Vivo cresce no pós-pago, mas tem queda de 14% no lucro

Pandemia do coroanvírus (COVID-19) afeta receita e lucro da Vivo; canais digitais crescem, assim como pós-pago e fibra óptica

Lucas Braga
• Atualizado há 3 anos
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A Telefônica Brasil, dona da Vivo, divulgou o balanço financeiro para o 1º trimestre de 2020: a operadora registrou queda na receita operacional e no lucro líquido, mas conseguiu crescer tanto no pós-pago que superou as desconexões de linhas móveis pré-pagas.

Estes são os principais destaques financeiros, comparados com o mesmo período do ano anterior:

Indicador 1º trimestre de 2020 1º trimestre de 2019 Variação
Receita operacional líquida R$ 10,825 bilhões R$ 10,975 bilhões -1,4%
Custos operacionais R$ 6,318 bilhões R$ 6,614 bilhões -4,5%
EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) R$ 4,507 bilhões R$ 4.360 bilhões +3,4%
Lucro líquido R$ 1,153 bilhão R$ 1,342 bilhão -14,1%
Capex (investimentos) R$ 1,648 bilhão R$ 1,696 bilhão -2,8%
Clientes (total de acessos) 93,08 milhões 94,99 milhões -2%

Vivo cresce em linhas de celular

Enquanto a tendência do setor móvel é encolher a base de clientes, a Vivo conseguiu crescer o número de acessos com adição líquida de 551 mil linhas no pós-pago. O número supera as desconexões do pré-pago, que atingiram 384 mil acessos. No total, a operadora possui 74,7 milhões de linhas, aumento de 1,7%.

Os clientes do pós-pago são importantes para a operadora por representarem 58,5% da base total de linhas. Além disso, clientes dessa categoria gastam mais com os serviços: o ARPU (gasto médio por usuário) do pré-pago é de R$ 12,50, enquanto no pós-pago é de R$ 51,30.

Os acessos M2M, utilizados para dispositivos de Internet das Coisas, tiveram alta de 19,8%, atingindo 10,4 milhões de acessos. A Vivo é líder em market share nesse segmento, com 40,4% de participação de mercado.

Vivo Fibra aumenta acessos

A Vivo apresentou redução de 14,6% no número de clientes de serviços fixos. Os novos acessos de fibra não foram suficientes para compensar a queda na base conectada com cobre (xDSL). No período, a operadora adicionou 2,6 mil acessos de banda larga com fibra, enquanto desconectou 6,7 mil clientes com tecnologia de cobre.

Ainda que os novos acessos não compensem a queda nos acessos de cobre, os serviços de fibra possuem um ARPU (gasto médio por usuário) maior. Isso ajudou a equilibrar a receita líquida fixa de banda larga, que cresceu 6,6%.

Na TV por assinatura, a tecnologia FTTH (fibra até o cliente) cresceu 22%, não compensando a queda total causada pela desconexão de acessos com tecnologia DTH (-15,7%). A operadora deixou de comercializar a TV via satélite em 2019, mas a rede de fibra ainda não chega a todas as áreas dos atuais assinantes. No total, a receita líquida de TV caiu 10,3%, mesmo com o IPTV crescendo 29,3% no período.

No trimestre, a Vivo inaugurou rede de fibra óptica para banda larga e TV por assinatura em 22 municípios, com 739 mil novos domicílios cobertos (home passed). A cobertura total atinge 11,7 milhões de domicílios, e a operadora também destaca que trabalha para “fibrar” as áreas atualmente atendidas com cobre e FTTC (ex-GVT).

Segundo dados de março divulgados pela Anatel, 59,6% dos acessos de banda larga da Vivo são atendidos por infraestrutura de cabos metálicos, seguidos por 40,4% conectados com fibra óptica. No total, ela possui 6,9 milhões de clientes de internet fixa.

Vivo aponta impactos da pandemia

Ainda que os serviços de telefonia tenham ficado mais relevantes durante a pandemia de coronavírus (COVID-19), a Vivo registrou uma menor atividade comercial em março, o que trouxe uma evolução mais fraca da receita de serviços móveis.

Ela também teve uma queda repentina na venda de aparelhos na segunda quinzena de março. No entanto, o impacto não foi tão grande graças a três fatores: as adições líquidas do pós-pago, as migrações digitais do pré-pago para plano controle, e o aumento das recargas em canais digitais.

Falando nisso, os canais digitais conquistaram bons resultados: o aplicativo Meu Vivo atingiu a marca de 16,7 milhões de usuários únicos, enquanto o Meu Vivo Fixo teve crescimento de 34%. O site da operadora foi responsável por 24% das vendas de serviços de fibra e 17% das vendas de serviços móveis.

Entre as ações executivas, a Vivo destaca o apoio ao movimento Não Demita, e destaca o fornecimento de mapas de calor de mobilidade para que governos consigam medir o isolamento social.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.