Suposto megavazamento dá detalhes sobre como a busca do Google funciona

Google não negou ou reconheceu megavazamento; documentação sugere que companhia não tem sido totalmente transparente sobre práticas de SEO

Emerson Alecrim
Por
Marca "G" do Google
Suposto megavazamento dá detalhes sobre como a busca do Google funciona (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

O que aparenta ser um grande vazamento de documentos do Google revela detalhes sobre o funcionamento do buscador. Mais de 2.500 páginas dão informações sigilosas sobre como os algoritmos da plataforma classificam os resultados das pesquisas. Esses dados nunca foram divulgados publicamente pela companhia.

A documentação parece ser oriunda de uma API interna do Google e foi disponibilizada via bot em um repositório no GitHub. Rand Fishkin, especialista em SEO (Search Engine Optimization), analisou as informações e publicou um extenso relatório a respeito.

Os documentos são muito técnicos, mas é possível extrair dali algumas características importantes sobre o sistema de classificação de resultados do Google.

Algumas revelações da documentação

Uma das constatações é a de links continuam sendo importantes para o buscador. Por muito tempo, o Google contava a quantidade de links que apontavam para determinado site ou página como um de seus principais critérios de classificação nas buscas. Era o chamado PageRank.

A quantidade de links ainda é um parâmetro considerado pelo buscador, mas, nos últimos anos, o Google dava a entender que editores de conteúdo e profissionais de SEO não precisavam mais se importar tanto com isso. Mas, de acordo com os documentos vazados, os links ainda continuam sendo muito relevantes.

As análises também mostram que o Google considera uma série de parâmetros para avaliar cliques nos resultados de modo a identificar se os links indicados trouxeram informações relevantes para o usuário.

Outros critérios de classificação revelados nos documentos incluem:

  • o Google tem um parâmetro que avalia quão bem o título de uma página corresponde ao seu conteúdo;
  • o buscador tem parâmetros para avaliar o quão frequentemente um site é atualizado, e aparenta dar mais prioridade aos que têm conteúdo novo com frequência;
  • o buscador tem um mecanismo de pontuação de autoridade de sites que pode influenciar no posicionamento de páginas nos resultados;
  • o Google analisa dados sobre o autor de um conteúdo para determinar a sua relevância.
Documentos supostamente vazados do Google (imagem: Rand Fishkin/SparkToro)
Documentos supostamente vazados do Google (imagem: Rand Fishkin/SparkToro)

O Google teria mentido para editores e profissionais de SEO?

As primeiras análises desses documentos dão a entender que o Google não tem sido totalmente transparente com editores de sites e profissionais de SEO que buscam as orientações da companhia para entender como o buscador funciona.

Por exemplo, o ponto sobre o Google analisar dados de autor faz parte de um conceito chamado EEAT, sigla em inglês para Experiência, Especialização, Autoridade, Confiabilidade.

Representantes do Google já disseram, mais de uma vez, que os produtores de conteúdo devem se preocupar com EEAT para transmitir informações mais confiáveis para os usuários, mas que esses dados não são considerados para a classificação de páginas. Porém, a documentação sugere o contrário.

Outro aspecto que teria sido tratado com pouca clareza por parte da empresa é o critério de autoridade. A existência desse parâmetro remete a 2011, quando a companhia lançou um conjunto de atualizações para o buscador chamado Panda.

Mas o Google teria dito nos anos seguintes que não existe uma escala de pontos de autoridade para sites. Essa é outra afirmação que entra em conflito com a documentação.

Alguns dos milhares de atributos considerados pelo buscador, de acordo com os documentos (imagem: Rand Fishkin/SparkToro)
Alguns dos milhares de atributos considerados pelo buscador, de acordo com os documentos (imagem: Rand Fishkin/SparkToro)

Os documentos vazados são verdadeiros?

O Google ainda não soltou nenhum comunicado para confirmar o vazamento, mas a riqueza de detalhes e a forma como os documentos estão organizados sugerem que eles são verdadeiros, sim.

Mas o impacto que isso terá sobre o Google como empresa, sobre o mecanismo de busca em si e sobre o “mercado” de SEO como um todo é algo que somente conheceremos nos próximos dias ou semanas.

Com informações: Search Engine Land, The Verge

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