Pix permite número estrangeiro como chave, mas nem todo banco aceita

Banco Central optou por padrão E.164 no cadastro de chaves telefônicas no Pix, que inclui o DDI; nem todos os bancos oferecem esse campo

Giovanni Santa Rosa
• Atualizado há 3 anos

Você já deve saber que é possível cadastrar um número de telefone como chave do Pix. O que você talvez não saiba é que este número não precisa ser do Brasil. Só que não é todo banco que está preparado para isso.

O leitor Francisco deu a dica para nosso autor Lucas Braga: o Banco do Brasil agora tem uma opção para usar um DDI na hora de fazer um Pix. Se a opção não é ativada, vai o 55 do Brasil mesmo, e o usuário só precisa digitar a partir do DDD.

Aplicativo do Banco do Brasil com opção para escolher DDI (Imagem: Banco do Brasil/Reprodução)

Consultado pelo Tecnoblog, o Banco Central explicou que, “em relação ao número de telefone celular, o padrão usado é o E.164”. O padrão E.164 é internacional e inclui o DDI. Ou seja: o sistema do Pix prevê a utilização de números de telefone estrangeiros, com um DDI que não é o 55.

Nem todo banco aceita número estrangeiro

Apesar de o Pix ser uma iniciativa do Banco Central, a implementação para clientes ficou a cargo de cada banco. Por isso, nem todos oferecem um campo para DDI na hora de digitar o número de telefone de quem vai receber a transferência.

O Tecnoblog fez alguns testes para ver quais empresas têm essa opção na hora de digitar a chave.

Bancos que têm campo para DDI

  • Nubank (precisa digitar + e DDI para opção aparecer)
  • Inter (não tem campo específico mas deixa digitar)
  • Banco do Brasil
  • Caixa
  • PicPay
  • Mercado Pago
  • Bradesco
  • Original
  • BS2
  • Claro Pay
  • Iti
  • Itaú (mas não pode alterar)
  • Next
  • Woop Sicredi
  • Sicredi
  • Modalmais
  • 99Pay

Bancos sem campo para DDI

  • C6 Bank (não deixa inserir DDI)
  • PagSeguro (não deixa inserir DDI)
  • Vivo Pay
  • Caixa Tem
  • RecargaPay
  • AME Digital
  • Santander
  • Banrisul
  • Pan
  • Vivo Pay

Mesmo entre os bancos em que é possível digitar o DDI, não são todos que concluem a transferência. 

O Lucas conseguiu recuperar um número antigo do Google Voice, com DDI 1, dos EUA. Foi possível cadastrar esse número como chave Pix no banco BS2. A partir daí, o Tecnoblog testou alguns desses bancos para checar quais aceitam fazer um Pix para esse número, e quais não permitem ou dão erro. 

Curiosamente, alguns bancos não têm o campo para digitar o DDI, mas permitem fazer Pix por QR code mesmo que ele use um telefone internacional como chave. Isso sugere que o problema é na implementação do campo, mas não do aplicativo ou do sistema bancário.

Fazem Pix para DDI internacional

  • Iti
  • Claro Pay
  • MercadoPago
  • PicPay
  • BS2
  • 99Pay
  • Banco do Brasil
  • Banco Inter (por QR code)
  • Itaú (por QR code)
  • Next (por QR code)
  • AME Digital (por QR code)
  • RecargaPay (por QR code)

Não fazem Pix para DDI internacional

  • Nubank
  • C6 Bank

Pix pode ser internacional no futuro

Por enquanto, os números internacionais podem ser usados, mas só é possível fazer isso em uma conta brasileira, de acordo com a nota do Banco Central enviada ao Tecnoblog. Isso pode ser útil para estrangeiros que ainda não têm um telefone brasileiro ou empresas de fora que querem oferecer serviços por aqui.

No futuro, porém, isso pode mudar. Em outubro do ano passado, o Banco Central fez uma previsão de que seria possível usar o Pix para mandar dinheiro ao exterior até 2023, caso houvesse novas leis cambiais. Em abril deste ano, o tema voltou a ser discutido pelo BC.

Colaboraram: Everton Favretto, Felipe Ventura e Lucas Braga.

Leia | Posso mudar uma chave Pix? [Telefone ou e-mail]

Relacionados

Escrito por

Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.