Samsung Galaxy A50: proposta nova, mas não perfeita

Galaxy A50 tem conjunto equilibrado de recursos, mas deixa a desejar em pontos importantes

Emerson Alecrim
Por
• Atualizado há 11 meses
Samsung Galaxy A50

O Galaxy A50 é um dos smartphones que fazem parte da nova estratégia da Samsung para intermediários: em 2019, a série Galaxy A passou a englobar modelos mais simples que, até então, figuravam na linha Galaxy J, agora extinguida.

Pelo menos no Brasil, o Galaxy A50 aparece como uma das opções mais chamativas dessa nova fase. O aparelho conta com recursos notáveis, como câmera tripla na traseira, notch em formato de gota em vez de “franja” e sensor de digitais integrado à tela.

Mas será que esse sensor de digitais funciona bem? As câmeras fazem fotos caprichadas? Como é o desempenho geral? A bateria tem bastante autonomia? Em resumo, vale a pena pagar os R$ 1.999 que a Samsung sugere por ele? Usei o Galaxy A50 por duas semanas. As minhas impressões sobre ele estão nas próximas linhas.

Em vídeo

Design e áudio

Pode me chamar de antiquado, mas eu prefiro tons sóbrios, como um preto ou cinza fosco. Mas admito que essa tampa traseira com efeito metalizado “arco-íris” é muito legal — ou, ao menos, diferente. E pode não parecer, mas a superfície da tampa é de plástico. Gostei dela por conta da boa aderência às mãos que, com isso, ajuda bastante na pegada.

Samsung Galaxy A50
O Galaxy A50 também está disponível em tons de azul e branco

As laterais têm uma curvatura que facilita o encaixe dos dedos e são feitas de um plástico bem rígido, mas não o suficiente para evitar riscos ou marcas de impactos. Capinhas são uma obrigação aqui, portanto.

No lado direito ficam os controles de volume e o botão de liga / desliga. Lá no lado esquerdo, sozinha, está a gaveta para dois SIM cards e o microSD — sim, dá para usar os três chips ao mesmo tempo.

Samsung Galaxy A50

Já a parte inferior concentra a porta USB-C e a conexão para fones de ouvido. Faça bom proveito dela. O alto-falante externo, também posicionado ali, tem volume aceitável, mas o áudio soa um tanto abafado e distorce com certa facilidade.

Para variar, a experiência com fones é muito melhor, até porque você pode ativar o Dolby Atmos na área de notificações para ter uma sensação de tridimensionalidade — não é nada impressionante, mas funciona.

Samsung Galaxy A50

Tela e leitor de digitais

A Samsung resistiu bastante ao notch e, quando aderiu à ideia, optou por entalhes em forma de gota (ou “buraco”, como nos Galaxy S10 e S10+) para abrigar unicamente a câmera frontal. É o caso do Galaxy A50.

É inegável que o notch mais curto melhora o aproveitamento de espaço. Por outro lado, há um “queixo” ali embaixo que quebra a simetria. Felizmente, a qualidade da tela compensa essa desvirtude: estamos falando de uma tela Super AMOLED de 6,4 polegadas e resolução de 2340×1080 pixels (FHD+).

Samsung Galaxy A50

Como você deve saber, é difícil errar com Super AMOLED. Nessa tela, as cores têm vivacidade, o preto é profundo, a visualização sob ângulos diversos é muito satisfatória e o brilho máximo é intenso o suficiente até para uso em ambientes bem claros — o ajuste automático é preciso, embora um tanto demorado (o sensor de luz fica à esquerda do notch, bem acima da borda da tela).

O detalhe que mais chama atenção, porém, é o leitor de impressões digitais integrado à parte inferior do display, recurso até pouco tempo atrás restrito a smartphones high-end. Mas, no caso do Galaxy A50, é bom não se empolgar com essa novidade.

Samsung Galaxy A50

Ao contrário do Galaxy S10, que tem leitor de impressões ultrassônico na tela, o sensor de digitais do Galaxy A50 é óptico e, com efeito, bem mais limitado. Você vai gastar uns três minutos para cadastrar cada dedo. Além disso, a leitura falha com frequência e, muitas vezes, é lenta. Mensagens como “mantenha seu dedo no sensor por mais tempo” são corriqueiras.

Optei então pelo reconhecimento facial. Até que esse método funciona bem, mas não espere encontrar perfeição nele. Às vezes, ele falha mesmo em ambientes bem iluminados. Em outras, ele acerta de primeira, mas demora para desbloquear a tela. Paciência.

Software

A Samsung tinha o hábito de colocar uma versão anterior do Android na linha Galaxy A. Isso mudou: o Galaxy A50 vem com o Android 9 Pie e a ótima interface One UI: ela está mais limpa, organizada e estável que a interface anterior (Samsung Experience).

O que é interessante na One UI é que ela se integra muito bem aos recursos do Android 9 e, em complemento, foi desenvolvida para incrementar a experiência com telas grandes. Nesse sentido, vários menus ou funcionalidades aparecerem no meio da tela para facilitar o uso com apenas uma mão.

Entre as facilidades encontradas aqui está o modo escuro do Android e a função Smart View (para reprodução de conteúdo em uma TV), ambas acessíveis a partir da áreas de notificações.

Samsung Galaxy A50

Eu só achei os ícones demasiadamente grandes, mas você pode alterar o tamanho deles nas configurações, bem como conseguir mais espaço na tela substituindo os botões do Android por uma barra virtual para gestos.

Ah, é claro que recursos já consagrados como o Dual Messenger (para duas contas do WhatsApp ou semelhantes) e o Pasta Segura (protege arquivos e aplicativos com criptografia) estão presentes.

Câmeras

Samsung Galaxy A50

São três câmeras na traseira: a primeira (5 megapixels, abertura f/2,2), de cima para baixo, serve para fotos com fundo desfocado; a segunda (25 megapixels, abertura f/1,7) é a principal; a terceira (8 megapixels, abertura f/2,2) traz uma lente grande angular de 123 graus. Nenhuma delas tem estabilização óptica. É uma configuração que lembra a do Galaxy A7, mas com resultados menos convincentes.

Comecemos pela primeira câmera. Ela trabalha com a principal para gerar fotos com fundo desfocado (no app de câmera, Foco Dinâmico). Funciona, mas o foco no objeto em primeiro plano pode demorar um pouquinho. Além disso, às vezes o pós-processamento deixa o desfoque borrado de um jeito estranho.

Foto registrada com o Samsung Galaxy A50

O resultado não fica ruim, mas dá para perceber que não é natural. Pelo menos é possível ajustar o nível desfoque depois de a foto ter sido tirada.

Já a câmera principal registra imagens com níveis satisfatórios de ruído e coloração decente, mas o detalhamento é apenas ok, principalmente em áreas de sombra. Falando nisso, é estranho, mas o HDR tende a deixar as imagens mais escuras sob determinadas circunstâncias.

Foto registrada com o Samsung Galaxy A50
Com HDR
Foto registrada com o Samsung Galaxy A50
Sem HDR
Foto registrada com o Samsung Galaxy A50
Foto registrada com o Samsung Galaxy A50

A terceira câmera é a que mais me agradou. A definição das fotos feitas com ela também é bem limitada, mas o balanço de branco é mais equilibrado e as cores são um pouco mais vívidas. Sem contar que, por ser grande angular, ela é a câmera ideal para cobrir áreas maiores ou fotos com muita gente aparecendo.

Foto registrada com o Samsung Galaxy A50
Câmera principal
Foto registrada com o Samsung Galaxy A50
Grande angular
Foto registrada com o Samsung Galaxy A50
Câmera principal
Foto registrada com o Samsung Galaxy A50
Grande angular
Foto registrada com o Samsung Galaxy A50
Câmera principal
Foto registrada com o Samsung Galaxy A50
Grande angular

Nas cenas noturnas, a situação complica. É mais difícil acertar no foco e, sem nenhuma surpresa, problemas de ruído ou nitidez se tornam bem mais presentes.

Foto registrada com o Galaxy A50

Não poderia deixar de falar da câmera frontal, até porque ela foi a que mais me convenceu. Com 25 megapixels e abertura f/2,0, essa câmera faz fotos com níveis bastante satisfatórios de coloração e nitidez. Você só precisa tomar cuidado com os efeitos de suavização de pele, que podem ser exagerados — é só ajustá-los manualmente e fica tudo certo.

Selfie registrada com o Samsung Galaxy A50

Sim, você pode fazer selfies com fundo desfocado, só que esse modo é auxiliado por software. Então já viu: pequenas falhas de desfoque (no cabelo, por exemplo) acabam não sendo raras.

Selfie registrada com o Samsung Galaxy A50

Hardware e bateria

O Galaxy A50 tem 4 GB de RAM e 64 GB para armazenamento de dados (lá fora, existe uma versão com 6 GB + 128 GB). O processador é o Exynos 9610, da própria Samsung. Trata-se de um chip com quatro núcleos Cortex-A73 de 2,3 GHz e outros quatro Cortex-53 de 1,6 GHz desenvolvido especificamente para intermediários premium. Dá para dizer que ele é um rival do Snapdragon 660.

No dia a dia, o Exynos 9610 é competente, embora possa tropeçar em alguns pontos. Todas as atividades testadas rodaram sem erros, congelamentos ou inconsistências, mas vez ou outra eu notava certa letargia no multitarefa.

Com relação a jogos, testei Dead Trigger 2 e Asphalt 9: Legends. Ambos rodaram sem sustos, inclusive com configurações gráficas no máximo. Mas, se você é do tipo que presta atenção nos detalhes, vai perceber uma ligeira oscilação na taxa de frames durante as cenas mais movimentadas (principalmente em Asphalt 9: Legends).

Desempenho no AnTutu 7.1.9, 3DMark 2.0.4589 e Geekbench 4.3.2
Desempenho no AnTutu 7.1.9, 3DMark 2.0.4589 e Geekbench 4.3.2

A bateria me agradou bastante. Ela tem 4.000 mAh e autonomia para pelo menos um dia e meio longe da tomada. Para os testes, rodei duas horas de vídeo na Netflix e mais uma hora de YouTube, ambos com brilho máximo na tela, joguei Dead Trigger 2 e Asphalt 9: Legends por cerca de 20 minutos cada, usei Chrome e apps de sociais por uma hora e meia, ouvi Spotify via alto-falante por uma hora e concluí com uma chamada de 10 minutos.

Iniciei os testes de manhã com 100% de carga e rodei os apps ao longo do dia. Por volta das 22:00, ainda havia 46% de carga. O tempo de recarga (rápida) de 6% para 100% foi de aproximadamente uma hora e meia.

Conclusão

O Galaxy A50 tinha tudo para ser um intermediário premium de grande destaque. Ele possui uma tela que é um deleite para os olhos (como eu disse, é difícil errar com Super AMOLED), desempenho geral que dá conta do recado, bateria com ótima autonomia, software atual e acabamento interessante (ainda que não tenha proteção contra água ou poeira).

Mas o leitor de impressões digitais integrado à tela não funciona bem. Além disso, as câmeras mostram que quantidade não é documento: não é que as fotos feitas com elas sejam ruins, mas a gente espera resultados mais refinados de um celular que tem tantos sensores.

Samsung Galaxy A50

Esses fatores fazem os R$ 1.999 sugeridos pela Samsung serem exagerados. Não daria mais de R$ 1.500 por ele — e olhe lá. Se é para pagar o preço cheio, vale mais a pena desembolsar uns reais extras e levar um topo de linha de geração anterior, como o Galaxy S9.

Ainda assim, eu diria que o Galaxy A50 consegue ser mais interessante que o Moto G7 Plus, o seu rival mais direto no Brasil atualmente, creio. Mas se o leitor de digitais ou as câmeras são prioridade para você, o aparelho da Motorola acaba levando ligeira vantagem.

Especificações técnicas

  • Bateria: 4.000 mAh
  • Câmeras traseiras:
    • profundidade de 5 megapixels e abertura f/2,2
    • principal de 25 megapixels e abertura f/1,7
    • grande angular de 8 megapixels e abertura f/2,2
  • Câmera frontal: 25 megapixels
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11ac, GPS, Glonass, Beidou, Bluetooth 5.0, USB-C, rádio FM
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, luminosidade, bússola, impressões digitais na tela
  • Dimensões: 158,5 x 74,7 x 7,7 mm
  • Peso: 166 g
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 512 GB
  • Memória interna: 64 GB (49 GB livres)
  • Memória RAM: 4 GB
  • Plataforma: Android 9 Pie com One UI
  • Processador: octa-core Exynos 9610 de 2,3 GHz
  • GPU: Mali-G72 MP3
  • Tela: Super AMOLED de 6,4 polegadas com resolução de 2340×1080 pixels (403 PPI) e proporção 19,5:9

Samsung Galaxy A50

Prós

  • Tela de alta qualidade
  • Bateria com ótima autonomia
  • Acabamento interessante

Contras

  • O leitor de digitais na tela não funciona bem
  • Faltou refinamento nas câmeras traseiras
Nota Final 8.7
Bateria
10
Câmera
8
Conectividade
8
Desempenho
8
Design
9
Software
9
Tela
9

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Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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