Review Nokia 5.3: avançou, mas nem tanto
Nokia 5.3 entrega “Android puro” e um desempenho interessante, mas escorrega feio no conjunto fotográfico e no preço
Nokia 5.3 entrega “Android puro” e um desempenho interessante, mas escorrega feio no conjunto fotográfico e no preço
A Nokia, controlada pela finlandesa HMD Global, retornou ao Brasil em 2020 com o smartphone 2.3, um modelo mais básico que não agradou muito devido à performance fraca. Agora, a empresa traz outra proposta nova: o Nokia 5.3, um intermediário com quatro câmeras, processador Snapdragon 665, tela grande de 6,55 polegadas e bateria de 4.000 mAh.
Porém, a empresa cobra caro por tudo isso. O Nokia 5.3 foi lançado por impressionantes R$ 1.899. Vale desembolsar tudo isso? Encontro opções melhores por menos? E o desempenho? Eu testei o novo aparelho da Nokia nos últimos dias e compartilho todos os detalhes nesta análise.
O Tecnoblog é um veículo jornalístico independente de tecnologia que ajuda as pessoas a tomarem sua próxima decisão de compra desde 2005. Nossas análises de produtos são opinativas e não possuem nenhuma intenção publicitária. Por isso, sempre destacamos de forma transparente os pontos positivos e negativos de cada produto.
Nenhuma empresa, fabricante ou loja pagou ao Tecnoblog para produzir este conteúdo. Nossos reviews não são revisados nem aprovados por agentes externos. O 5.3 foi fornecido pela Nokia por doação. O produto será usado em conteúdos futuros e não será devolvido à empresa.
Esse design mais limpo não deixa de lembrar os outros smartphones da marca, especialmente o 8.3, que também recebeu um módulo redondo para as câmeras. O 5.3, no entanto, ganhou quatro lentes acompanhadas de um flash de LED no centro e um leitor de impressões digitais logo abaixo.
Os botões de volume e de desbloqueio estão na lateral direita, e esse último também te avisa, através de um LED embutido ali, quando há novas notificações. Do outro lado, a Nokia adicionou um botão dedicado para o Google Assistente, o que é muito legal, mas a empresa poderia permitir a configuração dele para outras finalidades.
Ao menos a gaveta do chip, que está ali do lado desse botão, permite inserir e usar simultaneamente dois cartões nano-SIM e um MicroSD. Para os mais conservadores, a Nokia manteve a entrada padrão para fones de ouvido e nada de porta Micro USB, como vimos no primeiro aparelho, felizmente, o 5.3 já chega com o USB tipo C.
Na frente, o painel é do tipo IPS LCD de 6,55 polegadas com poucas bordas e um aproveitamento frontal bem semelhante ao do Galaxy A21s. A resolução, no entanto, é HD+, 1.600 × 720 pixels, e, convenhamos, esse modelo poderia pelo menos ser Full HD e um painel OLED também seria bem-vindo. Afinal, estamos falando de um smartphone de quase R$ 2 mil.
Apesar dessas ressalvas, a tela do Nokia 5.3 entrega brilho forte e não precisei deixar a luminosidade perto do máximo durante os dias em que fiquei com ele; as cores não chegam perto do que encontramos no OLED, mas elas são decentes nesse aparelho; por fim, a visualização sob a luz solar é mediana e exige um pequeno esforço.
Ainda sobre as bordas, elas não são tão ressaltadas, algo positivo para quem consome vídeos e jogos com frequência no celular. Um entalhe em forma de gota abriga a câmera de selfie e a parte inferior da tela ganhou um queixo com a identificação da marca.
O alto-falante do Nokia 5.3 não tem um volume alto, então, muito provavelmente você vai usar um fone de ouvido durante o consumo de mídia. Mas isso não quer dizer que a experiência será melhor, isso porque a entrada para o acessório está na área superior do telefone e não embaixo, onde deveria estar. Você pode notar um certo incômodo durante a jogatina, por exemplo.
O Nokia 5.3 participa do programa Android One do Google que entrega ao usuário uma interface limpa, ou seja, apenas os aplicativos do Google estão pré-instalados. Eu gosto bastante da estratégia da empresa de entregar um software sem os apps de joguinhos e outros serviços que você mal vai utilizar.
Quando o assunto é atualização de sistema, a Nokia tem sido bem honesta, deixando tudo claro para o consumidor, outra atitude conveniente. A empresa ainda informa que o 5.3 está pronto para receber o Android 11, porém a nova versão ainda não estava disponível no dispositivo que eu testei. Também estão garantidas atualizações de segurança por três anos e dois anos de upgrades do Android, informação que está “estampada” na caixa do produto.
No mais, ele traz a gaveta de aplicativos, suporte ao modo escuro, e, como eu disse anteriormente, o principal ponto negativo é não permitir a configuração do botão do Google Assistente.
O conjunto fotográfico do 5.3 é composto por uma lente principal de 13 megapixels, uma ultrawide de 5 megapixels, macro de 2 megapixels e encerra com um sensor de profundidade de 2 megapixels. Podemos dizer que o dispositivo está seguindo a tendência, mas eu esperava mais dessas câmeras aqui presentes.
A principal deveria ser de 48 megapixels, como o Motorola One Fusion e o Samsung Galaxy A51, que também custam quase R$ 2 mil. Mas vamos ao que interessa: quando a iluminação do ambiente é boa, essa câmera entrega fotos com nível de detalhamento satisfatório, exposição equilibrada e ela ainda trabalha bem com as sombras.
Apesar disso, existe uma certa deficiência para registrar ambientes arborizados, pois, nesse cenário, as aberrações cromáticas são muito visíveis e acabam por estragar o registro final. A ultrawide tenta seguir a fórmula da lente principal, mas os ruídos dominam em toda a imagem, situação muito parecida com a do LG K62+.
O sensor de profundidade pode se atrapalhar em locais onde há muita informação visual, mas, no resto, ele atua bem. A lente macro não surpreende, já que entrega fotografias sem definição, a empresa, ao menos, poderia oferecer uma câmera melhor de 5 megapixels, como o Samsung Galaxy A31. O modo Noite está disponível e se esforça para produzir imagens nítidas, o resultado é apenas ok.
A nitidez e o brilho da câmera frontal, de 8 megapixels, me agradam. E o pós-processamento tende a entregar selfies com cores mais saturadas, mas sem excesso.
No hardware, nós temos aqui o Qualcomm Snapdragon 665, o mesmo processador do Moto G8 Power e de outros intermediários, ele é octa-core rodando a até 2 GHz e a GPU é a Areno 610. Ele ainda tem 4 GB de RAM e armazenamento interno de 128 GB, um número excelente.
De modo geral, o Nokia 5.3 atua bem, porém alguns consumidores detalhistas poderão notar uma certa falta de fluidez, mas não é nada grave que comprometa a usabilidade A maioria dos apps abre rapidamente e, durante os dias em que usei o aparelho, não houve fechamento inesperado de apps nem engasgos constantes.
Este não é um aparelho dedicado para games, mas eu consegui jogar títulos leves e pesados sem muitos problemas. Asphalt 9, por exemplo, roda bem com os gráficos no automático e apresenta alguns travamentos pontuais.
A bateria de 4.000 mAh é outro destaque do dispositivo, embora essa capacidade seja muito comum para os dias de hoje, e a Nokia ressalta que ela pode durar até dois dias. Iniciei o dia com 100% e passei três horas na Netflix, uma hora de YouTube, 10 minutos de redes sociais e encerrei com 15 minutos de Asphalt 9, depois, sobraram 56%. O 5.3 estava conectado ao Wi-Fi o tempo todo e o brilho estava no máximo, portanto, um resultado excelente e mostra que o celular cumpre o combinado.
Já a fonte de 10 watts enviada na caixa faz o aparelho chegar em sua carga total em 2h45min, acredito que uma fonte mais potente poderia acompanhar o celular, não é?
Após desanimar os fãs nostálgicos com o 2.3, a Nokia acerta com o 5.3 e, claramente, tenta puxar o público acostumado com intermediários da Samsung e da Motorola. O aparelho tem um design mais simples que não interfere na pontuação final, o desempenho com o Snapdragon 665 é decente e o “Android puro” é outro acerto, assim como a honestidade com as atualizações do produto.
Mas a Nokia poderia entregar mais e nem precisava ser muito. Uma tela OLED já estava de bom tamanho, só para concorrer melhor com os intermediários mais completos da Samsung. A câmera ainda é um ponto que faz este aparelho perder pontos, todas elas precisam de um refino e não faz sentido manter uma macro de apenas 2 MP, já que o consumidor não vai ter bons resultados com ela.
Considerando tudo isso, o Nokia 5.3 só faz sentido se você o encontrar em uma boa promoção, com valor abaixo dos R$ 1.500. Se for para levar em conta o preço sugerido, o Galaxy A51 é a melhor opção com câmeras melhores e tela AMOLED. O Moto G9 Play é outro modelo que eu indicaria, que tem hardware semelhante e está muito mais barato.
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