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Essa inundação de aparelhos rodando Android só mostra que a plataforma veio efetivamente para ficar. Já temos Samsung, Motorola e Sony Ericsson, das grandes fabricantes, trazendo celulares com a plataforma do Google para cá, praticando os preços mais variados possíveis.

A Motorola é uma das que mais apostaM nessa plataforma. São diversos aparelhos já nas lojas ou anunciados para os próximos meses. Sem falar que a empresa vende o Milestone, principal concorrente do iPhone em termos de recursos. Mas esse review é sobre outro aparelho, bem mais modesto, da fabricante. Discorro abaixo sobre as minhas impressões do Motorola Flipout (MB511).

Design

Ao abrir a caixa do Flipout, a impressão que temos é de que se trata de um aparelho muito frágil. E é mesmo: eu não confiaria no plástico no qual é construído a ponto de deixá-lo cair no chão — mas o ideal é não deixar nenhum aparelho cair no chão, certo? Além disso, seu design é absolutamente incomum. Quadradão, poderia ser considerado um celular voltado para o público feminino. Mas tinha que fazer o review, então segui usando o Flipout por algumas semanas.

Visor

Imagine uma telinha pequena, bem pequena. É o que o comprador do Flipout vai levar para casa. Quem está acostumado com o visor do iPod Touch ou do Dext vai ter dificuldade de se adaptar a um espaço tão pequeno para visualizar fotos e vídeos. Mas o visor de 2,8 polegadas (resolução de 320×240 pixels) peca mesmo quando chega a hora de abrir o navegador para acessar websites. Veja por si mesmo na imagem abaixo.

Esse é o TB no navegador do Android

Mal dá para ler o que está escrito na tela! E não adianta tentar aplicar zoom, pois quando ele é acionado, acaba sendo necessário ficar deslizando a página para lá e para cá, a fim de manter o fluxo de leitura contínuo. Definitivamente o Motorola Flipout não foi pensado para quem deseja acessar a internet com frequência.

O único porém fica por conta das versões móveis de websites. Como se trata de uma formatação especial, muito mais contida no que diz respeito a grid de conteúdo, pode ser que sites com esse recurso sejam “visualizáveis” no Moto Flipout. Se não há essa opção, no entanto, o ideal é manter-se distante da conexão com a internet. Se quer um conselho, não contrate um plano de dados, pois ele será inútil — ao menos para esse fim.

E além de ser pequena, a tela do Flipout pode ser considerada verdadeiramente ruim, de baixa qualidade. Acho que pela primeira eu usei um celular cujo visor torna tão explícita a divisão entre os pixels, os pontos de luz que o compõem. Isso é incômodo, em especial depois de se acostumar ao razoável visor do iPod Touch e também depois de ter brincado com o deslumbrante visor Retina Display do iPhone 4.

Teclado

Como se trata de um aparelho que se diferencia dos concorrentes por conta do teclado QWERTY físico, não poderia deixar de falar dele. Aí está mais um dos pecados do Flipout: sua pequenez de formas prejudica o desempenho do teclado. Ao usá-lo, é preciso ter cuidado redobrado para não esbarrar acidentalmente em teclas vizinhas — e considere que eu não tenho dedos muito grandes; algumas pessoas poderiam ter ainda mais dificuldade nessa tarefa.

Algo que particularmente me incomodou no aparelho é a presença de uma espécie de divisória, feita de plástico, no meio do teclado. Aquilo é completamente desnecessário, para não dizer injustificado. Pergunto-me por que diabos a Motorola decidiu incluir esse detalhe no Flipout, que poderia ter ficado de fora.

Teclas pequenas, muito pequenas

Ponto positivo, devo dizer, são as teclinhas direcionais no canto inferior esquerdo do teclado. Elas são muito úteis quando o usuário não deseja manusear listas e menus na própria tela do aparelho. Pode ser que o Android não tenha sido projetado com esse tipo de interação em mente, mas que funciona, certamente funciona!

Android 2.1

Android 2.1 com Motoblur habilitado

Em termos de software, o Flipout é um pequeno gigante. Dentro de seu corpinho minúsculo está nada mais, nada menos do que a versão mais recente do Google Android disponível para os meros smartphones — os supersmartphones não contam, naturalmente. Por incrível que possa parecer, a experiência de uso do Android no Flipout é muito suave, gostosa de se ver. Dá gosto deslizar pelas janelas animadas do sistema, ou então correr o dedo pela tela e ver listas se movimentarem com a fluidez que se espera de uma plataforma moderna (nada da feiura do Symbian, por favor).

Isso só é possível porque o hardware do Motorola Flipout é de primeira linha. Embora o aparelho seja minúsculo, como as fotos atestam, tem no seu interior um processador da Qualcomm com 600 MHz de clock. Nada mal, pois assim a eficiência do Android 2.1 fica garantida. Mas como processamento não é tudo, tenho que dizer que o Flipout também está bem servido de memória RAM: são 512 MB.

Tendo um Motorola Dext como referência — passou pelo processo de root e atualmente está rodando o Android 2.1 também —, o que pode ser um pouco injusto, chego à conclusão de que esse aparelho efetivamente tem os componentes necessários para suportar a versão mais recente da plataforma do Google.

Entretenimento

Vídeo do YouTube

Num primeiro momento, há certo preconceito em visualizar qualquer tipo de conteúdo de entretenimento nesse aparelho. Preconceito que se confirma logo que abri a primeira galeria de fotos. Mais uma vez o tamanho prejudica o Flipout. Não sei quanto a você, mas eu gosto de ver fotos com espaço razoável para isso. Não é o acontece quando estou com o aparelho em mãos: tudo é muito pequeno e muito restrito.

Com vídeos acontece a mesma coisa. Não é possível desfrutar um bom clipe musical, acessado a partir do aplicativo nativo do YouTube para Android, na tela de 2,6 polegadas. Se você gostou do Motorola Flipout, vá em frente e adquira o aparelho. Mas esteja ciente desde já que ele não foi pensado com entretenimento em foco.

Câmera de fotos e vídeo

Em outro review publicado aqui no TB, comentei que a câmera de fotos era numa resolução muito inferior, e teve comentarista dizendo que megapixel não é sinônimo de qualidade. Pode até ser, mas tem sido difícil pegar um aparelho com uma câmera com 5 ou 6 megapixels que não tenha fotos de qualidade pelo menos boa, visualizáveis no computador e na televisão.

Dito isso, informo que o Motorola Flipout tem uma câmera de 3 megapixels. Eu fiz testes em ambientes com iluminação mais forte e também sem iluminação quase alguma. O resultado foram fotos que definitivamente decepcionam. Se o Flipout tem um foco, não é fazer fotografias.


(YouTube)

E o mesmo vale para vídeos. Como você pode ver no vídeo acima — foi enviado para o YouTube sem qualquer edição ou interferência —, falta qualidade, falta áudio decente, falta tudo. Até dá para perceber que foi feito no metrô, mas a pixelização é tão grande que, na maior parte do tempo, o que temos é uma imagem borrada que eu não teria coragem de mostrar para ninguém, a não ser para os ilustres leitores do TB. 😛

Acessórios

Até que o Motorola Flipout está bem servido em termos de acessórios que são oferecidos junto com o aparelho. Ao comprá-lo, o consumidor vai descobrir na caixa alguns itens interessantes. O primeiro deles é o fone de ouvido no padrão 3,5 mm. Sim, a Motorola aprendeu a lição e não está mais empurrando goela abaixo um padrão de áudio proprietário. Sabe aqueles fones velhos de guerra que tanto lhe agradam? Vão funcionar no Flipout.

O carregador já está adequado àquela norma — não sei se brasileira — que prevê um mesmo cabo com saída USB e adaptador para ligar na tomada. Basta carregar esse cabo consigo, que não há risco de ficar sem poder transferir arquivos entre o computador e o aparelho. Nem de ficar sem carrega-lo, claro. E, por fim, temos também um carregador veicular, que deve ser acoplado ao acendedor de cigarro do carro.

Ah, o aparelho tem três opções de traseira: preta, laranja e roxa.

Resumo da ópera

É agradável de segurar

O Flipout é um produto para um consumidor muito específico. Considerando-se que não é possível consumir mídia com ele — não com uma experiência plena e agradável —, não chega perto dos tocadores de vídeo que encontramos por aí. Da mesma forma, a câmera de qualidade duvidosa não é uma opção para quem gosta de fazer muitas fotografias.

Mesmo rodando Android 2.1, chego à conclusão que o Motorola Flipout é um celular para falar, bater papo. No máximo ser usado como MP3 player. Não pode ser considerado um smartphone.

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Thássius Veloso

Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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