Há alguns dias tivemos um grande impacto com as mudanças de pacotes de internet pré-paga da Vivo: a partir de novembro, os clientes que ultrapassarem a franquia contratada terão sua conexão cortada em vez de reduzida. Uma notícia um tanto quanto desagradável, mas que poderá ser adotada em breve por outras operadoras. A era do ilimitado deve acabar na internet móvel brasileira.

De acordo com o jornal O Globo, o atual modelo de internet móvel ilimitada está chegando ao fim. A mudança começa pela operadora Vivo, que além de cortar as conexões dos pacotes pré-pagos a partir do mês que vem, pretende futuramente usar o mesmo modelo para os clientes pós-pagos. Sem alarde, a Vivo modificou os regulamentos dos seus planos mais novos há um certo tempo, dando margem para a operadora efetuar as mudanças sem transtornos:

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Por enquanto, nenhuma das operadoras anunciou oficialmente as medidas. Mas, de acordo com fontes do jornal, Claro, TIM e Oi também pretendem fazer mudanças no tarifário de internet móvel. A reportagem aponta uma entrevista com o diretor de produtos da Oi, Roberto Guenzburger, que afirma que “com a velocidade menor, o cliente não consegue navegar da forma que gosta, assistindo a vídeos”. Isso é bem verdade, mas a velocidade reduzida ainda permite utilizar serviços de mensagens como WhatsApp e Telegram, que é o que muitas pessoas procuram com a internet móvel.

As operadoras e seus clientes possuem certa dificuldade na hora da contratação e oferta de seus planos de dados. Roger Solé, diretor de marketing da TIM, afirma que “o consumo de dados antigamente era significativamente menor do que hoje”, portanto, fazia sentido oferecer a velocidade reduzida após o término do pacote de dados.

É realmente sofrível navegar em velocidade reduzida, mas as operadoras também não ajudam: planos de dados grandes são escassos nos portfólios das operadoras. Não existe no mercado brasileiro nenhum pacote pré-pago com 1 GB ou mais, por exemplo. Tenho certeza de que muitos dos leitores esgotam suas franquias de um mês de seus pacotes pré-pagos em menos de uma semana.

Foto: Lucas Braga

No exterior é bem comum que os planos de dados não sejam ilimitados, mas as operadoras ao menos oferecem opções melhores que as daqui. Eu uso uma média de 4 GB de dados por mês, algo impossível de ser encontrado em planos pré-pagos no Brasil.

É certo que as novas medidas trarão imenso descontentamento por parte dos usuários. Esse tipo de solução que será adotada inviabiliza a internet móvel para o consumidor final. Se as operadoras não modificarem os planos para incluir uma franquia de dados maior pelo mesmo preço atualmente cobrado pelos planos ilimitados, muitas pessoas deixarão de usar internet móvel e ficarão brigando por senhas de redes Wi-Fi. Afinal de contas, não faz o menor sentido pagar por um pacote que vai parar de funcionar muito antes do que você espera.

Atualização no dia 21 de outubro às 18h30:

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) enviou uma nota a respeito das reportagens divulgadas acerca dos novos modelos de cobrança:

A Superintendência de Relações com Consumidores (SRC) pedirá esclarecimentos às prestadoras de telefonia celular (Serviço Móvel Pessoal – SMP) sobre informações veiculadas na imprensa quanto a possíveis alterações na forma de cobrança da internet móvel. O objetivo da Anatel é garantir que os consumidores tenham seus direitos assegurados e sejam informados, de modo antecipado, amplo e transparente, sobre mudanças.   

As regras do setor permitem às empresas adotar várias modalidades de franquias e de cobranças. No entanto, segundo o Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações (RGC), qualquer alteração em planos de serviços e ofertas deve ser comunicada ao usuário, pela prestadora, com antecedência mínima de 30 dias.

Até o momento, a única operadora que já anunciou mudanças nos planos de dados é a Vivo. No entanto, conforme noticiamos anteriormente, os clientes estão sendo avisados por SMS com a antecedência exigida pela Anatel. Resta aguardar se o formato de comunicação é considerado suficiente para que a operadora efetue as mudanças no prazo estipulado.

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Escrito por

Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.