Ganhos de jogadores de Axie Infinity podem ser alvo de impostos no exterior

Autoridades filipinas querem taxar renda gerada pelo jogo baseado em NFTs Axie Infinity; banco central ainda não sabe como aplicar impostos

Bruno Ignacio
• Atualizado há 1 ano e 2 meses

Axie Infinity é o game baseado em NFTs (tokens não fungíveis) que vêm tomando os noticiários do mundo todo nos últimos meses, com relatos de usuários que já conseguem manter uma renda mensal apenas jogando. Porém, a possibilidade de se ganhar dinheiro de maneira não regulamentada e em criptomoedas não passou despercebida pelo governo das Filipinas, onde o jogo é particularmente popular. Agora, as autoridades buscam uma maneira de taxar os ganhos dos players.

Axie Infinity, banner promocional (Imagem: Divulgação)
Axie Infinity, banner promocional (Imagem: Divulgação)

“As criptomoedas são ativos, então já são tributáveis nas Filipinas… Qualquer um que ganhe dinheiro com isso (Axie Infinity), deve declarar os ganhos, pois configuram renda”, disse a subdiretora de finanças das Filipinas, Antonette Tionko, ao Inquirer nesta semana.

Jogo gera renda, portanto é tributável

O Axie Infinity surgiu como uma forma popular de passar o tempo para os cidadãos das Filipinas em meio à pandemia de COVID-19, com a vantagem de se conseguir ganhar dinheiro através das criptomoedas nativas do game e seus NFTs. Seu modelo “jogue para ganhar” começou a permitir que pessoas pagassem as contas do mês e colocassem comida na mesa após perderem seus empregos no auge da quarentena.

A maior parcela dos jogadores se concentra nas Filipinas, atualmente um pouco mais de 40%, de acordo com a empresa por trás jogo, uma startup Vietnamita chamado Sky Mavis. Seu modelo e gameplay se assemelham aos jogos de Pokémon e Neopets, sendo os Axies criaturinhas que podem ser adquiridas, reproduzidas, treinadas, usadas em combate e, sobretudo, comercializadas.

Cada um desses monstrinho é um NFT, ou token não fungível, um tipo de ativo digital criado, registrado e autenticado em rede blockchain. Já os ganhos dos jogadores podem ocorrer através da venda de Axies ou das criptomoedas nativas do game, Axie Infinity Shards (AXS) e Small Love Potion (SLP), obtidas em corretoras ou dentro do jogo através de missões e competições entre players, respectivamente.

Autoridades não sabem como taxar o Axie Infinity

Marketplace de Axies (Imagem: Reprodução/ Axie Infinity)
Marketplace de NFTs de Axies (Imagem: Reprodução/ Axie Infinity)

Porém, ninguém sabe realmente o que o novo imposto significará para os jogadores do Axie Infinity. Por um lado, taxar os ganhos parece justificável uma vez que há renda. Por outro lado, os reguladores não sabem realmente o que taxar. As criptomoedas? Os NFTs? O ganho convertido em moeda fiduciária?

O AXS, por exemplo, é negociado em corretoras como a Coinbase. Os usuários podem comprar a moeda digital usando dinheiro tradicional ou trocando por outras criptomoedas. De acordo com a Sky Mavis, a moeda nativa servirá também como um token de governança no futuro, permitindo que os detentores tenham uma palavra a dizer no desenvolvimento do jogo.

A SLP, por outro lado, é dada aos jogadores ao passar tempo no jogo. Um player pode ganhar esses tokens completando missões e lutando contra outros Axies. Quanto mais uma pessoa joga, mais SLP provavelmente terá em sua carteira virtual. As duas criptomoedas são importantes porque podem ser usadas para criar novos monstrinhos.

A decisão sobre se os Axies serão tributados ou se as autoridades e voltarão somente aos tokens no jogo será provavelmente determinada pelo banco central das Filipinas ou pela Comissão de Valores Mobiliários do país, de acordo com Tionko. 

“É uma reserva? É uma moeda? Então, essas são essas coisas que nos ajudarão a definir as regras de como isso deve ser tributado. Mas, independentemente de como seja caracterizado, é tributável e sujeito ao imposto de renda”, disse ela ao Inquirer.

Com informações: Inquirer

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.