Artistas criticam Apple Intelligence por falta de transparência

Apple promete privacidade ao usuário na sua IA, mas artistas reclamam sobre conduta de utilização de materiais da web para treinamento de algoritmos

Lucas Braga
Por
Craig Federighi, VP de engenharia de software da Apple, anunciando o Apple Intelligence
Apple Intelligence irrita artistas por falta de transferência (Imagem: Reprodução/Apple)

Uma das principais novidades da Apple para o ano de 2024 é o Apple Intelligence, que utiliza recursos de IA generativa em diversas frentes do sistema. Uma das funcionalidades é a geração de imagens com inteligência artificial, e a falta de transparência da empresa sobre o treinamento dos algoritmos não agradou artistas.

Uma reportagem do Engadget relata que artistas digitais estão insatisfeitos porque a Apple não explicou detalhadamente como são feitas as coletas de dados para treinar o algoritmo do Apple Intelligence. Até o momento, a empresa revelou que captura dados publicados da internet utilizando um rastreador.

Um dos artistas é Andrew Leung, que trabalhou em produções como Pantera Negra, O Rei Leão e Mulan. Ele reclama sobre a ética nesse tipo de treinamento, pois utilizar um conteúdo público na web para treinar uma IA não implica que foi feito um uso justo.

Leung também reclama sobre a ausência de mecanismos para negar consentimento a raspagem de dados antes que os rastreadores consigam treinar a IA. A Apple até permite que donos de sites solicitem o opt out através do arquivo robots.txt, mas não deixa claro quando as coletas se iniciaram ou como era possível negar consentimento antes do AppleBot entrar em ação.

Um dos pilares apresentados na apresentação do Apple Intelligence é a privacidade do usuário, com possibilidade de processamento no próprio dispositivo e servidores na nuvem com alta criptografia. No entanto, a base da IA da Apple não parece seguir esses os mesmos critérios, segundo os artistas.

Esse tipo de indignação também atinge outras empresas que atuam com inteligência artificial — como a Adobe, que colocou nos seus termos de uso que utilizaria conteúdos criados em seus apps para treinar algoritmos. A empresa atualizou posteriormente o contrato para esclarecer que as informações não iriam alimentar modelos de IA generativa.

Apple Intelligence gera imagens a pedido do usuário

Assim como outras plataformas de IA, o Apple Intelligence é capaz de gerar imagens a partir do pedido de imagens. Na apresentação da WWDC 2024, a empresa demonstrou o Playground de Imagens, capaz de criar ilustrações com base em descrição, conceitos sugeridos ou fotos da galeria.

iPad exibindo o aplicativo Playground de Imagens
Playground de Imagens é capaz de criar a partir de fotos ou pedidos do usuário (Imagem: Reprodução/Apple)

Outro recurso relacionado é o Genmoji, que permite criar emojis através de descrições ou de um rosto presente em alguma foto.

Além de trabalhar com imagens, o Apple Intelligence também tem habilidade para desenvolver textos, organizar a caixa de entrada, resumir notificações e e-mails e transcrever ligações. A empresa também integrou o ChatGPT à Siri e às ferramentas de escrita, mas não descarta trabalhar com outras IAs num futuro.

Todos esses recursos estarão disponíveis ainda em 2024, em uma futura versão do iOS 18. A Apple reitera que o Apple Intelligence será lançado em versão beta, e apenas na língua inglesa em um primeiro momento. A plataforma de IA será restrita ao iPhone 15 Pro e Pro Max, bem como Macs e iPads com chip M1 ou superior.

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