Avaaz promete US$ 100 mil para quem provar fraude eleitoral no Brasil

Avaaz dará prêmio de US$ 100 mil para quem fornecer provas que possam levar à condenação de Bolsonaro ou Haddad

Felipe Ventura
• Atualizado há 3 anos e 1 mês
Fotos por Wilson Dias/Agência Brasil e Ricardo Stuckert
Jair Bolsonaro e Fernando Haddad

A Avaaz é mais conhecida como uma plataforma de abaixo-assinados que também recebe doações. Agora, a empresa está promovendo o #EleiçõesLeaks, um prêmio de US$ 100 mil para quem fornecer provas concretas de fraude eleitoral no Brasil, que possam levar à condenação de Jair Bolsonaro (PSL) ou Fernando Haddad (PT).

O prêmio será pago às três primeiras pessoas que enviarem informações novas à Avaaz sobre os candidatos ou as campanhas de Bolsonaro e Haddad envolvendo “fraude eleitoral, disseminação ilegal de notícias falsas, violações importantes da lei brasileira de financiamento de campanha, ou violações do código e leis eleitorais”.

Se você tiver informações novas — não vale pegar notícias da imprensa — pode enviá-las para EleicoesLeaks.org. A fim de garantir o anonimato, a Avaaz também oferece um endereço .onion que só pode ser acessado no navegador Tor, principal forma de entrar na deep web.

As provas podem ser enviadas de maneira anônima, mas o informante deverá comprovar sua identidade para receber o prêmio. O prazo vai até 28 de abril de 2019.

Avaaz: “esta é uma de nossas campanhas prioritárias”

A Avaaz confirma ao Tecnoblog que o #EleiçõesLeaks é um projeto real feito pela empresa: “na verdade, esta é uma de nossas campanhas prioritárias”. Ela diz que nunca realizou algo parecido em outros países: “esta é a primeira vez que embarcamos nesse tipo de empreendimento”.

Por que lançar esta campanha 10 dias antes da eleição? A Avaaz diz que “muitas coisas podem acontecer até lá”, e lembra que o prêmio estará disponível até 2019. “Quem encontrar documentos que possam provar um aparelhamento eleitoral que leve a uma condenação ainda pode ser recompensado no ano que vem”, diz a empresa.

Estes são os principais critérios: a informação deve ser nova; deve provar uma atividade criminosa que viole a lei eleitoral; e deve levar à condenação de um candidato à presidência concorrendo no segundo turno em 2018 — isto é, Bolsonaro ou Haddad. “Nossa equipe de especialistas vai analisar os dados enviados para garantir que não sejam fraudulentos ou fabricados”, explica a Avaaz.

De onde vem o dinheiro da Avaaz?

A Avaaz afirma que o dinheiro do prêmio “vem de nossos próprios fundos”. Ela é financiada por membros de todo o mundo, incluindo brasileiros, para tornar realidade campanhas como esta; e diz não receber “um único centavo de empresas, governos ou partidos políticos”.

Ela esclarece que vai pagar US$ 100 mil para cada uma das três pessoas que sejam as primeiras a enviar provas de fraude eleitoral. Ou seja, o total da premiação é de US$ 300 mil.

Ao Tecnoblog, a Avaaz menciona a revelação da Folha sobre empresas que teriam pago para disseminar mensagens anti-PT no WhatsApp. “Acusações graves de ilegalidades foram divulgadas sobre a campanha de Bolsonaro. E meses atrás nós também vimos graves acusações sobre a campanha de Haddad em 2016.”

A empresa continua: “a forma como você ganha uma eleição reflete sobre a maneira como você governa um país… Vimos o que acontece quando corruptos assumem o poder, e queremos impedir isso. É por isso que estamos lançando este prêmio antes do segundo turno da eleição: para garantir que os brasileiros tenham a chance de conhecer a verdade antes de votar”.

A Avaaz é uma organização sem fins lucrativos fundada nos EUA em 2007. Ela tem uma comunidade de quase 50 milhões de membros, dos quais 10 milhões são do Brasil.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.