Review Motorola Defy Mini dual-chip, a opção para usuários desastrados

Smartphone tem processador de 600 MHz, câmera de 3,15 megapixels e Android 2.3.

Paulo Higa
• Atualizado há 6 meses

O Defy Mini chegou ao país em abril com a promessa de ser um smartphone “à prova de desastrados”. Disponível também em versão dual-chip, o aparelho é uma versão mais básica do famoso Motorola Defy, que já passou por testes extremos no Tecnoblog. Para tristeza da nação, nós não jogamos o novo smartphone numa piscina, mas fizemos uma análise detalhada com os prós e contras do aparelho.

O Android dual-chip de entrada da Motorola tem processador single-core de 600 MHz, 512 MB de RAM, tela de 3,2 polegadas e uma câmera que tira fotos de 3,15 megapixels. Será que ele é uma boa opção para as pessoas que utilizam duas operadoras e querem fugir dos aparelhos xing-ling? Confira nos próximos parágrafos.

Design

O Defy Mini não foi desenvolvido pensando em beleza, mas em resistência. As proteções dos conectores de fone de ouvido e USB não deixam o visual do smartphone agradável, mas evitam a entrada de líquidos quando algum amigo empurrar você para dentro de uma piscina. A traseira fosca também pode não agradar a muita gente, mas transmite a sensação de não riscar tão facilmente quanto os aparelhos com acabamento brilhante.

A parte frontal do Defy Mini possui, além da tela de 3,2 polegadas, quatro botões capacitivos: menu, tela inicial, voltar e pesquisar. Durante o período que testei o aparelho, os botões foram bastante responsivos. A frente também possui um pequeno LED de notificações que pisca em azul quando o usuário recebe um novo email ou mensagem de texto.

A traseira do aparelho da Motorola vem com uma tampa bem simples, sem texturas. A parte inferior vem com um botão onde é possível travar a tampa para lacrar o smartphone totalmente. Para remover a tampa traseira e obter acesso à bateria e aos slots de cartões SIM e microSD, é necessário destravar e puxar a tampa cuidadosamente para liberar cada travinha.

Após a remoção da tampa traseira e da bateria de 1.650 mAh, o usuário tem acesso aos três slots: um para o cartão de memória microSD e dois para os chips. Um dos slots SIM funciona apenas em 2G, então você deve inserir o chip com plano de dados 3G no slot indicado com WCDMA para conseguir uma ótima velocidade (ou quase isso) de navegação na internet.

Tela e interface

Assim como a maioria dos smartphones de entrada, o Defy Mini possui uma tela pequena, de apenas 3,2 polegadas. Pessoas com mãos pequenas podem utilizar o aparelho confortavelmente, sem malabarismos para alcançar os cantos da tela. A qualidade da imagem, infelizmente, não é das melhores: são apenas 256 mil cores e uma resolução de 320×480, resultando em uma densidade de 180 pixels por polegada.

Um usuário mais avançado, acostumado com telas de LED e AMOLED de alta definição, certamente perceberá que a tela do Defy Mini possui baixa vivacidade de cores, baixa definição de imagem e pouco brilho, mas o visor está condizente com o padrão dos smartphones basicões.

Eu não sei como a Motorola consegue pensar em tantos widgets para poluir a interface do Android. A tela principal possui, além de duas fileiras de ícones, uma caixa de busca do Google, um widget de previsão do tempo e uma barra de vídeos em destaque do YouTube. Rolando a tela para os lados, o usuário encontra widgets de aplicativos mais acessados e pessoas mais contatadas. Por padrão, são sete telas. Ainda bem que o Android é personalizável.

Enviar SMS ou ligar para alguém é bem simples no dual-chip da Motorola. Basta abrir o aplicativo de mensagens ou telefone; na parte inferior da tela, dois botões de envio aparecerão. O primeiro, se conectado em 3G, será identificado como W; caso contrário, como G1. O segundo chip é mostrado como G2.

O Defy Mini dual-chip também sofre dos problemas de um Android de entrada: após algumas horas de uso, rodando aplicativos populares como Fruit Ninja, Angry Birds, Twitter e Gmail, o aparelho começa a engasgar e exibir mensagens de “forçar fechamento”. Nos momentos mais críticos, o uso do smartphone tornou-se tão irritante que foi necessário reiniciá-lo. Pelo menos a Motorola incluiu o comando de reiniciar direto nas opções de desligamento.

Multimídia

O player de áudio do Defy Mini é bem competente. Com uma conexão disponível, o player Música+ automaticamente encontra a letra da música e a exibe em tempo real. O aplicativo também possui integração com o SoundHound, para reconhecimento de músicas; Shoutcast, para rádios online; e YouTube, para encontrar clipes de músicas.

Com uma tela de apenas 3,2 polegadas, não dá para esperar um player de vídeo matador. O Defy Mini foi capaz de reproduzir um filme em DivX de 480p sem problemas, mas só isso. Nada de legendas, vídeos em 720p ou algo mais avançado, mesmo porque o processador de 600 MHz dificulta o trabalho. Utilizando o MX Player, a visualização de um vídeo *.mkv de 720p foi “possível”, mas com corte de frames e atrasos no áudio.

Câmeras

A câmera de 3,15 megapixels é suficiente para tirar fotos casualmente, em ambientes com bastante luz natural. Nos locais mais escuros, o algoritmo da câmera bem que tenta disfarçar os ruídos da imagem, mas as imperfeições continuam bastante visíveis. A câmera frontal possui resolução VGA e pode ser utilizada para fazer chamadas em vídeo – os auto-retratos, porém, ficam com uma qualidade bem ruim.

O Defy Mini também grava vídeos, mas não conte com essa funcionalidade: a qualidade da imagem é péssima, mesmo com a câmera configurada para capturar na qualidade máxima. Ruídos de imagem, som abafado e falta de nitidez são alguns dos problemas que você encontrará no aparelho. Estranhamente, o Defy Mini foi capaz de filmar apenas na resolução de 352×288, uma resolução bem pior que muitos aparelhos de baixo custo.

https://www.youtube.com/watch?v=6-IIgk_V2yo


(Vídeo do YouTube)

Aplicativo de sincronização

Não tem.

Jogos e aplicativos embutidos

A Motorola resolveu incluir uma penca de aplicativos pré-instalados no Android, muitos deles de utilidade duvidosa. Além do pacote padrão do Android, temos: BlogCenter, Bússola, CardioTrainer, Comandos de Voz, Gravador de Som, Lanterna, MediaSee, MediaSer, Midnight Bowling 2, Painel de controle, Quickoffice Lite e Tetris. Os jogos são bem legais, mas eles funcionam somente por 60 minutos; após o término do período é necessário adquirir uma licença.

O hardware do Defy Mini não é dos melhores e, em conjunto com os vários widgets espalhados pelas telas do Android e os jogos trial impossíveis de serem desinstalados, a Motorola complica a vida do usuário com um smartphone lento e com pouco espaço interno disponível.

Bateria

Com um hardware nada potente, o Defy Mini se dá bem com sua bateria de 1.650 mAh, mas não chega a impressionar. O teste não foi tão preciso porque, por algum motivo desconhecido, o dual-chip da Motorola exibe apenas níveis de bateria de 5% em 5%.

Com uso moderado, que incluiu 30 minutos de navegação por 3G, 15 minutos de streaming de vídeo por Wi-Fi no YouTube, 30 minutos de Fruit Ninja e 15 minutos de vídeo DivX 480p, a bateria chegou a 60%. A conexão 3G ficou ativada durante todo o teste e o brilho permaneceu no automático.

Usando o smartphone de maneira mais intensa, com 30 minutos de navegação por Wi-Fi, 30 minutos de redes sociais por 3G, 30 minutos de streaming de vídeos por Wi-Fi no YouTube, 30 minutos de Fruit Ninja e 30 minutos de vídeo DivX 480p, a bateria chegou a 30%. 3G, Wi-Fi, GPS e Bluetooth permaneceram ativados durante o teste, com o brilho no máximo.

Com o carregador original, que fornece uma corrente de 850 mA, a bateria do Defy Mini dual-chip foi do zero ao 100% em pouco mais de 2 horas.

Pontos negativos

  • Lentidão excessiva após algumas horas de uso;
  • Sistema operacional cheio de aplicativos de utilidade duvidosa;
  • Câmera com péssima qualidade de imagem;
  • Processador lento em relação aos concorrentes com mesma faixa de preço.

Pontos positivos

  • Resistência a riscos, poeira e água;
  • Suporte a dois cartões SIM;
  • Bateria com boa autonomia.

Conclusão

O Defy Mini dual-chip é uma boa opção para usuários desastrados que sentem necessidade de utilizar dois chips simultaneamente. O aparelho demonstra ser resistente, o envio de mensagens é bastante prático, a bateria dura bastante e é possível aproveitar os milhares de aplicativos disponíveis na Play Store.

A Motorola liberou a novidade no Brasil por um preço sugerido de R$ 699. O valor não é nada acessível, principalmente para quem está acostumado a comprar celulares dual-chip ou até quad-chip no mercado cinza, mas o Defy Mini dual-chip com certeza possui uma qualidade de construção bastante superior e não é descartável.

Entretanto, você também deve levar em consideração as várias limitações apontadas na análise e entender que os aparelhos de “baixo custo” com Android ainda têm sérios problemas de desempenho e estabilidade. Se você não possui uma árvore de dinheiro e não precisa tanto de um aparelho dual-chip, vale a pena esperar o preço do Defy Mini baixar ou juntar dinheiro para adquirir um aparelho melhor.

Especificações técnicas

  • Bateria: 1.650 mAh.
  • Câmera: frontal (VGA) e traseira (3,15 MP).
  • Conectividade: 3G, Wi-Fi, GPS, Bluetooth 2.1, DLNA e USB 2.0.
  • Dimensões: 109 x 58,5 x 12,6 mm.
  • Frequências: WCDMA/HSDPA (850 / 900 / 1.900 / 2.100 MHz); GSM/GPRS/EDGE (850 / 900 / 1.800 / 1.900 MHz).
  • Kit contém: aparelho Defy Mini dual-chip, bateria, fone de ouvido (3,5 mm), carregador, cabo USB e manual.
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 32 GB.
  • Memória interna: 512 MB;
  • Peso: 107 g.
  • Plataforma: Android 2.3 (Gingerbread).
  • Processador: single-core de 600 MHz.
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, bússola.
  • Visor: 3,2 polegadas com resolução de 320×480 e proteção Gorilla Glass.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.