Review iPhone 11 Pro e 11 Pro Max: consistência nas câmeras

Novos iPhones 11 Pro e 11 Pro Max são caros, mas oferecem tudo o que você espera em câmeras, desempenho e bateria

Paulo Higa
• Atualizado há 5 meses
Apple iPhone 11 Pro e 11 Pro Max - Review

Por Paulo Higa e Thiago Mobilon.

A Apple repetiu a estratégia de 2018 e lançou três novos iPhones, sendo que dois deles ganharam a alcunha Pro: o iPhone 11 Pro e o iPhone 11 Pro Max. Ambos trazem o que a empresa pode oferecer de melhor: uma tela OLED de alto brilho, câmera traseira tripla com processamento neural, baterias maiores e um chip ainda mais poderoso, o Apple A13 Bionic.

Os iPhones mais caros estão menos caros que no ano passado, mas ainda estão fora da realidade para a maioria dos brasileiros. O iPhone 11 Pro custa a partir de R$ 6.999, mas quem quiser uma tela maior e 512 GB de armazenamento pode desembolsar até R$ 9.599 no Brasil. Será que esses valores exorbitantes se justificam? E para quem faz sentido trocar um iPhone antigo pelo novo?

A gente testou o iPhone 11 Pro e o iPhone 11 Pro Max nas últimas semanas e conta tudo nos próximos minutos.

Análise do iPhone 11 Pro e 11 Pro Max em vídeo

Design e tela

Apple iPhone 11 Pro e 11 Pro Max - Review

Higa: Todo ano é a mesma coisa: a Apple mostra um iPhone novo, todo mundo acompanha o lançamento pela internet e imediatamente surgem as piadas com relação ao design do aparelho. Muitos acham o visual ruim logo de cara, mas poucos mantém a opinião negativa quando colocam a mão no produto. Isso porque a Apple costuma se dar bem no acabamento e na qualidade de construção — e a traseira fosca deu um toque sóbrio ao celular, mesmo na cor verde meia-noite, que é bem menos verde do que nas imagens de divulgação da Apple.

Mobilon: Nesse ano, uma das coisas que mais incomodou as pessoas foi o design das câmeras. Não faltaram piadas com fogões por indução. Mas tenho que concordar com o Higa: depois que você coloca as mãos no produto, acaba se acostumando e até gosta da abordagem. Provavelmente por conta do acabamento, que é algo que você só nota em detalhes ao vivo.

Apple iPhone 11 Pro e 11 Pro Max - Review

Higa: Eu estava com o iPhone menor na geração passada, mas desta vez resolvemos trocar os tamanhos. Apesar de preferir aparelhos mais compactos, eu sempre estou testando Androids com telas acima de 6 polegadas, então não houve nenhum estranhamento com relação às dimensões do iPhone 11 Pro Max. Só que ele é mais pesado que a média, com 226 gramas. Depois de ter usado o Galaxy Note 10+, que possui uma tela até maior, mas pesa 198 gramas, esse detalhe incomodou — ainda mais quando coloquei a capinha transparente da Apple, que adicionou uma espessura extra.

Apple iPhone 11 Pro e 11 Pro Max - Review

Mobilon: A gente se acostuma com tela grande, então no primeiro dia foi esquisito voltar para o modelo de 5,8 polegadas. Mas eu também sou do time dos aparelhos compactos: a pegada é muito melhor e, em tempos de bordas mínimas, a carcaça também tem um tamanho muito bom. Acho estranho que ele seja ligeiramente menor que o iPhone 11 normal, que é mais barato. Mas é um tamanho satisfatório.

E sobre o display Super Retina XDR, não há muito o que dizer: continua sendo a melhor tela do mercado. Você provavelmente não vai assistir a um filme no iPhone 11 Pro, mas se quiser, vai encontrar uma qualidade de imagem surpreendente.

Software

Mobilon: Minha principal crítica ao iOS 13 está ligada à forma como a Apple lidou com o fim do 3D Touch. No iPhone 11, ele foi substituído pelo gesto de tocar e segurar. Parece uma troca simples, mas algumas tarefas ficaram confusas ou não funcionam de primeira, sem falar na quantidade de toques acidentais.

Apple iPhone 11 Pro e 11 Pro Max - Review

Por exemplo, na hora de reorganizar apps, o 3D Touch trazia os atalhos, enquanto o gesto de tocar e segurar te permitia trocar os apps de lugar. Agora, quando você toca e segura, aparece o menu de atalhos e uma opção “Editar Tela de Início”. Você toca na opção, depois precisa tocar e segurar novamente no ícone que deseja mover para daí conseguir reorganizar. No app de Twitter eu já perdi as contas de quantas vezes abri uma postagem acidentalmente, porque segurei o dedo na tela por um segundo a mais.

Higa: Não é segredo para ninguém que eu prefiro iOS, apesar de gostar de muitos pontos do Android, como a interface One UI da Samsung, com elementos bem posicionados, e do fato de não precisar fazer nenhum malabarismo para compartilhar um mísero arquivo. Mas o ecossistema da Apple ainda está à frente nos detalhes.

Apple iPhone 11 Pro e 11 Pro Max - Review

Um exemplo simples é o modo escuro do iOS 13: assim que a nova versão foi liberada, vários aplicativos foram atualizados com interfaces que se adaptam ao tema do sistema. Essa “facilidade” da Apple em emplacar funções e APIs novas é algo que não vejo acontecendo com tanta intensidade no Google. Outro caso recente: o WhatsApp suporta Touch ID e Face ID desde 2018; no Android, o bloqueio com leitor de impressões digitais só chegou para todos os usuários nas últimas semanas.

Apple iPhone 11 Pro e 11 Pro Max - Review

Isso fica claro nos games, também: com a API Metal, é difícil ver um jogo que não rode travado nos 60 quadros por segundo no iPhone, o que gera uma sensação de fluidez muito grande. No Android, até pelo problema de ter que adaptar os games para diversas GPUs do mercado, a questão é mais complicada para as desenvolvedoras, mesmo nos topos de linha. Uma fabricante qualquer pode colocar até uma tela de 90 ou 120 Hz em um celular — se o jogo não estiver otimizado, não adianta nada.

Câmera

Apple iPhone 11 Pro e 11 Pro Max - Review

Higa: Consistência é uma palavra que define bem a câmera dos iPhones. É difícil apontar a lente para algum lugar, tocar no botão de tirar foto e não ter uma imagem boa. A calibração entre os sensores também conta pontos: a Apple teve a preocupação de manter o mesmo perfil de cores na câmera principal, na ultrawide e na teleobjetiva. Até então, quando um celular mostrava o céu com um determinado tom de azul na principal e outro tom de azul na ultrawide, eu simplesmente aceitava esse fato. Mas o iPhone 11 Pro elevou o nível.

Mobilon: E é graças a essa consistência que o aparelho consegue combinar as três lentes e fazer coisas muito interessantes. Por exemplo, utilizar a lente ultrawide como uma espécie de gimbal, ao fazer filmagens com a lente normal. Já se você estiver no modo foto, e acidentalmente deixar os pés de uma pessoa fora de quadro, o iPhone agora é capaz de identificar o deslize e corrigir o enquadramento pra você. Ou seja, a lente ultrawide por si só pode não ser um grande diferencial, mas quando utilizada de forma complementar, com o auxílio da fotografia computacional, se torna uma ferramenta poderosa.

Higa: Assim como as outras fabricantes, a Apple desenvolveu um modo noite para capturar imagens quando a iluminação não ajuda. O Huawei P30 Pro foi o que mais me surpreendeu na época do lançamento, por manter uma exposição equilibrada sem estourar os pontos de luz, enquanto o Galaxy Note 10+ também fazia boas fotos à noite, mas com uma coloração mais exagerada para deixar tudo mais bonito do que realmente é. O iPhone 11 Pro Max está do lado mais equilibrado: ele melhora significativamente o alcance dinâmico das cenas, clareando as áreas de sombra, mas sem inventar um show de luzes na sua tela.

Mobilon: Mas o modo noite da Apple também tem seus defeitos. Por exemplo, é normal o céu ficar claro demais em algumas cenas. A diferença é notável para a foto sem a função. Ainda assim, o aparelho faz um trabalho fantástico na captura de detalhes e cores para uma imagem com tão pouca iluminação.

Aliás, uma coisa que eu percebi, é que é muito mais fácil tirar fotos nítidas com o modo noite ativado, do que sem. Mesmo com a alta exposição. Isso porque, aparentemente, o aparelho captura o primeiro quadro imediatamente quando você aperta o disparador e utiliza a alta exposição para fazer a leitura das cores e iluminação. Então, se você estiver fotografando alguma coisa mais ou menos estática, a tendência é que os detalhes fiquem muito bons. Mas se for um cachorro, que não para quieto, os pêlos podem ficar um pouco embaçados, ainda que o contorno esteja visível.

Higa: Não é como se a Apple estivesse fazendo uma revolução nas câmeras de smartphones: nos meus testes, eu percebi que o Huawei Mate 30 Pro consegue uma nitidez melhor no escuro, e o perfil de cores do Google Pixel 4 me agrada até um pouco mais. Mas o trabalho da Apple é muito bem feito; é difícil apontar um defeito nas três câmeras dos iPhones 11 Pro.

Hardware e bateria

Higa: O desempenho do iPhone 11 Pro Max é impecável. O Apple A12 Bionic, de 2018, ainda tem mais potência bruta que o Snapdragon 855 Plus, o melhor processador para Android do momento. O A13 Bionic traz novas melhorias de performance e consumo de energia, mas ninguém deve sentir nenhuma diferença no dia a dia. Da mesma forma que os iPhones XS ainda não apresentam nenhum sinal de travamento, os iPhones 11 Pro rodam tudo com um pé nas costas. A minha impressão é que o hardware da Apple evoluiu mais rápido que os aplicativos disponíveis no iOS.

Apple iPhone 11 Pro e 11 Pro Max - Review

Mobilon: A bateria também teve um ganho de autonomia considerável — ainda não consegui esgotá-la por completo em um dia de uso. Em um dos meus testes, o aparelho ficou fora da tomada por 16 horas e ainda estava com 26% de carga disponível. Foram quase 8 horas de tela ligada, jogando joguinhos, navegando na web e mexendo nas redes sociais. Então, a não ser que o seu dia tenha 48 horas, ou que você fique (literalmente) o dia inteiro com a tela ligada, não vai precisar mais de uma bateria externa. Ela não decepcionou até em condições que exigem mais, como numa viagem que fiz para um local com sinal de celular muito ruim e com uso intenso da câmera e GPS.

Higa: Autonomia já não era mais um problema nos iPhones maiores. E, na nova geração, a Apple colocou a maior bateria da história no iPhone 11 Pro Max, que ficou até um pouco mais espesso, algo que eu não esperava que fosse acontecer em um mundo em que o Jony Ive existe. Então, obviamente, eu não me preocupei com carga em nenhum momento.

Apple iPhone 11 Pro e 11 Pro Max - Review

Mas foi bom notar outro avanço: a Apple finalmente passou a enviar um carregador rápido de 18 watts na caixa, com porta USB-C (até que enfim!). Saindo do zero, ele levou a bateria para 47% em meia hora e 82% em uma hora. Era inadmissível que um celular tão caro viesse com um adaptador de 5 watts, e é bom ver que a Apple corrigiu isso.

Mobilon: Outro ponto de hardware que me animou bastante foi o upgrade no sistema de som. Ainda são os mesmos quatro falantes, mas agora com a tecnologia de áudio espacial, com o Dolby Atmos. Em resumo, o som está realmente mais alto e bem definido, se comparado ao do XS Max. Claro que você não vai usar o falante para ouvir música na rua, ou assistir filmes. Mas eu costumo ouvir podcasts no banho e quando estou viajando não levo a caixinha Bluetooth, por exemplo. E o upgrade também faz bastante diferença nos jogos.

Vale a pena?

Apple iPhone 11 Pro e 11 Pro Max - Review

Higa: Os iPhones 11 Pro atendem todos os requisitos de um bom smartphone premium. A tela é a mais brilhante e precisa que você vai encontrar em um celular. O hardware ainda não tem concorrentes à altura. As câmeras deram um salto em relação à geração anterior, que já era excelente, graças ao Deep Fusion e outras melhorias no software. Bateria não é mais um problema nem no modelo menor. Em resumo, é difícil citar algum ponto negativo que não seja o preço.

Mobilon: Na minha cabeça, quem está pensando em comprar um novo iPhone muito provavelmente já é usuário de iPhone. Como dinheiro não dá em árvore, acho que a atualização para um iPhone 11 Pro ou 11 Pro Max racionalmente faz sentido para quem tem um modelo lançado há mais de dois anos (ou seja, um iPhone 8 ou anterior). Nesse caso, o salto em todos os quesitos é gigantesco. Para quem é dono de um iPhone XS ou XS Max, as melhorias devem ficar concentradas nas câmeras, que foram o maior avanço nos modelos de 2019.

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Especificações técnicas

  • Bateria: 3.046 mAh (11 Pro) e 3.969 mAh (11 Pro Max) com carregamento rápido de 18 watts;
  • Câmera frontal: 12 megapixels (f/2,2);
  • Câmeras traseiras:
    • Principal: 12 megapixels (f/1,8) com estabilização óptica de imagem;
    • Ultrawide: 12 megapixels (f/2,4)
    • Telefoto: 12 megapixels (f/2,0) com estabilização óptica de imagem e zoom óptico de 2x;
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11a/b/g/n/ac/ax, GPS, Glonass, Galileo, QZSS, Bluetooth 5.0, Lightning, NFC (Apple Pay);
  • Dimensões: 144×71,4×8,1 mm (11 Pro) e 158×77,8×8,1 mm (11 Pro Max);
  • Memória externa: sem suporte a cartão de memória;
  • Memória interna: 64, 256 ou 512 GB;
  • Memória RAM: 4 GB;
  • Peso: 188 gramas (11 Pro) e 226 gramas (11 Pro Max);
  • Plataforma: iOS 13.2;
  • Processador: hexa-core Apple A13 Bionic com GPU quad-core;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, reconhecimento facial (Face ID), barômetro, bússola;
  • Tela: Super Retina XDR OLED de 5,8 polegadas com resolução de 2436×1125 pixels (11 Pro) e 6,5 polegadas com resolução de 2688×1242 pixels (11 Pro Max).

Review iPhone 11 Pro e 11 Pro Max

Prós

  • Acabamento de primeira e excelente construção
  • Apple correu atrás nas câmeras (e conseguiu chegar lá)
  • Bateria de sobra, mesmo no modelo mais compacto
  • Chip A13 Bionic é potente até demais
  • Uma das melhores telas que você vai encontrar em um celular

Contras

  • Bem caro, né
Nota Final 10
Bateria
10
Câmera
10
Conectividade
10
Desempenho
10
Design
10
Software
10
Tela
10

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Escrito por

Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.