Samsung Galaxy Note 10 e 10+: uma olhada de perto
Novos smartphones da Samsung têm telas de 6,3 ou 6,8 polegadas, caneta S Pen mais inteligente e fim da entrada de fone de ouvido
Novos smartphones da Samsung têm telas de 6,3 ou 6,8 polegadas, caneta S Pen mais inteligente e fim da entrada de fone de ouvido
Direto de Nova York — A Samsung dividiu a linha Note em dois tamanhos em 2019. O Galaxy Note 10 é mais compacto que as gerações anteriores, com tela de 6,3 polegadas, enquanto o Galaxy Note 10+ mantém o formato gigante, mas com um painel ainda maior, de 6,8 polegadas. Os celulares têm hardware mais potente, aprenderam novos truques na caneta e abandonaram certas tecnologias.
Os novos aparelhos são iguais aos que estão sendo vazados há semanas, com furo central na tela, câmera tripla na traseira e nada de entrada de fone de ouvido, mas a Samsung ainda conseguiu guardar alguns segredos para o lançamento oficial. Eu fui conferir o Galaxy Note 10 e o Galaxy Note 10+ e conto minhas impressões nos próximos minutos.
É estranho, mas o Galaxy Note 10 não está tão… grande. A Samsung reduziu as bordas e adotou um furo na tela para abrigar a câmera frontal, como já havia feito no Galaxy S10. O resultado é que o Galaxy Note 10+ tem praticamente o mesmo tamanho do Galaxy Note 9, mas com uma tela maior, passando de 6,4 para 6,8 polegadas. Já o Galaxy Note 10 poderia até ser chamado de Galaxy Note 10 “mini”, porque é bem mais compacto. Nem precisa pedir para aumentar o bolso da calça.
Ambos os modelos ganharam as evoluções tecnológicas da linha S. Temos um leitor de impressões digitais ultrassônico, bem mais rápido e preciso que o adotado no Galaxy A50 e Galaxy A80; três câmeras na traseira (normal, ultrawide e telefoto), sendo que o modelo maior tem um sensor de profundidade; e melhorias na tela AMOLED, que possui suporte a HDR10+ e emite menos luz azul nociva para não atrapalhar seu sono.
Então chegamos aos pontos polêmicos: as tecnologias que a Samsung removeu. O Galaxy Note 10+ continua com uma bandeja para microSD, então você pode expandir a memória interna de 256 GB ou 512 GB sem problemas, como em quase todo Galaxy Note lançado até hoje. Mas quem comprar o modelo menor tem que se contentar com o armazenamento de 256 GB: você só vai encontrar a entrada para os dois chips de operadora e mais nada.
Além disso, os dois aparelhos eliminaram a entrada para fone de ouvido de 3,5 mm. É até irônico que a Samsung tenha feito isso, já que chegou a produzir comerciais tirando sarro da Apple quando os iPhones seguiram por esse caminho. A explicação da Samsung é que, com a remoção do conector, foi possível aumentar a capacidade da bateria em 100 mAh e o motor de feedback tátil. Sem contar que fones de ouvido USB-C, como o que vem incluso na caixa, tendem a ter um áudio melhor.
Apesar de já estar acostumado com fones de ouvido Bluetooth, eu ainda prefiro ter a entrada de 3,5 mm para aplicações mais específicas, como ligar um microfone externo, ou carregar o celular enquanto ouço música por meio de um headphone com fio. De qualquer forma, a Samsung deve sofrer menos com a remoção do conector porque todo o resto da indústria já antecipou essa mudança.
A Samsung também meio que “deu uma de Apple”: o Galaxy Note 10+ suporta carregamento ultrarrápido de 45 watts, que leva a bateria de 4.300 mAh de 0% a 70% em cerca de meia hora… mas você precisa comprar o adaptador de tomada separadamente. Na caixa, só vem um carregador de 25 watts, o que já é excelente, mas é menos do que a Huawei entrega no P30 Pro.
E prepare-se para comprar também um adaptador de 3,5 mm para USB-C se quiser usar seu velho fone de ouvido com fio, porque esse acessório também não vem incluso na caixa. Poxa, Samsung.
Como de costume, as telas estão ótimas, mas é preciso fazer a ressalva de que o painel de 6,3 polegadas do Galaxy Note 10 é Full HD+, enquanto o de 6,8 polegadas do Galaxy Note 10+ é Quad HD+. Na prática, não faz diferença para quase ninguém: continua sendo impossível enxergar pixels individuais a olho nu e, de qualquer forma, a resolução já era limitada por software nas configurações padrão para não gastar bateria sem necessidade.
O Brasil receberá o Galaxy Note 10 com o processador Samsung Exynos 9825 de 7 nanômetros, enquanto os Estados Unidos e alguns poucos países com forte presença de redes de celular 2G e CDMA terão uma versão específica com o Snapdragon 855, da Qualcomm. A Samsung diz que, em comparação com o Galaxy Note 9, o desempenho de CPU melhorou 33%, enquanto o chip gráfico deu um salto de 42%.
A atualização do processador trouxe mudanças principalmente na câmera: agora é possível filmar com o recurso de desfoque de fundo em tempo real, algo que só havíamos visto no LG G8S ThinQ e em outros poucos aparelhos. E, falando de gravação de vídeo, existe uma nova função chamada “zoom” de áudio, que passa a utilizar um microfone direcional para captar áudio mais fiel quando você dá zoom enquanto estiver filmando.
Só os números me deixaram com um pé atrás, mas ainda preciso testar a câmera de verdade para chegar a uma conclusão. A lente teleobjetiva para tirar fotos com zoom ganhou uma abertura maior, de f/2,1, o que é excelente. Mas a câmera frontal ficou com uma lente f/2,2, bem mais fechada que o de costume: os antecessores eram equipados com uma lente f/1,7 e mesmo o Galaxy Note 4, de 2014, já tinha uma abertura de f/1,9 na câmera frontal.
Na teoria, uma lente com abertura menor pode ser mais compacta (e, de fato, o furo na tela está menor que o do Galaxy S10), mas tende a produzir resultados piores, sobretudo em baixa iluminação. Existem outros fatores envolvidos, como a qualidade da lente e o tamanho do sensor de imagem, mas é um detalhe para ficar de olho: será que a câmera frontal piorou de um ano para o outro? Veremos.
Por fim, não tem como não falar dos recursos de produtividade, encabeçados principalmente pela caneta S Pen e pelo modo DeX.
A caneta S Pen já havia ficado mais esperta no Galaxy Note 9, quando ganhou Bluetooth para funcionar como uma espécie de controle remoto. No Galaxy Note 10, a Samsung melhorou a bateria e incluiu sensores que permitem o reconhecimento de gestos. Em vez de meia hora, a caneta tem autonomia de até 10 horas, sendo que uma recarga leva cerca de seis minutos no compartimento do celular.
E existem novos movimentos: além do clique e do duplo clique no botão lateral, é possível fazer gestos para cima, para baixo, para a direita e para a esquerda para alternar entre um modo da câmera, pausar uma música ou dar zoom antes de disparar uma foto. São funções muito simples, mas que podem melhorar com o tempo, já que a Samsung está abrindo as APIs da S Pen para que qualquer desenvolvedor possa implantar os recursos em seus aplicativos.
Dentro dos aplicativos nativos da Samsung, dá para transcrever automaticamente um manuscrito em texto, fazer desenhos em realidade aumentada e até rabiscar enquanto grava a tela, o que deve ser útil em tutoriais (aliás, enquanto a tela é gravada, você pode filmar o seu rosto com a câmera frontal!).
O modo DeX tradicional, que transforma o celular em um desktop se você plugar um monitor, mouse e teclado, continua existindo, mas ganhou uma opção mais prática. Basta conectar o Galaxy Note 10 a um notebook com Windows ou macOS por meio de um cabo USB e passar a receber chamadas, consultar notificações ou até arrastar e soltar arquivos entre os dois dispositivos.
É uma forma mais simples e inteligente de integrar o Galaxy Note 10 com o dia a dia do usuário: ninguém carrega um monitor e um teclado na mochila, mas um notebook e um cabo USB sim.
O Galaxy Note 10 e o Galaxy Note 10+ ainda não têm preço nem data de lançamento para o mercado brasileiro, mas já temos duas certezas: eles serão muito caros e devem aparecer muito em breve, uma vez que já foram homologados pela Anatel, e a Samsung tradicionalmente coloca o Brasil na primeira leva de países que recebem o lançamento.
Nosso review completo sai nas próximas semanas. O que vocês querem saber sobre o Galaxy Note 10?
Paulo Higa viajou para Nova York a convite da Samsung.
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