Por que o Dropbox ainda é o melhor serviço de nuvem
Mesmo com a concorrência de gigantes da tecnologia, Dropbox continua sendo o melhor no que faz
Mesmo com a concorrência de gigantes da tecnologia, Dropbox continua sendo o melhor no que faz
Muita coisa aconteceu no mercado de armazenamento na nuvem desde 2007, quando o Dropbox nasceu. Oferecendo 2 GB de espaço e contando com sistema de indicações para fortalecer a base de usuários, o Dropbox tinha uma premissa diferente dos serviços de “disco virtual” da época. Não era guardar arquivos por guardar, mas manter suas informações sincronizadas e acessíveis em qualquer lugar.
Desde então, o Google entrou na jogada, após muita especulação, oferecendo suporte a inúmeros tipos de arquivos e aproveitando a potência dos servidores e expertise em buscas para tornar simples a tarefa de encontrar qualquer arquivo espalhado por aí. Com o Google Fotos, você não precisa mais se preocupar com espaço: todo mundo tem direito a armazenamento gratuito e ilimitado de fotos e vídeos.
A Microsoft fortaleceu o OneDrive e integrou sua plataforma ao Office 365. O custo-benefício do pacote é de impressionar: por menos da metade do que você pagaria ao Google ou Dropbox, é possível levar a suíte de produtividade da Microsoft, 1 TB de espaço e minutos no Skype. Desde o Windows 8.1, o OneDrive vem embutido no sistema operacional mais utilizado do mundo nos PCs.
Até a Apple passou a investir no mercado, tendo que rever sua decisão de evitar a todo custo um sistema de arquivos baseado em pastas: ainda hoje, o iOS foca na ideia de que cada aplicativo tem seu próprio espaço, não havendo um “gerenciador de arquivos” como no Android. Mas o iCloud Drive é exatamente isto: um serviço de nuvem que permite organizar tudo em pastas e arquivos, como já estamos acostumados.
Com tantas investidas de empresas multibilionárias, é curioso perceber que o Dropbox continua sendo o melhor serviço do gênero.
Eu já passei (ou ainda passo) pelos principais serviços de nuvem: tenho contato diário com o iCloud Drive por ser usuário de Mac e iPhone, utilizei o OneDrive durante quase um ano devido aos preços atraentes do Office 365 e ainda dependo do Google Drive porque todos os documentos do trabalho estão lá. Mas nenhum deles bate a rapidez, a estabilidade e as facilidades do Dropbox.
O LAN Sync é um dos recursos que mais gosto no Dropbox — não entendo por que os concorrentes ainda não copiaram essa funcionalidade. Se você possui mais de um computador, não precisa baixar todas as alterações de arquivos pela internet: o Dropbox puxa as informações das máquinas da rede local, o que obviamente é muito mais rápido e evita que a conexão fique congestionada.
O Dropbox é mais rápido porque possui uma tecnologia de sincronização mais eficiente: quando você altera parte de um arquivo, apenas essa parte é enviada aos servidores. Nos concorrentes, o arquivo inteiro é reenviado, o que pode consumir muito mais tempo. Esse diferencial é mais importante para quem trabalha com arquivos gigantes, como contêineres de partições criptografadas e discos de máquinas virtuais: uma sincronização que poderia demorar horas é feita em alguns segundos ou minutos.
Além disso, não foram raras as vezes em que precisei reiniciar a máquina no meio da sincronização de algum arquivo grande. Enquanto utilizava Google Drive ou OneDrive, o upload recomeçava do zero. O Dropbox entende que parte do arquivo já foi enviada e continua subindo apenas os dados que faltam. Considerando a média brasileira, meu upload é relativamente rápido (30 Mb/s), então o desperdício de tempo não é algo tão grave, mas ainda existe.
Por fim, o cliente de sincronização do Dropbox suporta links simbólicos, o que me permite sincronizar pastas localizadas em qualquer lugar do computador; não preciso jogar tudo na pasta do serviço. Google Drive e OneDrive simplesmente ignoram links simbólicos e não possuem nenhuma função para incluir arquivos de fora da pasta dedicada.
Não me lembro de nenhuma falha grave de sincronização no Dropbox, diferente da minha experiência mais recente com o Google Drive (nos últimos dias, migrei meus 800 GB de arquivos do Dropbox para aproveitar uma promoção de 1 TB por dois anos que ganhei do Google).
O aplicativo do Google Fotos, necessário para fazer backup automático de fotos no computador, falhava ao enviar determinadas imagens, sem exibir mensagens específicas de erro ou instruções de como eu poderia corrigir o problema de sincronização. Além disso, ele ficou travado ao tentar sincronizar mais de 214 mil fotos (que eu não possuo).
A sincronização do Google Drive, por algum motivo estranho, tende a duplicar arquivos e pastas. Eu só descobri que isso acontecia quando o Google me alertou que eu estava utilizando mais de 90% da minha cota (1.027 GB de 1.141 GB), o que era meio improvável, já que meus arquivos não chegavam a 900 GB no Dropbox. A julgar pelos relatos que recebi no Twitter, não pareço ser um caso isolado.
Não enfrentei problemas ao enviar arquivos para o OneDrive, apenas acessá-los depois que já foram enviados. Arquivos grandes (mais de 1 GB) que são pouco acessados ficavam basicamente inacessíveis na minha conta do OneDrive — ao tentar baixá-los, o servidor demorava vários minutos para processar a transferência, ou nem sequer começava o download.
Como a falha do OneDrive ocorreu em todos os meses em que utilizei o serviço, o problema não era temporário. Minha suspeita é que, para economizar custos, a Microsoft mantém os arquivos menos acessados em armazenamento frio. Os concorrentes, inclusive o Dropbox, devem adotar o mesmo esquema (é desperdício de dinheiro manter dados pouco acessados em servidores rápidos e caros), mas não geram essa inconveniência ao usuário final.
Outro destaque do Dropbox é o versionamento de arquivos. Quando você altera um arquivo, as versões anteriores são mantidas nos servidores do Dropbox por 30 dias, o que pode salvar vidas caso você tenha sobrescrito um arquivo importante por engano (depois que isso aconteceu comigo, passei a dar mais valor a essa função). O limitado OneDrive só possui versionamento em documentos do Office, enquanto o Google Drive “pulava” versões comigo ou, pior, duplicava o arquivo e colocava duas versões na mesma pasta.
Se você confia seus dados a um serviço de nuvem, o mínimo que se espera é que ele cuide bem dos seus arquivos. Falhas de sincronização, arquivos inacessíveis, problemas de versionamento e duplicação de dados não combinam com isso.
O Dropbox é o maior serviço independente que temos. Isso é ruim se você considerar que Google, Apple e Microsoft não são obrigadas a lucrar com suas plataformas de nuvem: eles podem aceitar algum prejuízo para oferecer serviços de armazenamento mais atraentes e compensar as perdas com outras áreas lucrativas, como publicidade, software ou vendas de smartphones. O Dropbox só trabalha com armazenamento na nuvem, então precisa ter lucro em sua única área de atuação para não fechar as portas.
Mas isso acaba sendo bom. O Dropbox é o serviço que funciona melhor em todas as plataformas: não importa se você usa Windows, OS X, Linux, Android, iOS ou Windows Phone, os aplicativos são igualmente bons em todos eles. Não se pode dizer o mesmo do Google Drive, muito menos do iCloud Drive. O OneDrive é mais equilibrado, mas também prioriza algumas plataformas no lançamento de recursos — ainda não é possível fazer backup automático de fotos no Mac, por exemplo. O Dropbox é mais democrático, justamente por não estar ligado a nenhum ecossistema.
Ele ainda transmite e armazena seus arquivos de maneira criptografada (AES–256) dificultando ou impedindo que uma possível invasão aos servidores resulte no vazamento de arquivos, por exemplo. A criptografia ainda torna mais custoso analisar os dados dos usuários para fins comerciais — as gigantes de tecnologia, como o Google, ganham dinheiro não apenas com assinaturas, mas também com as informações dos usuários, e a oferta de armazenamento gratuito e ilimitado do Google Fotos não é um simples gesto de bondade.
É claro que o Dropbox não é perfeito. Ele pode não ser a melhor opção para todo mundo, especialmente para quem é fiel a algum ecossistema. Entre os principais serviços do gênero, o Dropbox é o menos atraente em termos de espaço gratuito, oferecendo os mesmos 2 GB que oferecia oito anos atrás. E o CEO Drew Houston já mandou avisar que não briga por preço: foi o último a oferecer plano de 1 TB por US$ 9,99 e nem se deixou abalar pela fracassada oferta ilimitada do OneDrive.
Mas o Dropbox ainda é o serviço que, depois de todos esses anos, mesmo com a concorrência de gigantes da tecnologia, consegue ser o melhor em fazer o que precisa fazer: sincronizar arquivos na nuvem. Com 500 milhões de usuários e a posição de líder no mercado corporativo, com 24% de fatia de mercado, eles ainda não parecem ter se desesperado com os rivais.
Eu fiquei bastante incomodado com o Dropbox depois da notícia de que eles estavam descontinuando o Mailbox e o Carousel, dois aplicativos que gostava muito. Mas, pensando bem, se o objetivo da empresa realmente é “focar no produto principal”, como eles dizem ser, acredito que está tudo bem, a julgar pelo bom trabalho que andam fazendo.
Pelo que tenho observado, as empresas que trabalham num único produto tendem a oferecer o melhor serviço. É assim com o Spotify. É assim com o Evernote. E, pelo visto, também é assim com o Dropbox.