Califórnia processa Activision Blizzard por problemas graves de conduta no trabalho
Processo judicial aberto pelo governo da Califórnia acusa Activision Blizzard de condutas sexuais condenáveis em ambiente de trabalho, envolvendo até suicídio
Processo judicial aberto pelo governo da Califórnia acusa Activision Blizzard de condutas sexuais condenáveis em ambiente de trabalho, envolvendo até suicídio
Graves condutas teriam ocorrido no ambiente de trabalho da Activision Blizzard, dona de algumas das mais importantes marcas de videogame da atualidade como Call of Duty, Overwatch e World of Warcraft. As informações estão em um processo que o próprio governo do estado da Califórnia (EUA) registrou contra a empresa, alegando que a desenvolvedora tem uma forte cultura de fraternidade masculina e citando relatos escabrosos envolvendo assédio moral, sexual e até mesmo suicídio de funcionárias.
As investigações sobre os casos acontecem desde 2018, ou seja, não é algo de agora. O texto do processo – aberto pela agência governamental California Department of Fair Employment and Housing – indica que o governo tentou colaborar com a Activision Blizzard para resolver os casos sem chegar a estágios piores, mas que a empresa falhou em tentar solucionar os problemas dentro dos níveis aceitáveis.
O gigantesco processo está disponível neste link, apenas em inglês, e traz diversos relatos de situações constrangedoras e até criminosas que aconteceram entre funcionários e funcionárias da Activision Blizzard. Entre elas, algumas que destaco abaixo:
Relato 5:
“Funcionários homens trabalham de ressaca de maneira orgulhosa, enquanto jogam videogame por longos períodos durante o expediente e delegam suas responsabilidades a funcionárias, falam sobre suas experiências sexuais e também abertamente sobre corpos femininos, além de fazerem piadas sobre estupro”.
Relato 36:
“Em outro exemplo, uma funcionária da Blizzard Entertainment foi mantida em um nível inferior, não tinha igualdade de salário [em relação a homens], além de ter sido negada uma promoção, ainda que muitos fatores sugerissem que ela ganhasse, como: 1- notas altas em análises de desempenho; 2- ela gerou muito mais faturamento em suas campanhas de marketing do que seus equivalentes masculinos e 3- ela produziu quase o dobro de campanhas que seu equivalente masculino. Apesar disso tudo, foi seu equivalente masculino que foi convidado para reuniões mensais ou semanais com o Vice-Presidente”.
Relato 48:
“Em um trágico exemplo de assédio… uma funcionária cometeu suicídio durante uma viagem de trabalho, devido a uma relação sexual que mantinha com seu supervisor. O homem foi encontrado pela polícia com um brinquedo sexual e lubrificante nesta viagem. Outro funcionário confirmou que a falecida pode ter sofrido com outro assédio sexual no trabalho antes de sua morte. Especificamente, em uma festa antes da morte dela, funcionários estavam supostamente repassando uma foto de sua vagina”.
A empresa já emitiu um comunicado, há algumas horas, enviado a jornalistas e portais internacionais. De acordo com Jason Schreier, da Bloomberg, o comunicado afirma que os relatos estão “distorcidos e com muitos casos falsos”, além de classificar o órgão acusador como “inexplicáveis burocratas”.
“Não há lugar na nossa empresa, ou em qualquer lugar da indústria, para assédio ou condutas sexuais erradas em qualquer forma. Encaramos as acusações de maneira muito séria e investigamos todas elas. Em casos relacionados a má conduta, ações foram tomadas para resolver as questões”, diz o texto.
O comunicado, porém, não invalida o processo registrado pelo governo. Resta aguardar por cenas dos próximo capítulo e ver os desdobramentos do caso.