Review Realme 8 Pro: ousado no design e congelado no hardware

Com design polêmico, Realme 8 Pro traz melhorias no conjunto fotográfico e nenhuma novidade no hardware e na bateria

Darlan Helder
• Atualizado há 5 meses
Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

A Realme ainda não é uma marca popular no Brasil, mas vem buscando o seu lugar ao sol. Para rivalizar com Samsung, Motorola e Xiaomi, a chinesa amarela aposta em intermediários premium que vem chamando a atenção neste ano de 2021. O Realme 8 Pro, lançado globalmente há pouco tempo, é o novo investimento da empresa para o nosso mercado e terá a missão de concorrer com o Redmi Note 10 Pro, com o Motorola Moto G60 e com o Poco X3 Pro.

O sucessor do Realme 7 Pro chega equipado com novo design, traz processador Snapdragon 720G, 8 de RAM, quatro câmeras com a principal de 108 megapixels e bateria de 4.500 mAh com carregador rápido. Será que faz sentido? Eu testei o Realme 8 Pro nas últimas semanas e conto as minhas impressões neste review.

Análise do Realme 8 Pro em vídeo

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O Realme 8 Pro foi fornecido pela Realme por empréstimo e será devolvido à empresa após os testes. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.

Design

Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Comecemos colocando lenha na fogueira. A Realme é uma empresa que gosta de exaltar a sua marca, por isso você vai encontrar a frase “Dare to Leap” ou algo semelhante em vários produtos da chinesa. E não foi diferente com o Realme 8 Pro, que recebeu a mensagem em letras garrafais e dividiu opiniões. No lançamento global, eu não gostei desse marketing gigantesco no aparelho, mas, consegui me acostumar após alguns dias com o telefone em mãos.

Polêmicas à parte, eu devo dizer que este dispositivo tem uma excelente pegada, isso devido à espessura que passou a ser de 8,1 mm, contra 8,7 mm da geração passada. O peso também contribui: agora são 176 gramas, contra 182 gramas do 7 Pro. Dessa maneira, você tem um celular com uma pegada ergonômica e muito confortável para digitar, jogar e assistir a conteúdos de streaming de vídeo.

Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Mesmo assim, ele não leva tanta vantagem quando comparado a outros intermediários premium como Redmi Note 10 Pro e o Samsung Galaxy A72, modelos que oferecem proteção contra água e poeira. O acabamento do 8 Pro é todo de plástico, tanto atrás quanto nas laterais, o material aparenta ser de boa qualidade e não risca com facilidade. A fabricante envia uma capinha na caixa que já é suficiente para proteger as laterais e as extremidades do display.

Por falar em laterais, elas abrigam os botões de liga/desliga e a gaveta de chip e cartão de memória (suportando dois cartões nano-SIM e um microSD). Na parte inferior estão a entrada padrão para fones de ouvido, alto-falante e uma conexão USB-C.

Tela e som

Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

O intermediário está equipado com um painel Super AMOLED de 6,4 polegadas com resolução Full HD+ (2400 x 1080 pixels). Curiosamente, a empresa optou por não seguir a tendência de oferecer alta taxa de atualização, que vem aparecendo cada vez mais em aparelhos dessa categoria. Mesmo assim, o Realme 8 Pro consegue um destaque no meio da concorrência — lembre-se que o Moto G60 não tem AMOLED e só ganha pontos pelos 120 Hz.

Com relação à qualidade, o Realme 8 Pro tem o que já esperamos de um AMOLED. Assim como o Redmi Note 10 Pro, o usuário terá aqui brilho forte, cores vivas e ângulos de visão decentes. Quem joga no celular ainda vai se beneficiar de um painel sem notch para uma boa imersão. Ainda assim, seria melhor se a empresa reduzisse o queixo mais saliente.

Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

A chinesa manteve o leitor de digitais sob a tela, que eu, sinceramente, não sou fã. Além de passar uma sensação de “falsa segurança”, a tecnologia neste aparelho, às vezes, é mais lenta e apresentou alguns erros de leitura durante os testes. Faz falta o tradicional leitor incorporado ao botão de liga/desliga.

O som do dispositivo é alto, porém eu esperava alto-falantes estéreos que já encontramos nos concorrentes. Mas não só nos rivais, é importante lembrar que o Realme 7 Pro tem dois falantes, jogando luz ao downgrade que esta nova geração sofreu.

Software

Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

O Realme 7 e o 7 Pro foram lançados no Brasil com o Android 10. A boa notícia é que o 8 Pro já desembarca com o Android 11 acompanhado da Realme UI 2.0. Se você já teve contato com a ColorOS, da Oppo, vai notar que ambos os sistemas são parecidos e ainda lembram a MIUI, porém a interface da Xiaomi me agrada mais. Ao ligar o telefone pela primeira vez, o usuário já encontra alguns apps próprios da fabricante, como Game Space, Realme Link e Soloop, que podem ser desinstalados facilmente.

Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Na tela inicial, você vai se deparar com uma mistura de ícones redondos e quadrados. Eu, sinceramente, não vejo isso como um problema, porque a usabilidade continua boa, mas senti falta de um espaçamento maior entre os aplicativos. Outro ponto de destaque é a customização: eu consigo facilmente alterar o tamanho dos atalhos, adicionar wallpapers dinâmicos e alterar as transições de tela.

No entanto, me incomoda o fato de a empresa não ser tão clara na hora de falar das atualizações. Na geração passada, eles até compartilharam o período em que o 7 Pro receberia o Android 11. No caso deste celular, ainda não sabemos quando o aparelho receberá os grandes updates.

Câmeras

Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

As câmeras traseiras ganharam algumas atualizações e fazem o Realme 8 Pro concorrer com o Moto G60 e o Redmi Note 10 Pro, adversários importantes na categoria. Assim como eles, o chinês traz uma câmera principal de 108 megapixels, acompanhada de uma ultrawide de 8 megapixels, macro de 2 megapixels e um sensor de profundidade de 2 megapixels para auxiliar no modo retrato. A lente de selfie teve um downgrade, passando de 32 para 16 megapixels de resolução.

Quando a iluminação é favorável, a principal entrega fotografias com excelente definição, exposição controlada e as cores são vibrantes, mas não tão intensas como no Redmi Note 10 Pro. Eu pude perceber que as imagens produzidas pelo Realme 8 Pro não têm aquele aspecto lavado, com nitidez pesada, que me incomodou nos modelos anteriores.

O sensor de profundidade tenta gerar desfoque mais natural, mas o software tem uma certa dificuldade para lidar com muita informação na cena. O modo noite do Realme 7 Pro já tinha uma boa resposta e eu senti que a nova geração manteve essa proposta. Em baixa luminosidade, dependendo do ambiente, os ruídos parecem controlados, mas se o local estiver muito escuro, a qualidade despenca.

No mesmo nível dos concorrentes, a ultrawide tem uma qualidade muito inferior. Praticamente, todo o registro fica com granulação e há um excesso de ruído nas extremidades. As sobras são escurecidas e o nível de detalhamento é completamente prejudicado. A ultrawide do Samsung Galaxy A52 leva vantagem em relação ao do 8 Pro. E sem nenhuma novidade, a macro vai decepcionar e perde feito para os rivais. A foto sai com a saturação exagerada, a nitidez não existe e pontos escuros ficam mais escurecidos.

A frontal, quando o modo de embelezamento está desativado, tira selfies com qualidade. O brilho é forte, a definição é decente e o sujeito em primeiro plano fica com o rosto natural. O modo de embelezamento vem ativado por padrão no aparelho, mas felizmente você pode desativá-lo diretamente no app de câmera, para não parecer um boneco de cera.

Hardware e bateria

Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Falemos de performance. O Snapdragon 720G que equipa o Realme 8 Pro é um bom chip, com capacidade para processar as principais tarefas do dia a dia. Entretanto, devo admitir que fiquei um pouco frustrado por ver que a chinesa simplesmente não ofereceu um upgrade — o 7 Pro tem o 720G. Pelo menos ele segue alguns concorrentes: Galaxy A52 e Galaxy A72 têm o mesmo Snapdragon. O chip da Qualcomm na unidade testada trabalha aliado a 8 GB de memória RAM e 128 GB de espaço interno.

O hardware é bem generoso e o telefone vai executar Facebook, Instagram, Twitter, YouTube e Netflix sem sinais de dificuldades. A multitarefa é boa e a alternância entre um aplicativo e outro segue satisfatória. Jogos pesados, como Asphalt 9, rodam com uma certa desenvoltura quando os detalhes estão reduzidos, mas dá para sentir alguns engasgos pontuais, geralmente em cenas complexas. Títulos mais leves trabalham com muita fluidez.

Carregador do Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Carregador do Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

A bateria ficou estacionada em 4.500 mAh; penso que a empresa poderia ter avançado para 5.000 mAh e ser mais agressiva. Eu testei a autonomia: deixei o brilho da tela no máximo, conectei ele ao Wi-Fi de 5 GHz e passei 2 horas na Netflix, 1 hora no YouTube, mais 1 hora nas redes sociais e 15 minutos pilotando no Asphalt 9. A bateria foi de 100% para 60%, resultado excelente e que coloca este Realme em vantagem em relação aos modelos citados neste review. Para alimentar a célula, a empresa disponibiliza um carregador SuperDart de 65 W (isso mesmo 65 watts), sendo suficiente para fazer o intermediário sair dos 5% e chegar aos 100% em 48 minutos, apenas.

Realme 8 Pro: vale a pena?

Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Custando R$ 2.600, o Realme 8 Pro é um aparelho de gama média que tem chances de conquistar muita gente, principalmente aquele consumidor que busca sair da Samsung ou da Motorola. Ainda que fique atrás dos concorrentes por não oferecer tela de 90 ou 120 Hz e por manter o processador da geração passada, o dispositivo não perdeu a competitividade. Afinal, ele tem Super AMOLED, câmera principal de 108 megapixels, um bom Snapdragon e um carregador rápido.

Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Realme 8 Pro (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Entre os avanços, eu percebi que as câmeras ganharam uma atenção e melhoraram. O conjunto fotográfico dos últimos telefones foi motivo de críticas nos meus reviews, em especial pelo aspecto lavado. Mesmo com o aprimoramento, a macro deveria ser melhor; tanto a Xiaomi como a Motorola já aprimoraram essa lente em seus intermediários, é bom ressaltar. Ainda nos contras, o leitor de digital na tela não me agrada pelas falhas constantes ao longo dos testes. E vamos ser sinceros: precisava mesmo do “Dare to Leap” na traseira?

Hoje, o Realme 8 Pro não seria a minha primeira opção de compra, ainda mais considerando que o Poco X3 Pro, com Snapdragon 860 e tela de 120 Hz, é vendido por R$ 1.800 (até menos em algumas lojas) e pode ser uma boa alternativa para os mais exigentes em jogos. Além do Poco, o Redmi Note 10 Pro, o Galaxy A72 e o Galaxy S20 FE, com Snapdragon 865, são outros aparelhos para você analisar antes de fechar no Realme 8 Pro.

Especificações técnicas

  • Tela: Super AMOLED de 6,4 polegadas com resolução HD+ (2400 x 1080 pixels) e taxa de amostragem de toque de 180 Hz;
  • Processador: Qualcomm Snapdragon 720G;
  • RAM: 8 GB;
  • Armazenamento interno: 128 GB (UFS 2.1);
  • Câmera frontal: 108 megapixels (f/1,88);
  • Câmeras traseiras:
    • Principal: 108 megapixels (f/1,88);
    • Ultrawide: 8 megapixels (f/2,25);
    • Profundidade: 2 megapixels (f/2,4);
    • Macro: 2 megapixels (f/2,4);
  • Bateria: 4.500 mAh com carregador rápido de 65 W;
  • Conectividade: entrada para fones de ouvido (3,5 mm), porta USB-C, 4G, Bluetooth 5.0, Wi-Fi 802.11a/b/g/n/ac e GPS;
  • Dimensões: 160,6 x 73,9 x 8,1 mm;
  • Peso: 176 gramas;

Review Realme 8 Pro

Prós

  • Conjunto fotográfico melhorou muito
  • Carregador rápido de 65 watts (!)
  • Executa as tarefas do dia a dia sem dificuldades
  • Bom painel Super AMOLED

Contras

  • Aparelho perdeu os alto-falantes estéreos
  • Nenhum avanço no hardware
  • Faltou certificação IP no design polêmico
  • Leitor de digitais sob a tela não agrada
Nota Final 8.7
Bateria
9
Câmera
9
Conectividade
9
Desempenho
8
Design
8
Software
9
Tela
9

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Darlan Helder

Ex-autor

Darlan Helder é jornalista e escreve sobre tecnologia desde 2019. Já analisou mais de 200 produtos, de smartphones e TVs a fones de ouvido e lâmpadas inteligentes. Também cobriu eventos de gigantes do setor, como Apple, Samsung, Motorola, LG, Xiaomi, Google, MediaTek, dentre outras. No Tecnoblog, foi autor entre 2020 e 2022. Ganhou menção honrosa no 15º Prêmio SAE de Jornalismo 2021 com a reportagem "Onde estão os carros autônomos que nos prometeram?", publicada no Tecnoblog.