Ministro das Comunicações diz que 5G DSS não é 5G, mas GSMA rebate

Entidade que representa operadoras e fornecedores de telecomunicações discorda de ministro e afirma que 5G DSS também é 5G

Lucas Braga
• Atualizado há 3 anos
iPhone 12 Pro Max (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
iPhone 12 Pro Max conectado no 5G DSS da Claro (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

O 5G DSS já é realidade no Brasil desde julho de 2020, mas a tecnologia que reaproveita o espectro do 4G é alvo de críticas do ministro das Comunicações, Fábio Faria. Ele diz que o 5G atualmente divulgado pelas operadoras não é a quinta geração de verdade. A GSMA, associação que representa teles em todo o mundo, rejeita a colocação do político.

Em entrevista ao UOL, Faria afirmou: “Esse 5G que está aparecendo em vários celulares não é o 5G ainda, nem o Standalone e nem o Non-Standalone”. Ele diz que as operadoras não estão enganando o consumidor, mas que a tecnologia DSS faz parte de um período de testes e que isso também ocorreu na mudança do 3G para o 4G.

O ministro também quer que as operadoras chamem a tecnologia de “quatro ponto alguma coisa”, uma vez que o sinal do 5G DSS é o mesmo do 4G: “A expectativa do 5G é muito grande e isso pode frustrar a expectativa de algumas pessoas, que acham que já têm o 5G e veem que o sinal é o mesmo do 4G”.

GSMA diz que 5G DSS também é 5G

A GSMA, associação global que reúne diversas operadoras e fornecedores de telecomunicações, defende o padrão 5G DSS. Ela diz que a tecnologia de compartilhamento de espectro faz parte da quinta geração, ao contrário do que foi dito pelo ministro Faria.

O diretor de tecnologia e estratégia da GSMA para a América Latina, Alejandro Adamowicz, afirmou ao Telesíntese que o DSS é um padrão estabelecido pela 3GPP [organização mundial para padronização de telefonia móvel] e permite aproveitar as frequências do 4G para o 5G.

O executivo também afirma que o 5G DSS é um serviço diferente do 4G, mesmo que utilizem a mesma frequência. O padrão de compartilhamento de espectro foi definido nas versões 15 e 16 do 3GPP e pode ser considerado como primeiro passo para a implementação do 5G com frequências dedicadas.

O que as operadoras pensam do 5G DSS

A Claro é a tele que mais defende o padrão: a empresa foi a primeira a ativar uma rede DSS no Brasil, e possui o serviço em 14 cidades. A operadora costuma veicular campanhas publicitárias destacando a quinta geração, mas diz nas linhas menores que se trata do estágio inicial do 5G no Brasil.

Motorola Moto G 5G Plus (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Teste de velocidade com 5G DSS da Claro em um Moto G 5G Plus (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

As outras operadoras possuem certa parcimônia e não costumam divulgar tanto o padrão. No lançamento da rede DSS em julho de 2020, a Vivo afirmou que a experiência do 5G não pode ser sentida com as redes de compartilhamento de espectro.

A TIM também aposta no DSS, mas não considera a tecnologia de compartilhamento de espectro como “5G de verdade”. A tele também defende a implementação da quinta geração com padrão Standalone, com rede 100% independente do 4G já existente.

Praticamente fora do mercado de telefonia móvel, a Oi instalou a tecnologia 5G em Brasília mas não adotou a tecnologia de compartilhamento de espectro. A empresa dedicou 10 MHz de espectro para a quinta geração, e sua rede cobre 80% da cidade.

Leia | O que é o 5G DSS que temos no Brasil? Saiba como funciona a tecnologia de redes móveis

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.