Revistas de videogame – uma era perdida

Izzy Nobre
• Atualizado há 1 ano e 4 meses

Antes da popularização da internet – e, extrapolando um pouco mais, antes que praticamente todas as área do interesse humano ganhassem representação online -, a única forma que nós gamers tínhamos de acessar conteúdo sobre videogame eram as revistas impressas especializadas.

E como praticamente tudo que fez parte daquela época áurea que foi nossa infância/adolescência e que não existe mais da forma como lembrávamos, é impossível não ver as aquelas revistas sem sentir uma pontada de nostalgia. Não é à toa que tem tanta gente interessada em comprar revistas antigas em sites de leilão.

As revistas ainda existem, na verdade, mas eu me pergunto seriamente que tipo de pessoa ainda a compra. A internet trouxe algo que gerações anteriores só sonhavam – a liberdade quase total de informação -, de forma que alguns periódicos se tornaram praticamente obsoletos. A muito tempo se fala sobre a morte do jornal impresso, graças à rapidez com que sites jornalísticos conseguem atualizar suas páginas (pra não mencionar a gratuidade, o que sempre costuma atrair mais público); revistas de videogame sofrem um golpe similar, e com a desvantagem de que elas têm um público bem menor que folhetos noticiosos.

Todo site de gaming que se preze trás toda a informação que uma revista poderia trazer, além de conteúdo que a mídia impressa não pode reproduzir – conteúdo em vídeo (o que, em matéria de videogame, é essencial) e interação com outros leitores por meio de comentários e fóruns. É uma concorrência desleal mesmo.

A juventude atual terá dificuldades em compreender esse hábito dos mais velhos de romantizar um período que não era lá tão melhor que o atual, e quando paramos pra pensar realmente não faz sentido (por que celebrar os tempos da conexão dialup se tudo que queríamos na época era justamente as conexões rápidas que temos hoje, por exemplo?). Mas quem viveu aquela época nunca esquecerá da animação de descolar uns caraminguás dos pais, correr pra banca da esquina, e comprar justamente aquela revista cuja capa trazia uma matéria em que você estava fissurado há semanas.

Ou ser o único da turma com aquele exemplar de uma revista gringa, trazida do exterior por um parente imigrante, que listava todos os Fatalities de Mortal Kombat 2 e que estava disponível a você (e somente você!) semanas ou até mesmo meses antes da mesma informação chegar às revistas tupiniquins, te transformando num rei entre os amigos.

Caso você não seja exatamente um maníaco por consoles, posso te fazer compreender a nostalgia dessas publicações com três simples palavras (ou melhor, uma palavra, uma preposição e duas siglas): “Revista do CD-ROM”. Lembra daquela interface gráfica de navegação dos CDs que vinham com as revistas? Como esquecer, né?

Escolhi a revista acima pra ilustrar este texto porque ela é um bom exemplo do motivo pelo qual eu comprava revista de videogame naquela época – a total falta de acesso a informação que era característica daquele período antes do domínio da internet.

Eu e minha família estávamos de ida marcada aos EUA no final do ano de 1999, e tudo que eu mais queria na vida era um Dreamcast. Mas o console ainda não havia sido lançado, praticamente tudo que sabíamos era o nome do videogame. Quando vi a revista numa banca perto da minha escola, me movi no piloto automático pra compra-la. Foi como se meu braço tivesse tomado a decisão antes do meu cérebro.

Atualmente eu compro uma revista aqui e ali, puramente pelo aspecto nostálgico da coisa – ao terminar de folhea-la, ou eu já tinha lido tudo na internet, ou a informação é insuficiente e eu procurarei complementos na internet.

E vocês? Alguém aí ainda tem algum motivo maior pra comprar revistas de videogame?

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Izzy Nobre

Izzy Nobre

Ex-autor

Israel Nobre trabalhou no Tecnoblog entre 2009 e 2013, na cobertura de jogos, gadgets e demais temas com o time de autores. Tem passagens por outros veículos, mas é conhecido pelo seu canal "Izzy Nobre" no YouTube, criado em 2006 e no qual aborda diversos temas, dentre eles tecnologia, até hoje.