Netflix pode estar considerando usar P2P em suas transmissões

Emerson Alecrim
Por
• Atualizado há 3 meses

Os serviços da Netflix respondem por mais de 30% de todo o tráfego da web na América do Norte. Por conta disso, a empresa está se vendo obrigada não só a lidar com a expansão de sua infraestrutura como também a fechar acordos com empresas de telecomunicações para evitar traffic shaping. Mas esta última medida pode ser temporária: é possível que, em futuro relativamente próximo, a empresa adote tecnologias P2P para resolver de vez o problema.

Explicando rapidamente, sistemas P2P (Peer-to-Peer) fazem com que cada dispositivo participante da rede atue tanto como cliente quanto como servidor, ou seja, receba dados de outros computadores e, ao mesmo tempo, transmita as informações que já tem. É este princípio que faz o BitTorrent funcionar tão bem há anos.

Hoje, as transmissões da Netflix são feitas, essencialmente, de maneira centralizada: uma infraestrutura que combina servidores, cabos ópticos, protocolos e afins envia os dados dos vídeos para todos os milhares de assinantes do serviço, gerando um tráfego substancial.

Netflix - Fachada

Com uma arquitetura P2P, os usuários que já possuem dados de determinados vídeos enviariam estas informações para outros dispositivos, fazendo com que o tráfego não fique tão dependente dos servidores.

E não estamos falando de nenhuma técnica futurista. Recentemente, a gente viu uma ideia similar funcionar razoavelmente bem com o Popcorn Time, aquele aplicativo que faz streaming de filmes e séries a partir de torrents, não dependendo de nenhum servidor.

No caso da Netflix, a ideia poderia ser aplicada de maneira mista às transmissões que são feitas hoje: os servidores da empresa iniciaram o streaming normalmente e, de acordo com aspectos como velocidade de conexão e proximidade física, os dispositivos que já receberam dados dos vídeos transmitiriam estas informações para outros assinantes.

Desta forma, a Netflix conseguiria diminuir a sobrecarga de seus servidores, evitar “congestionamentos” em suas redes, amenizar os efeitos de problemas técnicos em sua infraestrutura e, principalmente, combater a postura acusadora das empresas de telecomunicações, afinal, o tráfego estaria diluído.

É claro que soluções P2P não são tão milagrosas assim: a Netflix também precisaria lidar com várias “ciladas” técnicas, como o risco de o serviço prejudicar a velocidade de conexão do usuário na retransmissão ou mesmo deixar seu dispositivo lento.

House of Cards - só o começo do 4K na Netflix
House of Cards – só o começo do 4K na Netflix

É em virtude disso que, por ora, a preocupação da Netflix parece estar somente em estudar o assunto. A notícia de que a companhia poderá adotar tecnologias do tipo surgiu depois que a empresa publicou uma vaga para engenheiro de software sênior especializado em redes P2P.

A empresa ainda não se manifestou sobre o assunto, mas a descrição do cargo informa que o profissional terá entre as suas funções pesquisar a integração dos sistemas de streaming da Netflix – incluindo aí o Open Connect, uma espécie de sistema de cache – com arquiteturas P2P. Ou seja: ainda não há nada pronto.

Para quem não está nos bastidores da Netflix, a ideia toda pode até parece excêntrica, mas não é: se a companhia já está enfrentando problemas agora, imagine quando os usuários começarem a utilizar massivamente as transmissões em 4K do serviço.

Com informações: Ars Technica

Relacionados

Escrito por

Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.