Estudos apoiados pela Meta dizem que as pessoas não gostam de feeds cronológicos

Empresa de Mark Zuckerberg ajudou pesquisas acadêmicas com dados de mais de 208 milhões de usuários; resultado “valida” planos de feed de recomendados

Felipe Freitas
Por
Meta
Meta vê resultados mais positivos para os seus feed de recomendados(Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

A Meta divulgou na última quinta-feira (28) os resultados de estudos que mostram que o público não gosta de feed cronológico. As quatro pesquisas foram publicadas nas revistas Science e Nature, duas das principais revistas científicas do mundo e revisadas por pares. Para os estudos, a Meta compartilhou dados de mais 208 milhões de usuários nos Estados Unidos e convidou mais de 15 mil usuários (Facebook e Instagram) para participar de um teste com feed cronológico por três meses.

As pesquisas foram realizadas com o objetivo de entender o papel de um feed de recomendados — no qual o algoritmo sugere conteúdos com base no gosto do usuário — na polarização política durante as eleições presidenciais de 2020 nos Estados Unidos. Os resultados mostram que o uso de feed cronológico quase não tem impacto em diminuir a polarização.

Feed cronológico levou usuários às plataformas rivais

Um dos motivos para o que citamos no parágrafo anterior é que os usuários do Facebook e Instagram passaram menos tempo nessas redes e provavelmente foram para as plataformas rivais que possuem feeds baseados em algoritmos — como TikTok e YouTube.

Curiosamente, o feed cronológico dos participantes mostrou 15,2% mais conteúdo político e 68,8% a mais de publicações não confiáveis. E isso faz sentido: num período de eleições, é mais natural que o público se engaje no tema, fale mais sobre isso e compartilhe conteúdos duvidosos. O feed de algoritmo também “reduz” essas publicações se o usuário não demonstra interesse no tema.

Os estudos publicados na Nature e Science (os primeiros de um total de 16) corroboram pesquisas internas da Meta. Em 2018, a empresa de Mark Zuckerberg concluiu que os usuários ficam “scrollando” no feed até encontrar algo que gostam. Se não acham, fecham o app.

Feed cronológico mantém polarização, mas redes não são santas

(Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Instagram relançou o feed cronológico em 2022, mas padrão ainda é o feed do algoritmo (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Mesmo que o feed cronológico mostre que não há relação entre a sua adoção e a redução de extremismos, os conteúdos das redes sociais continuam como um dos culpados no aumento da polarização, como mostrado por estudos anteriores.

As novas pesquisas mostram que o público marcado como “Conservador” recebeu mais fake news do que os participantes considerado “Liberais” — com base na definição americana sobre o posicionamento político de Republicanos e Democratas — no uso do feed de posts recomendados.

Resultados continuaram influenciando produtos da Meta

Prints de aplicativo em que é possível ver postagens das pessoas e as reações dos leitores
Threads demorou para contar com um feed cronológico, mas Meta quer você olhando o recomendado (Imagem: Divulgação/Meta e Vitor Pádua/Tecnoblog)

Os resultados desses estudos mostram outra coisa: a Meta não desistirá dos feed baseado em algoritmo. Mesmo que a gente encha o saco dizendo que feed cronológico faz falta — e explica porque os stories não aparecem nesse tipo de timeline no Instagram.

E, obviamente, ela adianta o que será o futuro do Threads. O povo reclamou e reclamou de não ter feed cronológico ou um feed só com quem você segue. A Meta foi lá e lançou a tão pedida timeline igual ao Twitter (F, digo, X).

Todavia, Adam Mosseri deve estar ciente que o público vai se cansar do feed cronológico e, em um futuro próximo, ficar contente com uma timeline só com quem você segue, mas que ranqueará o conteúdo com base nos seus gostos. Sem falar que redes sociais precisam que os usuários passem horas “scrollando”.

Porque há uma razão do feed cronológico cansar: você pode perder os melhores conteúdos das contas que você segue — ou segue pouca gente… Ou muita gente mala está no seu círculo social e páginas de memes não são o suficiente para resolver isso.

Com informações: Science, Nature, The Verge e Wired

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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