Google desiste de aposentar os cookies de terceiros

Após muitos adiamentos, Google não vai mais bloquear cookies de terceiros no Chrome. Investigação de autoridades do Reino Unido pode ter sepultado a ideia.

Giovanni Santa Rosa
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Marca do Google Chrome
Google Chrome está atrás dos concorrentes, que bloqueiam cookies de terceiros há anos (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

O Google anunciou nesta segunda-feira (22) que não vai mais descontinuar os cookies de terceiros. No lugar disso, a empresa pretende dar escolhas a usuários do Chrome e oferecer outras ferramentas de privacidade, como proteção de IP no modo anônimo. As APIs da Privacy Sandbox também continuarão sendo desenvolvidas.

Inicialmente previsto para 2022, o plano de bloquear cookies de terceiros no Chrome foi adiado diversas vezes. Em janeiro de 2024, o Google começou testes com menos de 1% dos usuários do navegador. Em abril, veio um novo comunicado sobre o atraso.

Chrome no computador e no celular com um pop-up sobre bloqueio de cookies de terceiros
Teste de bloqueio de cookies no Chrome começou em janeiro de 2024 (Imagem: Divulgação / Google)

O texto publicado pelo Google em seu blog menciona o feedback da Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) e do Gabinete do Comissário de Informação (ICO), ambos do Reino Unido. Estas entidades reguladoras questionaram, logo após o início dos testes, a decisão do Google de bloquear os cookies de terceiros.

O Google também diz ter recebido opiniões vindas de publishers, desenvolvedores web, sociedade civil e participantes da indústria publicitária. “Esse feedback nos ajudou a criar soluções que visam apoiar um mercado competitivo e próspero que funcione para publishers e anunciantes e incentivar a adoção de tecnologias que melhoram a privacidade”, escreveu a empresa.

Google não conseguiu agradar a todo mundo

Os cookies de terceiros são aqueles que não pertencem ao site que você está visitando. Um banner de publicidade, por exemplo, pode usar um cookie para rastrear usuários, “seguindo” sua navegação em diferentes página. Por isso, defensores do direito à privacidade pediam ferramentas para bloquear estes cookies.

O Firefox foi um pioneiro no assunto. O navegador da Mozilla influenciou Edge (da Microsoft) e Safari (da Apple) a adotarem esta barreira, entre outros browsers. Para o Google, porém, a situação era mais complicada. O Chrome tem o domínio praticamente absoluto no mercado de navegadores. Qualquer medida tomada teria impacto maior que o dos concorrentes.

Além disso, grande parte do dinheiro da empresa vem do mercado de publicidade, que faz uso dos cookies para direcionar anúncios. Qualquer erro aqui poderia custar milhões de dólares.

Tela do Firefox com opções para bloquear cookies
Firefox bloqueia cookies de terceiros desde 2013 (Imagem: Reprodução / Tecnoblog)

A empresa tentou desenvolver outras formas de segmentar anúncios, como a aprendizagem federada de coortes (FLoC, em inglês). Ela foi rejeitada por concorrentes. Desde então, a companhia trabalha nas APIs da Privacy Sandbox.

Esta atuação chamou a atenção das autoridades do Reino Unido: se o Google substituísse os cookies de terceiros por um padrão de segmentação próprio, isso poderia prejudicar a concorrência, levando a uma maior concentração de mercado nas mãos da gigante das buscas.

Sem acordo, o Google desistiu da ideia de bloquear os cookies de terceiros, mas vai continuar trabalhando na Privacy Sandbox.

Com informações: Google, 9to5Google

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