Chamadas que desligam na cara caem quase pela metade em três meses

Em junho, Anatel publicou medida cautelar com limites para chamadas curtas e multas de até R$ 50 milhões para empresas envolvidas na prática

Giovanni Santa Rosa
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Com certeza você já passou por isso: recebe a chamada de um número desconhecido, atende e, então, a pessoa do outro lado da linha desliga. Estas são as robocalls, e elas estão na mira da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Depois de uma série de medidas, a entidade anunciou que o número de chamadas curtas caiu de 4,08 bilhões por semana para 2,31 bilhões.

Logotipo da Anatel ao lado de uma antena de telecomunicações
Anatel determina fim das chamadas grátis com até 3 segundos (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

O comparativo considera a semana de 5 a 11 de junho e a semana de 4 a 10 de setembro.

Tipo de chamada5 a 11 de junho4 a 10 de setembro
Chamadas totais6,33 bilhões4,07 bilhões
Chamadas curtas4,08 bilhões2,31 bilhões
Proporção64%56%

A semana de 5 a 11 de junho não foi escolhida por acaso. Em 12 de junho, entrou em vigor a medida cautelar da Anatel contra as robocalls.

De lá para cá, 261 usuários foram bloqueados. Segundo o conselheiro da Anatel Emmanoel Campelo, quem mais descumpre as regras é o setor financeiro.

A cautelar foi prorrogada até o dia 28 de outubro. Campelo diz que a agência avaliará a necessidade de novas medidas ou de alterações na medida.

Anatel apertou cerco contra robocalls

A agência estipulou que empresas que fizerem mais de 100 mil chamadas por dia com duração inferior a três segundos terão o serviço suspenso.

Para operadoras, empresas de telemarketing e contratantes do serviço, a prática pode resultar em multa de até R$ 50 milhões.

As operadoras também precisaram enviar à Anatel uma lista de usuários que geraram mais de 100 mil ligações em um só dia, considerando o período de 30 dias imediatamente anterior à medida.

Caso uma empresa seja bloqueada, ela não pode ativar novos números durante 15 dias. Se a operadora liberar, todas as envolvidas podem ser multadas em até R$ 50 milhões.

Outra medida tomada para coibir a prática foi acabar com a gratuidade de ligações de até três segundos. A regra era do tempo em que o minuto da ligação era caro, e as empresas de telemarketing se aproveitavam disso.

As robocalls servem como uma “prova de vida” para as companhias. Se a pessoa atende, o sistema considera que aquele número costuma aceitar chamadas de números desconhecidos, sendo um cliente em potencial para serviços de telemarketing ativo.

Com informações: Anatel, Mobile Time.

Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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