YouTube testa anúncios inseridos dentro de vídeos para barrar bloqueadores

Experimento do YouTube insere publicidade diretamente no fluxo do vídeo, o que pode dificultar a atuação de bloqueadores de anúncios

Emerson Alecrim
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Ilustração com marca de aplicativo de adblock
YouTube testa anúncios inseridos dentro de vídeos para barrar bloqueadores (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

O YouTube é uma importante fonte de receita para a Alphabet (Google). É por isso que a companhia está determinada a impedir o funcionamento dos bloqueadores de anúncios (adblocks), tanto quanto possível. Uma medida em teste consiste em inserir anúncios diretamente nos vídeos. E isso pode ter alguma efetividade.

Essa abordagem pode parecer vaga, afinal, do ponto de vista do usuário, os anúncios já são veiculados diretamente no conteúdo. Mas não é bem assim. Os vídeos e os anúncios são oriundos de fluxos de dados distintos.

Explicando de maneira bastante simplificada, quando um anúncio é veiculado, o fluxo do vídeo é temporariamente paralisado para a reprodução do fluxo de publicidade. É por isso que assinantes Premium conseguem assistir aos vídeos sem os anúncios. Esse tipo de conta é habilitada para não receber fluxos desse tipo.

Inserção de anúncio no lado do servidor

Para a Alphabet, o problema dessa separação de fluxos é que ela dá abertura para que mecanismos de terceiros interferiram na exibição dos anúncios. Um desses mecanismos é o SponsorBlock, que tem código-fonte aberto e funciona de modo colaborativo.

O usuário do SponsorBlock instala uma extensão no navegador e, ao se deparar com um anúncio no YouTube, reporta aquele segmento à ferramenta. O segmento correspondente passa então a ser sinalizado em um repositório compartilhado, de modo que todos os demais usuários possam se desvencilhar daquele anúncio.

A página do SponsorBlock informa que a ferramenta tem mais de 450 mil usuários que já reportaram mais de 17 milhões de segmentos de anúncios. Esses números são um sinal de que o bloqueador funciona como o esperado.

Mas eis que, nesta semana, o SponsorBlock revelou ter detectado que “o YouTube está testando atualmente inserções de anúncios no lado do servidor”. Isso quer dizer que, nesse teste, os anúncios são inseridos diretamente no fluxo de vídeo, o que torna mais difícil separar o que é conteúdo do que é publicidade.

Note que essa não é uma solução mágica. A nova abordagem ainda está em teste porque o YouTube tem desafios técnicos para superar. Um deles consiste em garantir que a inserção de anúncios diretamente nos vídeos não afete a experiência dos usuários Premium.

YouTube
Símbolo do YouTube (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Uma guerra longe do fim

O que está claro é que essa é uma disputa longe de acabar. De um lado, o YouTube implementa medidas para coibir a atuação dos bloqueadores de anúncios. Do outro, os desenvolvedores dessas ferramentas reagem criando novas formas de barrar a publicidade. E assim a “guerra” perdura.

Como cada lado tem seus interesses, as ações e reações muitas vezes ocorrem de maneira pouco clara para o usuário. Exemplo: no que aparenta ter sido uma das ações mais recentes contra os adblocks, usuários relataram no final de abril que o YouTube vem finalizando vídeos de quem usa bloqueadores de anúncios. Mas até hoje não há confirmação da plataforma sobre isso.

No fim das contas, o que a Alphabet espera é que os usuários que não querem visualizar anúncios publicitários assinem um plano Premium. No Brasil, a modalidade tem os seguintes preços atualmente:

  • Individual: R$ 24,90 por mês
  • Individual anual: R$ 249 (equivalente a R$ 20,75 por mês)
  • Família: R$ 41,90 por mês (para até cinco pessoas)
  • Estudante: R$ 13,90 por mês

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