Celulares acima de R$ 3 mil crescem no Brasil e venda no mercado cinza cai
Mesmo com smartphones dominando as vendas, os celulares simples ainda estão passando pelo caixa e encontrando consumidores
Mesmo com smartphones dominando as vendas, os celulares simples ainda estão passando pelo caixa e encontrando consumidores
A consultoria IDC divulgou uma pesquisa nesta quarta-feira (2) revelando que o mercado brasileiro de celulares apresentou crescimento de 3% no primeiro trimestre de 2021. Os dados também revelam alta na quantidade de aparelhos vendidos com preços a partir de R$ 2.999, chamados pela empresa de super premium.
O número deste trimestre é animador quando comparado com a queda de 8,7% registrada no mesmo período do ano passado, mas a consultoria leva em conta o ambiente atual e ele não significa necessariamente aumento nas vendas. Os dados compartilhados nesta semana colocam a crise no setor de componentes dos celulares como um dos motivadores desta alta.
“Prevendo a falta de componentes, alguns players anteciparam o abastecimento nos canais, aumentando o nível de estoques, mas isso não se traduz automaticamente em vendas para o consumidor”, comenta Renato Murari de Meireles, analista de pesquisa e consultoria em Consumer Devices da IDC Brasil.
A falta de componentes é reflexo de uma crise global e que atinge não somente a indústria de celulares, mas também a de praticamente qualquer aparelho eletrônico como consoles, dispositivos inteligentes, linha branca e até mesmo os carros, não somente os que utilizam energia elétrica como combustível.
“A crise é global e o momento é de incerteza, por isso a precaução da indústria em comemorar essa reação do mercado. Por conta de uma antecipação ao canal houve alta de 3% no 1º tri, mas o comportamento dos próximos meses vai depender da disponibilidade ou não de insumos e também do pipeline dos fabricantes e do sell out, que podem equilibrar uma eventual falta de componentes”, comenta o executivo.
Em números gerais, foram vendidos 11.873.760 dispositivos no Brasil dentro do primeiro trimestre de 2021, sendo 11.167.500 smartphones e 706.260 celulares simples, conhecidos como feature phones.
Um cenário curioso, mas não imprevisível por conta da inflação descontrolada e disparada do dólar, junto do problema na cadeia de produção de componentes, está na linha de aparelhos mais simples, geralmente precificados em valores de até R$ 700. A consultoria aponta uma queda na presença destes smartphones, migrando os compradores para modelos com custo entre R$ 699 e R$ 1.999.
O avanço de preço não atingiu apenas os modelos mais baratos. A presença de vendas para smartphones que ultrapassam os R$ 3 mil foi 53% maior que no primeiro trimestre de 2020. Neste caso a IDC não aposta suas fichas apenas no aumento de valor dos produtos, mas também na migração do consumidor para aparelhos mais competentes e robustos.
Olhando para este ano, a IDC ainda prevê crescimento no mercado de smartphones. A esperança é de algo próximo de 0,7% em aparelhos inteligentes e 2% para a venda de celulares simples.
No 1º trimestre de 2021, houve uma desaceleração do mercado cinza de celulares. Segundo a IDC:
Dos 11.167.500 smartphones vendidos de janeiro a março, 832.822 vieram do mercado cinza, 27% a menos em relação ao mesmo período do ano passado. É o segundo trimestre consecutivo de queda de dois dígitos no mercado não oficial, resultado de ações da IDC em conjunto com a Abinee, o Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos Contra a Propriedade Intelectual (CNCP) e com fabricantes da categoria para combater a venda de produtos que não passaram por todo o processo de importação legal ou de produção local no país.
Ainda assim, a IDC prevê que aproximadamente 4 milhões de celulares serão vendidos no grey market ao longo de 2021.