Review Motorola RAZR HD, o primeiro com 4G no Brasil

Rafael Silva
• Atualizado há 5 meses

As fabricantes de aparelhos se orgulham quando conseguem ser pioneiras em alguma coisa. Então não é de se espantar que o RAZR HD, da Motorola, tenha sido lançado no país acompanhado dos dizeres “o primeiro smartphone com 4G do Brasil”, já que ele é o primeiro que vem com um chip que suporta as redes LTE 2600, usadas para transmitir dados da quarta geração por aqui.

Mas para ser verdadeiramente pioneiro ele precisa mostrar que seu pioneirismo é útil. O 4G do RAZR HD só vai ser bem aproveitado lá para meados de abril de 2013 e apenas em algumas cidades, então ele não preenche esse requisito ainda. Passando desse detalhe, o RAZR HD se sai bem como um smartphone high-end que aparenta ser? No meu review que você está para ler eu tento descobrir.

Design e pegada

A linha RAZR já é conhecida por ter um design simples que mescla a fibra de Kevlar na traseira do aparelho com alguns elementos de metal ou plástico. No RAZR HD vemos isso com o destaque da faixa metálica que circula as laterais o aparelho, à lá iPhone 4. Esse design ajuda bastante na empunhadura do aparelho, que é bem firme. Aliado a isso, a camada de Kevlar faz dele um smartphone bom para quem tem mãos atrapalhadas que derrubam qualquer coisa.

Não gostei muito da gaveta de inserção dos cartões microSIM e microSD: ela precisa de um pouco de esforço e de um certo macete para ser retirada mesmo com a ferramenta fornecida na caixa. A lateral esquerda é onde ficam a gaveta dos cartões microSIM e microSD, bem como as portas miniHDMI e microUSB. Na parte de baixo é possível notar que alguns parafusos ficaram expostos.

De uma maneira geral o RAZR HD me pareceu um smartphone resistente. O material do qual ele é feito me deixou a impressão de que ele pode resistir bravamente a algumas quedas sem problemas. E o vidro com Gorilla Glass garante uma resistência maior do que a comum.

Tela, interface e navegação

Por ser feita de Super AMOLED, já esperava que a tela demonstrasse qualidade similar ao do Galaxy S III e dos demais RAZRs da linha. E foi o que aconteceu. O contraste da tela de 4,7 polegadas com 1280 x 720 pixels de resolução não é menos do que fantástico. E sim, ele usa tecnologia PenTile que é conhecida por ter um baixo consumo de energia mas entregar uma qualidade inferior de pixels, mas dada a resolução da tela, eu não notei nenhuma diferença. E dificilmente acho que alguém vai usar o celular sob a lente de um microscópio para notar.

Em termos de interface, o RAZR HD é um exemplo de como a Motorola está cada vez mais se aproximando do Android puro após a compra pelo Google (por mais que eles não queiram admitir). Apesar de ter alguma personalização lá e cá, esse smartphone passou a sensação de ter uma experiência Android perto do que estamos acostumados a ver em aparelhos Nexus: simples, útil e rápida.

O que eu quero dizer é que, apesar de ter uma interface customizada, ela está bem flexível no RAZR HD. As opções de personalização de widgets e o painel de acesso rápido aos ajustes são duas ótimas ideias da Motorola, além do painel de aplicativos favoritos que facilitam bastante o acesso. Nesse campo também existe o aplicativo Smart Actions, que já falei em testes anteriores da linha RAZR e que servem para modificar o comportamento do celular de acordo com horários ou localizações. Bem útil para economizar bateria.

Mas voltando ao ponto da semi-pureza da interface Android da Motorola, achei que foi bem implementado. Afinal uma fabricante de smartphone atualmente precisa se destacar das dezenas de outras de alguma maneira – e elas escolhem exibir uma experiência personalizada do Android para seus clientes, na esperança de que seja sempre a melhor. A Motorola faz isso com o RAZR HD com uma interface próxima do Android puro, mas não completamente. E por isso eu não duvidaria que um aparelho ao estilo do RAZR servisse de inspiração para um Nexus no ano que vem.

Multimídia

Provavelmente por causa da sua GPU combinada com o processador de 1,5 GHz, os arquivos em mkv tocaram sem engasgo algum. Em .avi, por ser um formato que exige menos de hardware, a performance também foi lisa e qualquer arquivo com DivX foi suportado pelo aparelho. Não posso dizer o mesmo para a música, por incrível que pareça. Os arquivos de mp3 e m4a que coloquei no RAZR HD foram todos reconhecidos, mas ao trocar de uma música para outra precisei passar alguns segundos de silêncio antes.

Os fones de ouvido não são dos melhores. A Motorola ainda tem muito o que trabalhar para fazer dos seus fones encaixarem bem nas orelhas e a qualidade do áudio foi mediana, não comparando bem nem com os fones da Apple ou da Sony. Dito isso, o alto-falante na traseira do RAZR HD não deixa nada a desejar; de fato, ele verdadeiramente surpreendeu pela qualidade. Digamos que você não vai querer que esse aparelho seja usado nunca para tocar funk, sertanejo ou qualquer estilo musical dentro de um veículo de transporte coletivo.

Outro ponto que achei irritante nessa área, além da lentidão da música: arrastar os conteúdos multimídia para o celular usando o Windows Explorer vai sempre exibir um aviso de que tais arquivos não podem ser reproduzidos no aparelho, mesmo que eles possam. Algo em que a Motorola talvez deva trabalhar para futuros modelos de Android, já que esse não veio com programa de sincronização – apenas o que serve para instalar os drivers.

Um smartphone como o RAZR HD, por ser high-end, é um daqueles aparelhos que esperamos que executem várias funções de maneira satisfatória. Mas parece que, ao menos em música, a Motorola escorregou aqui. Até é possível baixar o programa de sincronização direto do site da fabricante, mas não acho que o tempo de transferência vai ser rápido o bastante por meio do programa para valer à pena.

Câmeras

A Motorola não tem um bom histórico de escolher câmeras de qualidade. O máximo que conseguem é ter uma imagem razoável mas que ao olhar de perto dá para perceber um ruído maior do que a média dos concorrentes, principalmente com o foco em automático. Com o RAZR HD a receita não se repetiu muito. Em comparação com as do RAZR original, há uma evolução perceptível, mas a câmera ainda não pode substituir uma point-and-shoot dedicada. Veja abaixo alguns exemplos de fotos.

Não estou dizendo que ela é necessariamente ruim. A câmera serve para tirar fotos de qualidade boa o bastante para quem vai apenas publicá-las em redes sociais, mostrar na tela do celular ou exibi-las na TV.

Para vídeo, a câmera segue o mesmo esquema. Muita granulação mesmo com bastante luz e mesmo levando em consideração que a Motorola fez questão de estampar um “HD” ao lado do sensor da câmera do aparelho. Confira um teste de vídeo logo abaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=usSA4-zals0
(Vídeo no YouTube)

De uma maneira geral, é seguro dizer que as imagens capturadas com a câmera do RAZR HD não vão ganhar nenhum concurso de fotografia.

Conectividade e acessórios

O destaque do Motorola RAZR HD é mesmo ter conetividade 4G, mas ela de nada adianta por enquanto já que as operadoras estão apenas testando a rede e não vendem planos ainda. O máximo que posso dizer é que, durante o anúncio do RAZR HD no Brasil aqui em São Paulo, pude testar a rede 4G que a Claro havia disponibilizado no local e a navegação foi absurdamente rápida.

Junto do RAZR HD são incluídos fones de ouvido, que já citei acima e que são de qualidade aceitável mas que não vai agradar quem quer um áudio fiel. Há também um cabo HDMI, algo que a Motorola tem incluído bastante nos seus aparelhos Android como forma de multiplicar as funções deles, já que assim o aparelho pode ser conectado a um monitor externo ou uma TV. Pessoalmente, não vejo uso dele além de servir para visualização de vídeos em telas maiores.

Bateria

Para deixar mais padronizado o esquema de testes de bateria dos aparelhos dos quais fazemos review, escolhemos um método com tempos e configurações estabelecidas previamente. A tabela completa e uma descrição detalhada do método está nesse link.

Para o RAZR HD, com uso intenso, o gasto de bateria foi de 57%. Para uso moderado, o gasto foi de 39%. Ambos envolvem o aparelho com o brilho no máximo, com conexões e notificações ativadas, playback de arquivos multimídia e navegação web via 3G e WiFi, além de uma ligação telefônica longa.

Dito isso, o RAZR HD tem uma bateria que surpreendeu nos meus testes. Eu já esperava que, por causa da tela e da conectividade 4G, ele tivesse pouca autonomia. Claro, não testei em nenhuma rede 4G ainda, então é possível que a autonomia caia vertiginosamente assim que isso acontecer, mas em redes 3G ele dura seguramente um dia inteiro e dá a impressão de que ele faz parte da família MAXX.

Abaixo estão os resultados de três benchmarks rodados no RAZR HD.

Especificações técnicas

  • Processador Qualcomm 1,5 GHz dual-core;
  • 1 GB de RAM;
  • Tela de 4,7 polegadas SuperAMOLED com 1280 x 720 pixels;
  • 16 GB de armazenamento interno;
  • Câmera traseira de 8 megapixels com flash de LED
  • Câmera frontal de 1,3 megapixels;
  • MicroSD, microUSB, microHDMI;
  • GPS + Glonass;
  • Bateria com 2530 mAh;
  • Android 4.0.4.

Pontos negativos

  • Câmera ruim para vídeos e não muito boa para fotos;
  • Aplicativo de áudio que trava demais.

Pontos positivos

  • Conectividade 4G;
  • Bateria acima da média;
  • Tela excelente.

Conclusão

Nunca precisei recomendar um aparelho baseado na área em que ele será usado. Mas existe uma primeira vez para tudo, certo? É o que acontece aqui: o RAZR HD, se não for usado em uma área com cobertura 4G, será um aparelho subutilizado e que ainda é caro para valer a pena sua compra. Sim, ele tem uma tela de 4,7 polegadas e um processador extremamente rápido, mas sua principal vantagem não se torna uma vantagem até pelo menos abril do ano que vem. E isso não acontece em todo o Brasil ao mesmo tempo.

Custando R$ 2 mil em seu preço cheio, ele já oferece o que muitos dos smartphones atuais oferecem por menos. O RAZR HD se sai bem por ter uma interface menos carregada do que as dos concorrentes e uma tela que, mesmo usando tecnologia PenTile, vai exibir pixels de uma maneira excelente.

Em certas operadoras é possível encontrá-lo por R$ 1,7 mil e esse sim é um preço que vale a pena a pagar por um smartphone sem muitas modificações e que tem potencial para ficar melhor no futuro. Só resta saber quando ou se ele será atualizado para a versão mais recente do Android, algo que a Motorola ainda faz mistério.

A decisão aqui fica, então, por conta geográfica. Se você vai usar o aparelho em uma das cidades da Copa das Confederações, o RAZR HD tem grande chance de te dar a experiência 4G completa, com velocidades de conexão (esperamos) altíssimas e em troca de mensalidades igualmente assustadoras. Caso não more, deixe passar um tempo, espere os próximos aparelhos chegando no Brasil – o Galaxy S III LTE por exemplo, já chegou mas pode cair de preço no futuro.

E enquanto espera, a rede 4G do Brasil vai sendo lentamente implementada e mais celulares vão chegar, abaixando o preço dos atuais.

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Escrito por

Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.