Rival do Google, DuckDuckGo esconde fake news da Rússia e irrita usuários
Fundador e CEO do DuckDuckGo tomou medida para limitar o alcance de sites associados a fake news pró-Rússia, e postagem recebe “ratio” no Twitter
Como muitas empresas de tecnologia, o DuckDuckGo, rival do Google, resolveu tomar partido na chamada “guerra de informação”, paralela à invasão da Rússia à Ucrânia. O buscador limitou o alcance em pesquisas de sites associados à desinformação russa. Mas parece que a sua base de usuários, principalmente os mais fiéis, não gostou nenhum pouco.
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O fundador e CEO do DuckDuckGo, Gabriel Weinberg, publicou a decisão em seu Twitter na terça-feira (8). Ao anunciar a medida, ele escreveu: “Como tantos outros, estou com nojo da invasão da Rússia à Ucrânia e a enorme crise humanitária que ela continua a gerar. #StandWithUkraine (ou #EstamosComaUcrânia)”.
Contudo, a mensagem repercutiu mal entre usuários do DuckDuckGo. A maioria das respostas ao post de Weinberg são negativas. As pessoas que preferem usar o buscador em vez de Google ou até Bing disseram que vão procurar outra ferramenta. Uma delas escreveu:
“As respostas a esse post têm sido incríveis. Vocês percebem que a maioria da base de usuários ficou decepcionada com esse pronunciamento? Clientes de longa data, e sobretudo mais leais [ao DuckDuckGo], estão pensando em abandonar a plataforma. Por favor, reconsiderem o posicionamento. É um precedente delicado para todos nós.”
E não são apenas usuários desconhecidos que reagiram negativamente ao anúncio do DuckDuckGo. Larry Sanger, um dos fundadores da Wikipedia, comentou que uma “reunião de conselho é necessária para reaver a atitude da empresa”.
DuckDuckGo atraiu usuários revoltados com as big techs
O que acontece: a maioria das plataformas alternativas aos serviços das chamadas big techs, como Google, Meta e Twitter, diz priorizar a “liberdade de expressão”. Redes sociais como Parler, Gettr e Truth Social ganharam usuários por não terem o mesmo grau de moderação de suas rivais dominantes no mercado.
O DuckDuckGo é uma alternativa ao Google focada em privacidade. Mas por estar nesse papel, o buscador atraiu usuários penalizados nos serviços das big techs, como YouTube e Facebook. Parte dessa base de clientes vê a limitação de desinformação como uma forma de “censura”.
O sucesso do DuckDuckGo é representado em números: o buscador alternativo tem 3% de participação no mercado de ferramentas de busca nos EUA, segundo o New York Times. Apesar de pequena, é uma representação significativa pensando na fatia abocanhada por Google e Bing.
Números do próprio DuckDuckGo apontam que sua base inclui 30 milhões de usuários nos EUA, todos de espectros políticos diferentes. Contudo, vale ressaltar que a ferramenta de busca vem ganhando fama entre teóricos da conspiração e membros da extrema-direita.
“Ratio” em post do CEO do DuckDuckGo
Quando se trata de bloquear sites que espalham desinformação pró-Rússia, ficou claro que a atitude do DuckDuckGo não agradou.
Uma das respostas com maior número de curtidas ao post do CEO do buscador é a de um usuário que escreveu: “o ponto do DuckDuckGo é que vocês não façam isso!”. Ela tem 12,9 mil likes, enquanto a postagem original não passa de 10,5 mil. No Twitter, isso é chamado de ratio: quando um usuário gera mais engajamento que o autor da publicação.
A tréplica de Gabriel Weinberg foi a seguinte: “todo o propósito da ferramenta de busca é mostrar conteúdos mais relevantes no lugar de links de menor relevância, e é isso que continuamos a fazer”.
O marketing de “privacidade primeiro” confundiu a maioria dos revoltados com o DuckDuckGo. Na verdade, o buscador já interviu nos resultados de pesquisa antes. Como, por exemplo, em junho de 2021, quando a famosa imagem do “homem do tanque” em Tiananmen Square sumiu das buscas, após também desaparecer do Bing.
Mas isso não parece ter evitado a maioria dos usuários de criticar o DuckDuckGo. Até a publicação desta matéria, o tweet de Weinberg tem mais de 26 mil comentários, margem de mais do que o dobro das curtidas.
Com informações: Mashable