Golpes no Pix deram prejuízo de R$ 1,5 bilhão em 2023

Golpistas tiveram lucro bilionário com diferentes tipos de golpes em 2023. Criminosos usam o Pix para receber pagamentos e até iniciar golpes

Felipe Freitas
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• Atualizado há 1 semana
Todo cuidado é pouco: como caí em um golpe do Pix mesmo sendo cauteloso (Imagem: Guilherme Reis/Tecnoblog)
Criminosos arrecadaram R$ 1,5 bilhão através de golpes usando o Pix (Imagem: Guilherme Reis/Tecnoblog)

Golpes envolvendo o Pix geraram um prejuízo de R$ 1,5 bilhão aos brasileiros em 2023. Os dados são da empresa ACI Worldwide, que atua no ramo de sistemas de pagamento. Os “golpes do Pix” se referem a crimes que utilizam o meio de pagamento para receber os valores ou, em alguns casos, iniciar o contato com cliente.

Os criminosos utilizam de técnicas de engenharia social e métodos de devolução do Pix para enganar as vítimas. Com poucas mudanças nos golpes, os bandidos seguem se passando por e-commerces/market places ou parentes pedindo dinheiro.

Entre os novos meios enganar as pessoas estão o golpe da taxa das blusinhas e o envio de um Pix “errado”. No primeiro caso, os criminosos usaram a legislação sobre a taxação de compras internacionais para enganar as vítimas a pagar uma suposta taxa de importação.

Já o segundo tipo envolve realizar um pagamento para o alvo, contatá-lo pedindo para que o valor seja devolvido e depois pedir o reembolso do Pix pelo banco. Como o reembolso retira a quantia da conta que recebeu o pagamento, o alvo perde o mesmo valor devolvido.

O Pix é um dos responsáveis pelo declínio do cheque (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Um dos golpes que crescem no Pix é o da transferência “errada”, na qual o criminoso pede reembolso no banco após a vítima devolver o valor (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

R$ 1,5 bilhão perdido em golpes do Pix

A pesquisa da ACI Worldwide aponta que a cada R$ 10 mil movimentados no Brasil, R$ 7 foram para contas usadas em golpes. A maioria dos valores transferidos (60%) nesses crimes são inferiores a R$ 7.000 reais. 48% dos pagamentos fraudulentos são de menos de R$ 1.400.

A estimativa da empresa é de que R$ 3,7 bilhões será perdido em golpes de Pix até 2027. O tipo mais comum de fraude é de adiantamento de pagamento (27%), seguido de pedidos de compra de um produto (20%) e falsos investimentos (17%).

Outros golpes destacados pela ACI Worldwide são os de falsos relacionamentos e de pedidos de pagamentos se passando por outra pessoa. Este último é bem conhecido: o criminoso finge ser um parente que precisa pagar uma conta, mas está sem dinheiro ou sem o Pix funcionando.

Ilustração mostra hacker atrás de computador cercado por ícones do WhatsApp
Cuidado com contatos de parentes pedindo dinheiro no WhatsApp e de bancos cobrando valores (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Importante destacar que os golpes não são, necessariamente, falhas do Pix. O sistema possui medidas para combater possíveis fraudes, assim como os próprios bancos contam com ferramentas para casos suspeitos.

Uma das propostas feitas pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) é de reverter transferências feitas em golpes. A ideia é que os valores pagos para golpistas sejam bloqueados e retornados mesmo que eles repassem a quantia para outras contas. Essa estratégia dos criminosos visa impedir a devolução de um pagamento, já que hoje o Mecanismo Especial de Devolução só funciona caso o valor siga na conta recebedora.

Como se proteger de golpes pelo Pix?

Entre os meios para se proteger de golpes do Pix está o de conhecer o funcionamento dos golpes e dos bancos. Bancos e marketplaces nunca ligam pedindo algum pagamento — nem mesmo contatam pelo WhatsApp. Sempre que receber um contato suspeito, entre em contato com o seu banco pelos canais oficiais.

Isso vale para marketplaces e taxas da Receita. Golpistas podem falar com você pelo WhatsApp sobre produtos anunciados nesses sites. Prefira sempre realizar as negociações pelos canais dos marketplaces e nunca passe seu email ou qualquer outro dado nessas conversas. E se você tem algo a pagar de importação, isso será informado no site dos Correiros.

Logotipo do Pix
Pix tem função de reembolso caso seja enviado para uma conta errada (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

Caso você receba um Pix desconhecido e a pessoa entre em contato com você, não devolva o valor. Sim, você não deve devolver o valor. Nessa situação diga para a pessoa pedir o estorno do Pix através do app do banco dela ou use a ferramenta própria de devolução de Pix — jamais faça um Pix novo nesses casos. Você também deve registrar um boletim de ocorrência sobre o acontecimento para evitar uma acusação de apropriação indébita.

Recentemente, um homem no Paraná foi vítima desse golpe. Luiz Cezar Lustosa Garbini devolveu o Pix de R$ 700. Depois, o golpista pediu o reembolso no banco e Garbini teve a quantia removida da sua conta para estornar o homem.

Tome cuidado que alguns contatos feitos pelo WhatsApp sobre processos judiciais podem ser reais. Oficiais de justiça podem contatar pessoas citadas através do WhatsApp. Para verificar a veracidade você pode entrar em contato com os órgãos de Justiça e pesquisar o número do processo.

Com informações: Folha de São Paulo e G1

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.