WattUp é a tecnologia de recarga sem fio à distância que poderá equipar o iPhone
O iPhone 8 terá carregamento sem fio à distância? Por ora, é tudo rumor. Mas tecnologia para isso já existe.
O iPhone 8 terá carregamento sem fio à distância? Por ora, é tudo rumor. Mas tecnologia para isso já existe.
Há algum produto que é mais cercado de rumores do que o iPhone? Um dos burburinhos atuais diz que o iPhone 8 terá várias inovações, entre elas, um sistema de carregamento sem fio que funciona à distância. Será? Eu não sei, mas tecnologia para isso existe. Pelo menos é o que garante uma startup chamada Energous.
Smartphones com carregamento via indução eletromagnética já estão há algum tempo no mercado. O Galaxy S7 tem esse recurso, só para citar um exemplo recente. Esse tipo de tecnologia te livra do ritual de conectar o celular à tomada via cabo USB, mas exige que você o coloque sobre uma base de recarga que, obviamente, deve estar ligada à rede elétrica. Essa mesma tecnologia é usada para recarga de dispositivos como smartwatches e escovas de dente elétricas.
Em 2014, a Energous anunciou uma plataforma de carregamento sem fio que funciona de modo diferente. A WattUp, como é chamada (tudo bem, eu também li “WhatsApp” na primeira olhada), detecta dispositivos compatíveis que estão no mesmo ambiente, faz sincronização com eles e então começa a fazer a recarga à distância. É como um roteador, só que focado em energia em vez de sinal de Wi-Fi.
Na ocasião, a ideia não foi vista com muita empolgação, mas, no começo de 2015, a Energous deu mais detalhes sobre a plataforma na CES. Aí sim o assunto ganhou a merecida atenção.
A tecnologia da empresa segue em desenvolvimento, mas já é funcional. Basicamente, a plataforma WattUp é composta por um transmissor equipado com várias antenas (a quantidade pode variar conforme a aplicação) que envia ondas de rádio aos dispositivos sincronizados.
Para localizar os dispositivos compatíveis no ambiente, o transmissor usa Bluetooth LE (Low Energy). Depois que a comunicação é estabelecida, o equipamento emite ondas de rádio em frequências entre 5,85 GHz e 5,87 GHz que, no dispositivo receptor, são convertidas em corrente elétrica. Aí a recarga começa.
No estágio atual, a tecnologia da Energous é apropriada para dispositivos que lidam com menos de 5 watts de potência e que estejam em uma distância de, no máximo, 5 metros do transmissor. O equipamento atual pode alimentar até 12 dispositivos simultaneamente.
Quanto mais próximos os dispositivos estiverem do transmissor, melhor. De acordo com os resultados dos testes, a plataforma pode trabalhar com 4 watts caso o dispositivo esteja a uma distância de até 1,5 metro, 2 watts para distâncias entre 1,5 metro e 3 metros, e 1 watt para distâncias entre 3 metros e 4,5 metros.
Todo o processo é controlado por um software que consegue, entre outras funções, determinar as prioridades de recarga (dando mais atenção para dispositivos com pouca energia, por exemplo) e os níveis de potência para cada um deles. O software pode ser consultado ou configurado a partir da web ou via app móvel — com a ferramenta, dá até para encontrar em um mapa pontos de recarga gratuitos ou pagos.
A vantagem dessa proposta é óbvia e muito bem-vinda, né? É o fim da luta pela vida em um mundo em que há escassez de tomadas. Mas a própria Energous aponta outro benefício: você não precisa ficar lembrando sempre de recarregar os seus gadgets.
Basta entrar no raio de alcance do transmissor para que o aparelho se conecte e o carregamento inicie. Como múltiplos dispositivos podem ser conectados ao mesmo tempo, dá para recarregar também fones de ouvidos Bluetooth, controles remotos, smartwatches, caixas de som e por aí vai. Os receptores são pequenos, logo, podem ser colocados até em dispositivos portáteis.
Esse aspecto também pode compensar a demora na recarga (em comparação à recarga feita via cabo): o processo pode ocorrer enquanto você deixa o smartphone em standby sobre à mesinha da sala ou simplesmente à noite, enquanto você dorme.
Até aparelhos que não têm a tecnologia podem ser beneficiados, ainda que de forma indireta: um dos dispositivos que a Energous usou para demonstrar a tecnologia é uma capa para iPhone que contém um receptor WattUp; bastou então colocar a capa no aparelho para este ser recarregado.
E, não, não há riscos para a saúde. A Energous explica que a exposição à radiofrequência durante o carregamento fica muito abaixo dos limites estabelecidos pela FDA e outros órgãos regulatórios.
Se os rumores estiverem certos, teremos uma tecnologia sem fio de recarga à distância no iPhone 8 (ou no 9, vai saber). Se os rumores estiverem ainda mais certos, essa tecnologia será justamente a plataforma WattUp.
A empresa promove a ideia como uma tecnologia que pode ser empregada no ambiente doméstico, em escritórios, em sistemas de segurança, em centros médicos e por aí vai. Essa postura indica que a plataforma foi idealizada para ser licenciada e não exatamente para ser comercializada como produto final.
Coincidência ou não, fontes anônimas próximas à Apple têm relatado que a companhia está cada vez mais interessada nesse tipo de tecnologia e que, portanto, estaria há algum tempo conversando com possíveis parceiras. Uma dessas empresas é a Energous, segundo as fontes.
Naturalmente, nenhuma das partes confirma as conversações, mas, recentemente, a Energous revelou ter um acordo com uma das cinco maiores companhias de eletrônicos de consumo do mercado.
É possível que essa companhia seja a Microsoft ou a Samsung, por exemplo, mas há pistas que apontam para a Apple. Uma delas é o fato de a Dialog Semiconductor (empresa especializada em soluções de gerenciamento de energia) ter fechado um acordo com a Energous que envolve um investimento de US$ 10 milhões nesta última. Pois bem, a principal cliente da Dialog é a Apple.
Vindo pelas mãos da Apple ou não, o importante é saber que esse tipo de tecnologia não é coisa de ficção. Empolga mais ainda saber que há outras companhias trabalhando em ideias parecidas, como a WiTricity. Já que um tipo mais durável de bateria demorará bastante para aparecer, que a gente possa ao menos otimizar o uso da tecnologia que já temos.