O que esperar dos smartphones da Nokia com Android

Paulo Higa
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• Atualizado há 11 meses

A Nokia confirmou sua volta ao mercado de smartphones em 2017. Os celulares, que vão rodar Android, serão produzidos por outra empresa, também finlandesa: a HMD Global, que comprou os direitos da icônica marca por 10 anos. Os detalhes dos aparelhos que serão lançados continuam em segredo, mas uma entrevista com os executivos da HMD Global acaba de nos dar mais algumas pistas.

A entrevista foi publicada na segunda-feira (5) pelo indiano The Economic Times. O CEO Arto Nummela reforçou que a marca Nokia estará presente no mundo inteiro, diferente do que aconteceu com o tablet N1, produzido pela Foxconn, que ficou restrito a poucos mercados, como China e Rússia. O executivo diz que a ideia é tornar a Nokia um player global logo no início das operações.

Eu sei que você queria um N95 nos bons tempos da Nokia

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Ele cita a Índia como um dos principais mercados, o que é uma boa notícia para quem espera pela marca no Brasil — em ambos os países, a Nokia era uma potência no mercado de celulares. Isso não era verdade nos Estados Unidos, por exemplo, onde os finlandeses nunca tiveram muito sucesso: eles tinham dificuldade em competir com Motorola, LG e Samsung, donas de fatias de mercado bem maiores, mesmo na era dos celulares simples.

Os aparelhos serão produzidos na Foxconn, já que as fábricas de celulares da Nokia foram vendidas pela Microsoft — o que inclui a antiga linha de produção em Manaus (AM). Eles contam com a presença da Foxconn no mundo inteiro, inclusive no Brasil, para expandir a marca Nokia globalmente. A HMD Global pretende investir mais de US$ 500 milhões em três anos ao redor do mundo.

Os smartphones deverão atender a uma ampla faixa de preços, porque a marca Nokia “não exclui nenhum segmento de consumo e não possui um selo elitista”, segundo Nummela. E o foco não será em números impressionantes de hardware: “Nós seremos extremamente competitivos em termos de especificações e preço, mas não pretendemos destacar os megapixels ou GHz”. Quanto ao design, “as pessoas imediatamente o reconhecerão como sendo Nokia”, diz o executivo.

Lumia 920: um dos últimos smartphones desenvolvidos pela Nokia

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A HMD Global, embora esteja apenas licenciando a marca Nokia e não seja a Nokia em sua plena forma, é comandada por veteranos da empresa finlandesa de celulares. O CEO Arto Nummela chefiava a divisão de dispositivos móveis da Microsoft na Ásia, Oriente Médio e África, enquanto o presidente Florian Seiche cuidava de vendas e marketing da Microsoft Mobile na Europa.

Mas, mesmo com toda essa positividade dos executivos, eu não espero que a HMD Global apresente o mesmo ritmo de inovações da Nokia nos anos 2000. A nova dona da marca começa com um tamanho bem menor, sem todo o poder de pesquisa e desenvolvimento da Nokia, que chegava a criar seus próprios chipsets e módulos de câmera. Além disso, a concorrência é extremamente complicada: apenas Apple e Samsung realmente conseguem lucrar com smartphones, e eu tenho dúvidas se a Nokia terá fôlego para sangrar bastante dinheiro antes de conquistar espaço.

Ainda existe espaço para a Nokia em 2017?

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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