Google pode pagar US$ 15 bilhões à Apple para manter dominância nas buscas

Estimativas passadas apontavam para pagamentos anuais entre US$ 10 bilhões e US$ 12 bilhões; acordo entre Google e Apple pode ser alvo de autoridades antitruste

Giovanni Santa Rosa
Por
• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Ícone do Google

A quantia bilionária paga pelo Google para ser o buscador padrão nos dispositivos da Apple pode ter crescido. De acordo com estimativas de mercado, o valor deve chegar a US$ 15 bilhões no ano fiscal de 2021, um aumento de 50% sobre os US$ 10 bilhões pagos no período anterior.

Os cálculos foram feitos pela empresa de investimentos Bernstein. Ela chegou a essa soma a partir dos balanços trimestrais divulgados pela Apple e de uma análise dos custos de aquisição de tráfego do Google.

Se você já acha US$ 15 bilhões muito dinheiro, saiba que a projeção é que essa cifra suba ainda mais nos anos seguintes, chegando a algo entre US$ 18 bilhões e US$ 20 bilhões no ano fiscal de 2022. O ano fiscal da Apple começa em outubro do ano anterior e termina em setembro do ano atual. 

A Bernstein também acredita que esses pagamentos do Google tentam superar ofertas da Microsoft para colocar o Bing como mecanismo padrão nos iPhones, iPads e Macs. O valor de US$ 10 bilhões em 2020 é, inclusive, uma estimativa menor do que uma trazida por uma reportagem do ano passado do New York Times, que colocava a quantia em US$ 12 bilhões por ano.

Risco regulatório ameaça Google e Apple

Os analistas da Bernstein também enxergam riscos para essa bolada de dinheiro. Um deles é regulatório: com cada vez mais autoridades de olho no domínio massivo do Google no mercado de buscas e publicidade, é possível que uma nova legislação contra monopólios proíba acordos desse tipo. A companhia de investimentos diz que a possibilidade é real, mas, se vier a se concretizar, só deve ocorrer daqui a alguns anos. 

O outro risco é mais simples: o Google pode simplesmente entender que está dando um valor alto demais e tentar renegociar os termos.

Essa é uma questão importante para investidores. Segundo a avaliação dos especialistas, uma nova regulamentação pode ter um impacto de 4% a 5% nos lucros brutos da Apple.

No ano passado, uma reportagem do Financial Times revelou que a Apple estaria desenvolvendo seu próprio motor de busca para colocar em seus aparelhos e se livrar do Google, ou mesmo estar preparada para uma eventual proibição do buscador como padrão em seus dispositivos.

Por enquanto, nada de um mecanismo completo, mas, discretamente, o iOS 14 começou a mostrar sugestões de sites diretamente na busca do sistema.

A decisão de colocar o Google como padrão também gera críticas à Apple, já que a empresa adotou um discurso pró-privacidade muito forte nos últimos anos. Em uma entrevista no começo de 2021, Jane Horvath, diretora de privacidade da empresa de Cupertino, defendeu a escolha. Ela argumenta que o Google é o buscador mais usado no mundo hoje.

A executiva também destacou que a Apple também oferece suporte nativo ao DuckDuckGo, que tem foco em privacidade, e ao Ecosia, que promete plantar árvores com o dinheiro da publicidade.

Com informações: 9to5Mac

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

Relacionados