Review Xperia XA Ultra: é tudo uma questão de selfie
Câmera frontal do smartphone de 6 polegadas da Sony é melhor que a traseira
Sensor de 16 megapixels, lente com abertura f/2,0 e estabilização ótica de imagem. Parece uma lista de especificações de câmera de smartphone. E realmente é, mas de uma câmera frontal, não traseira. O Xperia XA Ultra é um smartphone da Sony com tela gigante de 6 polegadas e câmera que promete selfies perfeitas mesmo em condições de baixa iluminação.
Ele chegou ao Brasil equipado com processador octa-core MediaTek Helio P10, 3 GB de RAM, preço sugerido de 2.399 reais e um design praticamente sem bordas em volta da tela. Será que é uma boa opção de compra? Eu conto neste breve review.
Design e tela
O Xperia XA Ultra é exatamente o que o nome dá a entender: um Xperia XA esticado. Ele segue as linhas do irmão de 5 polegadas, com traseira de plástico fosco, moldura cromada e quase nada de bordas em volta do painel gigante. O botão circular liga/desliga está presente, bem como o botão dedicado da câmera, tradicionais nos aparelhos da Sony. A frente, que me agrada muito, foge um pouco do design meio desgastado dos Xperia Z e X, que parecem os mesmos há cinco ou seis gerações.
Chama atenção o enorme orifício da lente da câmera frontal, ao lado do flash — parece até que inverteram a traseira com a frente do aparelho. Em contraste, a saída do alto-falante, escondida na base do aparelho, não chama nenhuma atenção, mas o tamanho engana: o som é absurdamente alto e tem excelente qualidade. Se uma das propostas do Xperia XA Ultra é consumo de conteúdo, a Sony acertou em cheio.
Quanto ao painel, estamos falando de um IPS LCD de 6 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels, com tons frios e cores que agradam. O nível de preto não vai além do padrão, mas o brilho é altíssimo, especialmente para uma tela desse tamanho. A definição, embora não pareça tão boa na ficha de especificações técnicas (são 367 pixels por polegada), é mais que suficiente para não enxergar pixels individuais.
Software
A Sony fez um bom trabalho de software na transição para o Android 6.0 Marshmallow, com telas trabalhadas e aplicativos bem desenvolvidos. A interface é a mesma do Xperia X, bem como os recursos, como o modo Stamina, que reduz o consumo de bateria ao limitar conexões móveis em segundo plano; e uma secretária eletrônica, que atende suas chamadas e grava os recados (e faz você economizar no serviço de caixa postal da operadora).
Você certamente utilizará as duas mãos para mexer no Xperia XA Ultra na maior parte do tempo, mas há alguns truques de software para facilitar o manuseio com apenas uma mão. Basta deslizar o dedo a partir do canto inferior esquerdo (ou direito) e a tela será redimensionada. Torna-se mais fácil atender chamadas (o controle deslizante fica menor), desbloquear a tela (o teclado de senha se concentra num dos lados) e acessar a central de notificações (basta tocar duas vezes no botão de início) — ainda bem, porque não há polegar que alcance o topo da tela com segurança.
Eu notei que o Xperia XA Ultra está uma versão do Android atrás do Xperia X (6.0, contra 6.0.1 do irmão mais caro). Por enquanto, isso não é nenhum grande problema, mas pode ser no futuro se você se importa muito com atualizações — historicamente, smartphones com processadores da MediaTek demoram um pouquinho mais para receber novas versões em comparação com os chips da Qualcomm. Ainda assim, a atualização para o Nougat está garantida pela Sony.
Câmera
O Xperia XA Ultra gera enormes expectativas quanto à qualidade da câmera frontal e cumpre as promessas, pelo menos na maior parte do tempo. Às vezes, o sensor de 16 megapixels não consegue lidar muito bem com fontes de iluminação atrás do sujeito, mas normalmente é possível conseguir uma selfie com baixo ruído e definição acima da média, especialmente em condições de baixa iluminação. A estabilização ótica ajuda a evitar imagens tremidas, mesmo com velocidades perigosas (1/10 segundo).
Por exemplo, esta selfie foi tirada no escuro; apenas um monitor e a tela do próprio Xperia XA Ultra estavam iluminando meu rosto.
Com o flash ligado, há um pequeno estouro de iluminação na altura da sobrancelha, mas o resultado também é bom. E quando se compara a câmera frontal do Xperia XA Ultra com uma câmera “normal”, a diferença de qualidade é notável; por ter um sensor maior, não há tanta necessidade de aplicar filtros de suavização que prejudicam a definição.
Da esquerda para a direita: Xperia XA Ultra sem flash, com flash e Galaxy S7 Edge:
A câmera traseira de 21,5 megapixels faz um trabalho decente — ela não impressiona, mas entrega fotos com qualidade satisfatória. O nível de definição é “ok” dentro da categoria, e há pouco ruído. O Xperia XA Ultra sofre um pouco em condições de baixa iluminação, por vezes suavizando demais as cenas e estourando pontos de luz, mas está dentro do que esperamos para um aparelho da Sony.
Hardware e bateria
O hardware do Xperia XA Ultra dá conta do recado, mas é um tanto limitado dentro da faixa de preço, principalmente o armazenamento, de apenas 16 GB, dos quais 9 GB já são ocupados pela Sony. Mesmo com a entrada para microSD, ele merecia uma capacidade maior — é chato ter uma tela grande se o espaço acaba só de instalar os aplicativos essenciais e dois jogos.
O processador MediaTek Helio P10, formado por oito núcleos Cortex-A53 de alta frequência (até 2,0 GHz), em conjunto com os 3 GB de RAM, faz um bom trabalho em abrir os aplicativos rapidamente e manter um multitarefa bem ágil. A GPU Mali-T860MP2, no entanto, parece subdimensionada para o Xperia XA Ultra — os gráficos nos jogos são pouco inspiradores, com falta de sombras e antialiasing. Também não é possível aproveitar jogos como Unkilled com os gráficos no máximo, já que há queda na taxa de frames e engasgos em cenas mais pesadas.
A Sony, que costumava ter um gerenciamento de energia acima da média, decepcionou no Xperia XA e não mudou no Xperia XA Ultra. Com 2.700 mAh, a autonomia do smartphone de 6 polegadas é apenas mediana e fará uma parcela relevante dos usuários conectar o aparelho ao carregador antes do final do dia — especialmente se tratando de um aparelho focado em consumo de conteúdo. Em todos os dias, cheguei em casa com a bateria no limite.
No dia de monitoramento, tirei o smartphone da tomada às 10h, ouvi streaming de música no 4G por 2 horas e naveguei na web por 1h40min, também pela rede móvel. A tela, que ficou ligada por exatamente 2h02min, estava com o brilho no automático. Às 22h45, o nível alcançou os 14%. Nessas condições, a média costuma ficar entre 25% e 40% nos concorrentes.
Conclusão
Se você considerar o hardware do Xperia XA Ultra, ele é caro demais para a categoria. O poder de processamento não impressiona, a bateria não dura tanto quanto deveria e há pouco armazenamento interno. Além disso, faltou um leitor de impressões digitais (estamos no final de 2016) e, embora ele tenha um formato bonito, o acabamento não tem nada demais em comparação com os concorrentes.
Mas o Xperia XA Ultra tem seu público — e atende bem. Para assistir a vídeos e navegar na web, a tela enorme de altíssima qualidade e o alto-falante potente contribuem muito com a experiência. Eu tenho sérias dúvidas quanto a atratividade das selfies, mas a Sony entrega isso também: se você estiver pensando num smartphone com boa câmera frontal, o Xperia XA Ultra é uma das melhores opções do mercado.
Ainda assim, não há como desconsiderar os concorrentes. A principal boa alternativa ao Xperia XA Ultra, com tela grande e câmera frontal de boa qualidade, é o Moto X Style, que entrega mais armazenamento (32 GB), bateria que dura um pouquinho mais e um acabamento mais robusto, na mesma faixa de preço. Para quem procura desempenho e câmera melhores, tem o Galaxy S6 — desde que você esteja disposto a ter uma tela menor e uma autonomia de bateria ruim para os padrões atuais.
De resto, o Xperia XA Ultra é uma opção interessante para os órfãos de outros aparelhos da linha Ultra, como os velhos Xperia Z Ultra e o Xperia T2 Ultra, que já mostram sinais de cansaço; e corrige alguns problemas do antecessor, o Xperia C5 Ultra. Não é para todo mundo, mas para quem é, pode-se dizer que é bom.
Especificações técnicas
- Bateria: 2.700 mAh;
- Câmera: 21,5 megapixels (traseira) e 16 megapixels (frontal);
- Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Bluetooth 4.1, USB 2.0, NFC, rádio FM;
- Dimensões: 164 x 79 x 8,4 mm;
- GPU: Mali-T860MP2;
- Memória externa: suporte a cartão microSD de até 200 GB;
- Memória interna: 16 GB;
- Memória RAM: 3 GB;
- Peso: 202 gramas;
- Plataforma: Android 6.0 (Marshmallow);
- Processador: octa-core MediaTek Helio P10 de 2,0 GHz;
- Sensores: acelerômetro, proximidade, bússola;
- Tela: LCD de 6 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels.