PicPay concede empréstimo sem checar identidade, reclamam clientes
Usuários do PicPay contam que empréstimos foram feitos em seus nomes sem verificação de documentos; fintech diz validar contas
Usuários do PicPay contam que empréstimos foram feitos em seus nomes sem verificação de documentos; fintech diz validar contas
As fintechs cresceram sob a promessa de facilitar processos e eliminar burocracias dos grandes bancos. Em alguns casos, elas facilitam até demais. É o que parece estar acontecendo no PicPay: a carteira digital faz a intermediação entre seus clientes e financeiras para empréstimos, mas usuários se queixam que o processo deixa de lado algumas confirmações de segurança. Alguns foram surpreendidos por operações feitas sem autorização.
O usuário do Twitter Bruno Predolin fez um post, na tarde de sexta-feira (6), alertando sobre o problema e recomendando encerrar a conta no app. Ele alega que as quantias pré-aprovadas são altas e não há verificações de segurança suficientes.
Predolin ainda incluiu quatro prints de relatos semelhantes. Nas publicações, clientes do PicPay que tiveram empréstimos realizados sem seu conhecimento, e que só ficaram sabendo quando houve uma cobrança.
Um membro da própria equipe do Tecnoblog relata que a segurança do PicPay neste tipo de procedimento parece insuficiente.
Em um primeiro empréstimo, feito usando um celular Samsung, ele teve que passar pelos procedimentos padrão, como reconhecimento facial e envio de documentos.
Depois de trocar de aparelho para um iPhone, porém, o PicPay não pediu nada além da senha para confirmar um segundo empréstimo.
Além disso, o e-mail confirmando a operação demora a chegar — ele poderia ser usado pelo cliente para identificar uma transação indevida e tomar as devidas providências o mais rápido possível.
Outro problema é que o limite padrão para Pix costuma ser bem alto — R$ 10 mil, no caso de nosso colega. Isso é um prato cheio para ladrões fazerem empréstimos no nome da vítima e transferirem o dinheiro para contas de terceiros.
O Tecnoblog entrou em contato com o PicPay para esta reportagem. A empresa enviou a seguinte nota:
Segurança é uma prioridade para o PicPay. Somos regulamentados pelo Banco Central e seguimos todas as determinações dos protocolos de segurança de dados.
O PicPay reforça que o empréstimo pessoal só é oferecido a contas validadas e, na contratação, é exigido o duplo fator de autenticação pelos mecanismos de senha, reconhecimento facial ou documentação. Somente após a certificação da veracidade dos dados, é depositado o dinheiro.
A companhia ainda ressalta que investe constantemente no aprimoramento dos sistemas de segurança e proteção de dados, reafirmando o seu compromisso de preservar as informações dos seus clientes.
Em casos em que há suspeita de uso indevido, o PicPay realiza uma análise minuciosa para responder da forma mais ágil possível para garantir a melhor experiência aos seus milhões de usuários.
O Tecnoblog conversou com o advogado Marcos Poliszezuk, sócio-fundador do Poliszezuk Advogados. Ele explicou o que deve ser feito quando o cliente percebe que há um empréstimo feito em seu nome sem autorização.
O advogado diz que a primeira providência é entrar em contato com o banco, financeira ou fintech que concedeu o empréstimo. Se nada for resolvido, a alternativa é procurar o juizado especial de pequenas causas e solicitar a reparação dos danos materiais.
Poliszezuk diz que o entendimento tem sido favorável aos consumidores:
Em casos similares, o STJ tem entendido que esta conduta é ilícita, por infringir o inciso III do artigo 39 do CDC, que é vedado ao fornecedor enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto ou fornecer qualquer serviço.
Se esta for mesmo a decisão da Justiça, o cliente lesado pode receber indenização por danos morais.