha, mas ainda peca em quesitos básicos
Por R$ 999, novo intermediário da Samsung traz avanços importantes para a linha, mas ainda peca em quesitos básicos
Não importa se a gente se perde no meio desse sem-fim de smartphones Galaxy lançados todos os anos. Como essa estratégia funciona, a Samsung não vai desistir dela tão cedo. Prova disso é o recém-lançado Galaxy J5 Prime, modelo com tela de 5 polegadas que vem para disputar espaço com aparelhos que custam por volta de R$ 1.000.
No Brasil, a Samsung posiciona o Galaxy J5 Prime como o sucessor do Galaxy J5 Metal, smartphone lançado por aqui no ano passado (apesar de, lá fora, o J5 Prime também ter sido anunciado em 2016), mas que continua com especificações atuais. Porém, o novo modelo traz características como leitor de impressões digitais e 32 GB de espaço para armazenamento de dados (contra 16 GB do J5 Metal).
Será que esses e outros atributos fazem o Galaxy J5 Prime ser mais interessante do que o seu antecessor? Eu usei o aparelho por alguns dias. Nas próximas linhas, relato todas as minhas impressões sobre ele. Me acompanhe.
Chega a ser engraçado. Apesar do nome, o Galaxy J5 Metal só tem superfície metálica nas laterais. A traseira possui uma textura que, embora lembre metal na versão dourada, é de toda de plástico. O Galaxy J5 Prime é diferente: a traseira e as laterais formam uma peça única de alumínio com acabamento escovado.
É uma mudança bem-vinda. Além de deixar o aparelho com um visual mais sofisticado e equilibrado, a superfície metálica repele manchas e, pelo menos nas laterais, gera atrito suficiente para você não deixar o dispositivo escorregar da mão.
Em contrapartida, a tampa traseira deixou de ser removível. Por conta disso, o acesso ao microSD e aos dois SIM cards (do tipo nano SIM) é feito por meio de duas discretas ranhuras no lado esquerdo. Isso fez os controles de volume ficarem um pouquinho mais altos, mas não o suficiente para incomodar.
Na lateral direita fica o botão Liga / Desliga e, um pouco mais acima, a saída externa de áudio. Eu não gosto dessa posição. Muita gente não vê problemas aí, mas eu sempre acabo tampando o alto-falante com a ponta do dedo ao segurar o smartphone na horizontal. Tirando esse detalhe, o Galaxy J5 Prime me pareceu um aparelho bastante confortável, com bom encaixe nas mãos.
A tela mudou. Saiu um painel Super AMOLED de 5,2 polegadas (do J5 Metal) e entrou um display TFT LCD de 5 polegadas. Do ponto de vista da ergonomia, não achei essa mudança ruim — para quem não tem mãos grandes, fica mais fácil alcançar todos os pontos da tela com esse tamanho, sem contar que o smartphone ficou menor e, assim, não incomoda no bolso da calça.
Como é de se esperar para a categoria do aparelho, a resolução do Galaxy J5 Prime é de 1280×720 pixels. Também não é ruim. Porém, tive impressão de que, na comparação com o J5 Metal, houve ligeira queda de qualidade aqui. As cores da tela são fortes, mas me pareceram um pouco mais frias que na geração anterior.
Além disso, se você não visualizar a tela bem de frente, vai notar perda de tonalidade com facilidade, principalmente nos pontos mais escuros das imagens.
Os níveis máximos de brilho são fortes o suficiente para você enxergar a tela em ambientes externos com forte incidência de luz solar, mas talvez você tenha que fazer algum esforço — há telas com mais brilho por aí. Mas o que mais me incomoda é a insistência da Samsung em não colocar um sensor de luminosidade. Não sei quanto a você, mas considero esse item obrigatório, mesmo em smartphones baratos.
A Samsung lançou o Galaxy J5 Prime em junho, ou seja, na metade de 2017, praticamente. Apesar disso, o aparelho sai de fábrica com o Android 6.0 Marshmallow e, embora a ideia não esteja descartada, não há previsão de atualização para o Android 7.0 Nougat.
Seguimos sem novidades com relação ao software, portanto. O lado “menos ruim” disso é que não há inconsistências: o sistema operacional não foi excessivamente modificado, a interface TouchWiz está estável e não há excesso de apps de terceiros pré-instalados, só os aplicativos do Microsoft Office e o Opera Max, basicamente, além das obrigatórias ferramentas do Google.
Eu ficaria feliz se pelo menos a Samsung tivesse habilitado a função que permite transformar rapidamente o microSD em uma extensão da memória interna. Pois é, não rolou.
Não espere fazer fotos fascinantes com o Galaxy J5 Prime. Com sensor de 13 megapixels, lente de abertura f/1,9 e foco automático, a câmera traseira é, no máximo, ok. Você vai registrar imagens boas — mas não ótimas — em ambientes bem iluminados, mas também vai sofrer quando houver pouca luz.
Em condições favoráveis de luz, as fotos saem com cores vivas e níveis aceitáveis de ruído (considerando a categoria do dispositivo), mas há perda de definição, principalmente nas áreas mais escuras e nas extremidades das fotos.
Felizmente, dá para amenizar os problemas ativando o HDR. Esse modo não faz milagres, mas dependendo das circunstâncias, consegue equilibrar as cores e clarear imagens que, sem o recurso, ficariam mais escuras.
À noite ou em ambientes fechados, porém, vai sobrar ruído. De modo geral, essa é uma câmera básica, que nos lembra com determinação a categoria mediana do Galaxy J5 Prime.
Na parte frontal, o aparelho disponibiliza uma câmera de 5 megapixels, abertura f/2,2 e flash LED. Novamente, você vai conseguir fazer fotos boas, mas não ótimas. A coloração é ok, não há muito ruído e a perda de definição está dentro do aceitável, mas a situação piora consideravelmente se faltar luz. Às vezes nem o LED salva.
A Samsung equipou o Galaxy J5 Prime com um Exynos 7570 — chip com quatro núcleos Cortex-A53 de 1,4 GHz — e GPU Mali-T20. É um conjunto condizente com um aparelho intermediário e que dá conta da grande maioria das aplicações. Mas a memória RAM, com 2 GB de capacidade, pode aparecer como a vilã da história em determinadas situações.
O Galaxy J5 Prime executou bem todas as tarefas básicas: reprodução de áudio e vídeo, navegação na web, redes sociais (como Facebook e Twitter), WhatsApp, entre outros. Porém, eu notei que alguns apps foram um pouco vagarosos no momento de abrir ou carregar informações. Aconteceu muito com o Chrome e o Google Maps.
Não foi nada que atrapalhasse a experiência, mas se você tiver muitos apps abertos, talvez vai precisar de uma dose de paciência para alternar entre um e outro.
Dá para rodar jogos pesados no Galaxy J5 Prime? Dá, mas deixando as configurações gráficas no mínimo ou no ajuste automático. Em Unkilled, por exemplo, os níveis máximos frequentemente fizeram a taxa de quadros cair e, olha, é um tanto frustrante ser mais lerdo que um zumbi.
A bateria é que me deixou preocupado. Ela tem apenas 2.400 mAh. Para testá-la, executei as seguintes tarefas: filme O Poderoso Chefão (2h57min) via Netflix com brilho máximo na tela, cerca de 20 minutos de Unkilled (brilho médio), meia hora de streaming de áudio (com alto-falante no máximo) e uma chamada de dez minutos.
Após tudo isso, a carga da bateria caiu de 100% para 44%. Isso significa que você vai ter que pegar leve no uso se quiser deixar o Galaxy J5 Prime um dia inteiro longe da tomada. Com o carregador que acompanha o aparelho, precisei de pouco mais de duas horas e meia para fazer a carga pular de 10% para 100%.
Durante o teste com streaming, percebi que o alto-falante tem volume máximo aceitável. A qualidade não é das melhores — é comum o som ficar muito estridente —, mas baixo o áudio não fica. Como disse no início do review, a posição da saída é que incomoda de verdade. De todo modo, se você usar fones de ouvidos (dos bons, não o que acompanha o aparelho), vai ter uma experiência auditiva muito mais interessante.
Nem parece, mas o botão físico frontal é também um leitor de impressões digitais — é um dos pontos fortes do Galaxy J5 Prime, como você sabe. A leitura funciona bem, desbloqueando o smartphone sem que você tenha que pressionar o botão ou ligar a tela. No entanto, tive impressão de que a leitura é discretamente mais demorada que em outros smartphones, como o Moto G5.
Coloque o Galaxy J5 Prime ao lado dos últimos cinco ou seis intermediários lançados pela Samsung. Provavelmente, você terá dificuldade para diferenciá-los. É praticamente impossível se desvencilhar da sensação de “mais do mesmo”.
Mas, como eu disse no início do review, essa é uma estratégia que funciona para a Samsung, pelo menos para fisgar os consumidores que correm para as lojas para comprar um smartphone sem ter um modelo específico em mente. O que importa para esse público, frequentemente, é encontrar algo com boa relação custo-benefício.
De fato, para quem não quer gastar muito, o Galaxy J5 Prime é uma opção. Você não vai fazer fotos excelentes com ele ou ter ótima performance nos jogos, mas quem não foge muito do uso padrão de um smartphone vai ser bem atendido. O aparelho é consistente naquilo que mais importa para a sua categoria: dar conta do básico.
O problema é que, na comparação com a concorrência, o Galaxy J5 Prime sai em desvantagem. O modelo tem preço oficial de R$ 999, o mesmo valor cobrado pelo Moto G5, por exemplo, que leva vantagem na tela (full HD), nos sensores e na câmera traseira que, apesar de também não ser lá essas coisas, me pareceu gerar fotos com tons mais vivos.
No fim das contas, vale aquela velha lei que a gente aprendeu a usar bem: espere o preço no varejo cair. Quando o Galaxy J5 Prime estiver custando por volta de R$ 800 ou mesmo R$ 700, aí sim o tal do custo-benefício vai ser perceptível.