Apple, Google e Facebook passarão por investigação antitruste nos EUA

Amazon também será investigada nos Estados Unidos por possíveis praticais monopolistas

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Bandeira - Estados Unidos

Em clima de “agora é sério”, Amazon, Apple, Facebook e Google estão na mira do governo dos Estados Unidos. A Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) e o Departamento de Justiça estão se preparando para investigar se essas companhias estão desrespeitando as leis antimonopólio do país.

Tudo indica que essa será uma ofensiva extensa e complexa. É como se o governo dos Estados Unidos tivesse percebido tardiamente que as gigantes de tecnologia cresceram de modo descontrolado e, agora, tenta trazer uma regulação efetiva para o setor.

Como as queixas e suspeitas contra essas empresas são numerosas, a FTC e o Departamento de Justiça concordaram em dividir os trabalhos, até porque as duas entidades são responsáveis por assegurar e aplicar as leis de concorrência dos Estados Unidos.

Nenhuma das partes revelou detalhes, mas fontes próximas ao assunto dizem que as investigações devem ter início pelo Facebook. De certa forma, esse trabalho já começou: desde o ano passado que a FTC tenta mensurar a responsabilidade da companhia no caso Cambridge Analytica.

É possível que, em uma etapa próxima, a FTC inicie uma investigação especificamente antimonopólio contra o Facebook, processo que pode inclusive jogar alguma luz sobre a possibilidade de aquisições de serviços como Instagram e WhatsApp, do modo como foram feitas, terem tido impacto anticompetitivo no mercado.

Mark Zuckerberg

Com relação ao Google, o Departamento de Justiça está em vias de iniciar uma investigação antitruste que, presumivelmente, analisará se plataformas concorrentes são prejudicadas em seu serviço de busca ou se determinadas aquisições teriam diminuído a capacidade de concorrência de empresas rivais.

A Amazon deverá passar por uma investigação semelhante, mas pelas mãos da FTC. Já contra a Apple deve pesar, pelo menos inicialmente, acusações de que a companhia dificulta a concorrência dentro da plataforma App Store — uma queixa do tipo chegou a ser feita pelo Spotify em março; a Apple rebateu.

Investigações antitruste não são novidade no setor de tecnologia. O próprio Google já passou por isso, por exemplo. O que pesa atualmente é um fator político atípico nos Estados Unidos: de modo geral, tanto democratas quanto republicamos parecem concordar que as práticas comerciais das gigantes em questão precisam ser analisadas a fundo.

Para o congressista David Cicilline, líder do comitê antitruste do Congresso dos Estados Unidos, “a investigação não terá como alvo uma empresa de tecnologia específica, mas a crença de que ‘a internet está quebrada'”.

Cicilline não está sozinho nesse pensamento: em março, a senadora Elizabeth Warren — potencial candidata do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos nas eleições de 2020 — chegou a propor que gigantes como Amazon, Facebook e Google sejam dissolvidas em negócios menores.

Foto por Smithsonian Institution/Flickr

Existe mais uma agravante, por assim dizer: o presidente dos Estados Unidos. Há meses que Donald Trump pede investigações contra o Google e plataformas de redes sociais em geral por, entre outros motivos, acusá-las de reprimir manifestações de conservadores.

Trump também tem lá suas desavenças com Jeff Bezos: ele acusa a Amazon de abusar dos serviços de correios dos Estados Unidos e de usar o Washington Post (jornal comprado por Bezos em 2013) para atacar o governo.

Essa é uma prévia de um embate que, considerando a gravidade do assunto e a movimentação que surge à medida que as próximas eleições presidenciais dos Estados Unido se aproximam (final de 2020), tem tudo para ter muitos desdobramentos.

Com informações: The Verge, Reuters, BBC.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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