Review Motorola Xoom 2: bateria que surpreende

Bateria do tablet surpreende quem precisa usar o Xoom 2 por várias horas seguidas.

Rafael Silva
Por
• Atualizado há 11 meses
Xoom 2: widgets aos montes | Clique para ampliar

Lançado no ano passado no mercado mundial e no Brasil em março desse ano, o Xoom 2 é o sucessor do primeiro grande tablet com Android Honeycomb. O primeiro Xoom era para a plataforma Android classificado como sendo um “aparelho com experiência Google” por ter o Honeycomb na sua forma mais pura. E o Xoom 2 complementa a linha de tablets da Motorola que também tem o Xoom 2 Media Edition, que vem com uma tela menor.

As fabricantes só fazem sequências de seus produtos se eles fazem sucesso. Aparentemente o Xoom fez e por isso o Xoom 2 apareceu no mercado. Passei algumas semanas com a unidade de teste desse tablet para descobrir se ele supera o seu antecessor ou se ele sequer se esforça para tal. Leia adiante para descobrir.

Design e tela

A Motorola certamente tentou escapar do convencional com o Xoom 2, até para se diferenciar dos demais modelos no mercado e também do antecessor. Cantos não arredondados e traseira com proteção emborrachada são os dois principais itens que se destacam do tablet. Devido a essa camada emborrachada, aliás, segurá-lo com uma mão só é algo que pode ser feito sem medo dele escorregar, enquanto os outros tablets com traseira de alumínio talvez ofereçam uma superfície com menos fricção.

A traseira também é onde ficam a câmera de 5 megapixels e seu respectivo LED, os alto-falantes e os botões de ligar/desligar e de volume, que ainda estão em um lugar um pouco estranho para um tablet. A lateral ainda é uma posição melhor para esse tipo de botão, mas a Motorola não parece pensar assim. Na parte superior, os slots para cartão microSD e microSIM e na parte inferior, as saídas microUSB e microHDMI.

A tela é outro item interessante a se destacar, já que ela não só tem a proteção do Gorilla Glass como tem um ângulo de visão de até 178º. Não sei quem iria olhar para a tela do tablet com ele deitado, mas quem quiser poderá enxergar a tela sem problema. Isso é, até você tentar enxergar algo com alguma luz direcionado ao aparelho – o nível de reflexos aqui é bem alto.

Interface e navegação

Instalado no Xoom 2 está o Android 3.2 Honeycomb, que desde o ano passado já está presente em diversos tablets também. Mas diferente do primeiro Xoom, o novo modelo não é obrigado a oferecer a pura experiência do Android, então a Motorola aproveitou para colocar toda a sorte de customizações na interface. E eles se aproveitaram bem desse fato.

Aplicativos padrão e widgets: o Xoom 2 está bem servido deles | Clique para ampliar

Já de cara você vai notar widgets por toda a parte, em todas as cinco páginas iniciais do tablet. Isso é, se conseguir navegar entre as páginas iniciais. Por vezes, depois de destravar a tela, a navegação trava e vejo, logo depois,um aviso de erro do processo responsável por permitir a navegação. Foram poucas das vezes que isso aconteceu, mas cada uma delas foi bem irritante.

Tirando esse detalhe, o Xoom 2 tem uma interface amigável e fácil de navegar. O problema aparece quando você precisa digitar alguma coisa. O teclado embutido no aparelho é ruim, não tem corretor automático e por seu tamanho, acaba causando mais erros do que deveria. Felizmente o SwiftKey já oferece suporte ao Xoom 2, embora ele não venha instalado no tablet.

A navegação do browser embutido do Android foi bem o que eu já esperava. Suave em alguns sites mais leves e um pouco travada naqueles sites com mais elementos. A presença de algum item em flash também acabou travando mais do que eu gostaria. Estranhamente, não tive a mesma experiência quando usei outros navegadores como o Opera Mobile ou Firefox.

Aplicativos embutidos

Além da interface customizada, o Xoom 2 já vem com uma série de aplicativos padrão, como o leitor de e-books, o aplicativo de virtualização Citrix e outro chamado Fuze Meeting, que permite uma conferência entre várias pessoas. Tirando o leitor de e-books da Saraiva, o Xoom 2 parece ser um tablet pronto para ser integrado numa empresa – o que sustenta um pouco mais a minha teoria de que ele executa funções demais.

Sensor infravermelho na frente da câmera | Clique para ampliar

Um dos aplicativos que me foi realmente útil foi o de controle remoto, chamado Dijit que usa o sensor infravermelho embutido no Xoom 2. Ele funcionou bem com a minha TV, não demorou para encontrar a frequência certa. Mas pude contar nos dedos quantas vezes eu usei o aplicativo.

Conectividade e acessórios

O modelo que testei do Xoom 2 veio com 3G e WiFi, duas opções de conectividade que não deixaram a desejar. Usei um chip da Vivo em São Paulo e, apesar do sinal variar bastante de 3G para EDGE, ele estava relativamente constante. As poucas vezes que o vi falhar foram nos mesmos pontos em que meu celular fica sem sinal, então não há nada de muito estranho aqui. Ele também vem com Bluetooth 2.1 e como você viu aí acima, um sensor infravermelho.

A Motorola também vende teclados, docks, cases e toda a sorte de acessórios para o Xoom 2, que estendem a funcionalidade dele. Mas sorte também é algo que você vai precisar se quiser comprar algum deles no Brasil: uma breve pesquisa no catálogo online da Motorola mostrou que apenas acessórios para o primeiro Xoom estão disponíveis.

Multimídia

O Xoom 2 até executa bem a tarefa de player multimídia. E sua tela de 10.1 polegadas não é menos do que ideam para isso. Um vídeo em DivX com 480p rodou liso, mas ele ainda falha no playback de arquivos em alta definição mkv no player padrão (sem passar pelo conversor do MotoCast). Já em players de terceiros, o playback foi liso qualquer que fosse o arquivo. Aparentemente os desenvolvedores desses programas tem melhor capacidade para tirar proveito do hardware do que o próprio Android.

O player padrão de música também funcionou como esperado, conseguiu entender desde arquivos mp3 até os famigerados aac sem proteção da Apple. Esses últimos não tiveram exatamente a melhor apresentação em termos de capa de álbum, mas os mp3 foram bem apresentados.

Alto-falantes na traseira: um pecado | Clique para ampliar

No quesito multimídia, aliás, o Xoom 2 peca nos alto-falantes. Não me leve a mal: eles são bons, potentes e com um volume razoável… se você estiver com o tablet de costas. Por eles estarem virados para a traseira do tablet, o som tem que ficar bem alto para ser ouvido ao mesmo tempo que se enxerga a tela. E para compensar, não é oferecido um fone de ouvido. E sim, eu sei que quase nenhuma fabricante de tablet oferece fone de ouvido, mas na opinião deste nobre blogueiro, isso deveria mudar.

Câmeras

Com cinco megapixels na sua traseira, o Xoom 2 tira boas fotos. Dada a quantidade de luz certa, ele até captura imagens com uma boa resolução e granulação pouco perceptível. Mas senti falta de poder escolher o foco. O software da câmera é o responsável por determinar onde ela vai focar e nem sempre ela mira onde eu quero.

Mas enquanto a capacidade de tirar fotos do tablet é até aceitável, os vídeos gravados com o aparelho ficam além do esperado para uma câmera que se diz capaz de até 720p de qualidade. A qualidade não é ruim e pixelada, mas está longe de ser em alta definição que estamos acostumados a ver para vídeos em 720p. Talvez para desincentivar o uso do tablet como um aparelho para capturar fotos ou vídeo. Nesse caso, muito bem, Motorola.

https://www.youtube.com/watch?v=e3z83jIoXoo


(Vídeo no YouTube)

Bateria

Um tablet tem que ter uma boa vida de bateria, afinal de contas se fosse para ficar ligado a uma tomada, seria melhor ter gasto uma grana em um notebook. O Xoom 2 e sua bateria de 7000mAh certamente não têm esse problema. Com uso moderado do tablet, com playback de 4 vídeos de 40 minutos em definição normal, 2 horas esporádicas de navegação na web via WiFi, playback de quatro vídeos de 20 minutos Netflix e coisas menos intensas como desenhos e digitação de textos, ele aguentou dois dias seguidos, chegando ao final do segundo dia com 10% de bateria.

Já com uso intenso, incluindo playback de 2 vídeos em alta definição com mais de 2 horas de duração, 2 horas de jogos com gráficos parrudos, e acesso à web por 3G e WiFi durante 4 horas esporádicas, ele ainda se manteve em um nível aceitável: com a carga cheia às 8 da manhã, esse esquema de uso o deixou com pouco mais de 20% de bateria ao final do dia, por volta das 20h, quando o coloquei para carregar.

Carregar, aliás, é algo que infelizmente vai tomar tempo. Com a bateria zerada, o Xoom 2 demorou pouco menos de 6 horas ligado na tomada para voltar à sua capacidade completa. Ele não carrega, no entanto, por USB em um computador normal. Assim como a grande maioria dos tablets hoje em dia. Mas, assim como o longo tempo de duração, o longo tempo de carregamento também é algo esperado em uma bateria de 7000mAh.

Extras

Há também uma saída HDMI, que te permite ligar o tablet a uma TV. Mas como o cabo não está incluído no aparelho, você precisa comprá-lo a parte. Esse conector, então, serve para lembrar a você que as capacidades multimídia do Xoom 2 podem ficar ainda melhores quando ele é ligado à TV – desde que você esteja disposto a gastar mais um pouco.

O MotoCast, o programa usado pela Motorola para fazer a sincronização de aparelhos Android com PCs, também permite que um usuário acesse vídeos do tablet direto do computador. É um extra interessante, mas também consegui contar na mão quantas vezes pensei em usá-lo.

Pontos positivos

  • Tela brilhante;
  • Bateria duradoura;

Pontos negativos

  • Câmera com foco automático não-regulável;
  • Interface um pouco sobrecarregada;

Conclusão

Comparado com o primeiro Xoom, o Xoom 2 é de fato um passo à frente. O modelo que testei foi o de 32 GB com WiFi e 3G e até achei que ele tem boas opções de conectividade e um armazenamento aceitável pelo R$ 1,6 mil que custa no varejo (embora ele tenha sido lançado por R$ 1,9 mil). A câmera deixou um pouco a desejar e a falta de um fone de ouvido, particularmente para mim, foi algo negativo, mas quem não liga para esses dois itens (e sinceramente, você não deveria ligar para câmera em um tablet) vai ter um bom proveito do Xoom 2.

Xoom 2 pelas costas | Clique para ampliar

Os geeks que querem ter o Android mais recente sempre vão achar um problema no Xoom 2: a previsão de atualização para Ice Cream Sandwich é de setembro desse ano, e talvez para eles isso não é cedo o bastante para justificar a compra dele hoje. Principalmente com a concorrência prometendo tablets com o Android 4.0 aqui no Brasil bem antes disso. A Sony e Samsung, por exemplo, já lançaram os seus.

Para mim, o Xoom 2 é um bom tablet que tem boas funções mas se esforça demais em muitas delas. Eu não consegui tirar ele da caixa e imediatamente ter uma boa experiência de vídeo ou de digitação de textos – precisei instalar aplicativos de terceiros para isso. Mas quando o fiz, ele passou a agir como eu gostaria.

O Xoom 2, então, acaba sendo um tablet razoável que faz questão de lembrar que o Android inevitavelmente ainda tem alguns defeitos.

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Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

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