Elon Musk promete examinar acusações de censura do Twitter no Brasil
Usando o próprio Twitter, Elon Musk respondeu a usuários que reclamam de suspensão de perfis bolsonaristas na rede social
Desde que assumiu o comando do Twitter, Elon Musk vem executando mudanças drásticas na companhia. Uma das próximas pode envolver o Brasil. Em resposta a usuários bolsonaristas que acusam a rede social de atuar com censura no país, o empresário prometeu examinar a situação.
O assunto começou a se desenvolver quando Musk publicou uma mensagem sobre o seu compromisso com a liberdade de expressão. Na sequência, a jornalista Fernanda Salles responde ao tweet: “em menos de 48 horas, pelo menos quatro parlamentares e influenciadores conservadores foram banidos do Twitter por ordens ilegais do tribunal eleitoral”.
Outros usuários do Twitter se juntam a Salles, entre eles, Josiano Padovani, que afirma a Elon Musk que a rede social vem impondo “uma censura ideológica draconiana contra o direito à liberdade de expressão dos brasileiros”.
Quando Musk pergunta a que censura ele se refere, o jornalista Paulo Figueiredo aparece na discussão respondendo que o Twitter impõe uma censura própria e “mais rigorosa do que a de nossos tribunais falhos”.
Ainda que sem entrar em detalhes, Musk responde: “eu vou analisar isso”.
Contas suspensas por ordem do TSE
Nos últimos dias, o Twitter suspendeu as contas de vários políticos e defensores do governo bolsonarista, por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em todos os casos, o TSE tenta evitar a disseminação de acusações infundadas contra o sistema eleitoral ou a incitação a atos antidemocráticos, a exemplo dos recentes bloqueios de rodovias que causaram transtornos em todo o país.
O órgão usa como base uma resolução estabelecida antes do segundo turno das eleições que possibilita ordens para retirada imediata de publicações com afirmações falsas ou descontextualizadas sobre o processo eleitoral.
As empresas envolvidas podem ter que pagar multa de R$ 100 mil por hora caso a ordem não seja atendida em até duas horas após o seu recebimento.
Entre os banimentos está o perfil do economista Marcos Cintra (União Brasil), que foi secretário da Receita Federal no governo de Jair Bolsonaro (PL). Em uma sequência de tweets, Cintra pôs em dúvida o mais recente pleito eleitoral.
O economista afirmou, por exemplo, que Jair Bolsonaro teve zero votos em centenas de urnas, e acrescentou: “se há suspeita em uma única urna, elas recaem sobre todo o sistema”.
À Folha de S.Paulo, Cintra disse ter ficado surpreso com a suspensão de sua conta no Twitter. “Não fiz acusação nenhuma, não me insurgi contra nada, só tive dúvidas que qualquer cidadão pode ter e pode fazer”, complementou.
O fato é que apoiadores de Bolsonaro têm utilizado redes sociais e serviços de mensagens para espalhar acusações de fraudes nas eleições. Nenhum deles apresentou provas de ilegalidade no pleito, porém.
As contas no Twitter dos parlamentares Carla Zambelli (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO) também foram banidas recentemente.
Demissões e perda de anunciantes no Twitter
Os pedidos para que Elon Musk combata a suposta censura do Twitter no Brasil vem na esteira de uma série de decisões polêmicas. A mais impactante é a demissão de metade dos funcionários da companhia — cerca de 3.700 pessoas.
Essa situação contribuiu para que companhias como GM e Pfizer suspendessem a veiculação de anúncios publicitários no Twitter. Mas, para Elon Musk, o afastamento de anunciantes tem uma só causa: a ação de grupos ativistas que pressionam os patrocinadores.
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